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quarta-feira, 29 de março de 2017

Carta a mim mesmo

Escrevo a ti hoje, como há muito não tenho feito. Parece estranho, mas tem muito tempo que não conversamos, mesmo estando tão perto, mesmo sendo um como sempre fomos desde o início, desde que "nos conhecemos".

A correria da vida, os acontecimentos imprevistos, os descuidos fizeram isso, e fazem isso acontecer. Se outrora a culpa sempre fora compartilhada, agora é unicamente minha. Não tenho olhado para dentro de mim, não tenho visto, não tenho reparado. Alegrias, tristezas... Nosso mundo que criamos há tantos anos, que expandimos aos poucos e muito pouco acessível a qualquer outra pessoa, agora está tão diferente.

Melhoramos muito, mas muito mesmo. Não apenas crescemos, amadurecemos como pessoa, através de erros e acertos que nos trouxeram até aqui. No fim apesar do silêncio entre nós estamos bem, felizes e vivendo, e isso é o que importa.

Não preciso aqui levantar questões, histórias ou que seja. Conheces cada parte do que eu poderia relatar. Aqui, escrevendo, tem sido o principal meio de nos relacionarmos, de nos sentirmos próximos, nem que seja em pensamento, na escrita e leitura, mesmo que não te manifestes.

Esse é o nosso mundo, o velho mundo de sempre e ao mesmo tempo o novo que criamos, que na maior parte das vezes só consigo acesso ao escrever. Um mundo que, não importa quem chegue, quem passe ou fique, será sempre nosso. No pensamento, no imaginar, no sonhar. Como outrora, hoje ou sempre. E por aqui, por estas linhas, textos nos comunicamos, quase que em um monólogo interno externalizado ou externo internalizado, pois não importa o mundo ao redor, somos e sempre seremos um. Desde o "início"

quarta-feira, 22 de março de 2017

Caçador de Mim

 Caçador de mim é resultado da parceria entre Sergio Magrão  e Luiz Carlos Sá, e foi gravada por diversos músicos, entre eles Milton Nascimento, Sá (compositor) & Guarabyra e 14Bis.






 Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz
Eu, caçador de mim

A vida nos molda. A cada minuto, cada bom momento, a cada emoção. Vamos vivendo, aprendendo, sendo moldados. A vida nos faz, nos molda, nos faz doces, atrozes, mansos, ferozes. Um misto de tudo, um pouco de cada. E nós somos caçadores de nós mesmos, do que somos, do que pretendemos ser, caçadores do que é melhor para nós.

Preso a canções
Entregue a paixões que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Presos a canções, a rotinas, ao nosso dia a dia... Nos entregamos a paixões da vida, desejos e sonhos, muitos que nunca alcançamos... Nos encontramos longe do nosso lugar, nosso mundo seguro, onde tudo parece-nos familiar, fácil, tolerável... Nos encontramos longe dos nosso planos, mas mesmo com as dificuldades, continuamos vivendo... Caçando nosso lugar...

Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Tão difícil, mas necessário... Esquecer o medo, encarar de frente os problemas, os caminhos adversos, fugir das armadilhas nos caminhos desconhecidos...

Longe se vai, sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim...

Sim, sonhando pode-se ir longe.  As dificuldades aparecerão, mas não podemos desistir. Onde se chega sonhando? Chega-se na busca de nós mesmos, do que somos em essência. Descobrindo o que, em meio a essa loucura toda que é nosso dia-a-dia o que nos faz sentir, o que nos toca, o que nos mantém "caçando", nos dá energia para continuar

Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim...

Sem temer, viver. A vidas nos faz assim... Por que lutar contra? Vamos descobrir o que nos faz sentir, o que nos faz menos máquinas de rotina e mais humanos... Seja um caçador do que você é.


Eu, caçador de mim....

quarta-feira, 15 de março de 2017

Aprender



Recebi esse vídeo com um belo texto, atribuído a Shakespeare. Hoje o deixo para vocês, pois ele já diz tudo...


quarta-feira, 8 de março de 2017

Quadrado

Ele era uma pessoa em um quadrado. Não sabia há quanto tempo estava no quadrado, nem quem o colocara ali. Não se importava, o quadrado era bom, era agradável, era seguro. Não se importava com as cores vivas e alegria a seu redor, ali era bom, ali era seguro!

O mundo aguçava sua curiosidade e às vezes ele saía do quadrado para olhar o sol de verdade. Mas ele não sabia o que era a verdade. De dentro do seu quadrado ele olhava tudo, conhecia tudo e não vivia nada.

Um dia algo o chamou atenção fora do quadrado e ele aceitou ficar fora um tempo, experimentar como era vida na prática, se era como ele via. E parecia bom, estava animado com quem conhecera ali, parecia melhor que qualquer previsão. E seu quadrado parecia pequeno para um mundo tão vasto que ele passava a enxergar.

Mas as coisas começaram a não acontecer como previsto, como deveria ser, pela lógica. E pouco a pouco ele percebe que seu quadrado era realmente o lugar mais seguro para si. Passa cada vez mais tempo nele, e ergue uma parede. Continua sua vida como antes, as saídas para o mundo, mas sempre ciente da segurança do quadrado, agora fortificado. Já não pensava em viver fora dele, mas agora tinha ciência melhor da vida fora dele, volta e meia arriscava uma saída um pouco maior sem se descuidar de sua fortaleza de uma parede só.

Sob a luz do sol e o cheiro da grama viu cores, cheiros, sabores e sensações. Mas não era para si, não daquela vez. Dessa vez pertencia a outro, mas isso não o fez levantar uma parede, mas tomar uma decisão precipitada: se há o que é bom para outros, para ele ter deveria ser como os outros. Ignorou as palavras que ouviu e tentou ser do mundo para o mundo ser para si. Se errara fazer do mundo fora do quadrado uma utopia de perfeição, maior erro foi tentar ser diferente para estar dentro. Esteve dentro, mas não feliz. Aguentou o quanto pode antes de voltar a segurança de seu mundo e erguer duas paredes, para nada enxergar a seu redor.

Vira o que era ruim. Contudo também experimentara o que era bom, e isso o impediu de trancar-se por completo nesse agora quase cubo. Tentou repetir a alegria de outrora, mas nada nem ninguém a igualara, nem de sonhos, nem de planos, nem de realidades. Não tinha muita margem para riscos, mais duas paredes e se fecharia por completo num cubo do qual não teria forças para romper.

Talvez nem tudo fosse bom. Talvez precisasse de tempo, nem todas as tardes seriam ensolaradas, nem as conjunções e encaixes tão perfeitos. talvez precisasse insistir. E insistiu o suficiente para não desistir, e agora o ex-quadrado era praticamente um cubo, uma caixa sem tampa em que ele ainda se sentia seguro, mas nem tanto feliz. Mas os momentos ali eram bons, eram calmos e ele lembrava do que fora aprendendo desde o início, lembrava de palavras de pessoas boas, pessoas que marcaram de alguma forma, e ajudaram-no fora dali.

Permitiu-se mais do que sonhar, permitiu-se realizar e unir-se a alguém que tinha seu próprio "cubo" e juntos fizeram  um paralelepípedo, não para viverem dentro, mas juntos repousarem da bagunça do mundo.

Dia internacional da mulher

Poderia fazer um belo texto poético homenageando as mulheres como um todo. Comum, normal previsível.

Poderia homenagear alguém especial nesse dia, mas além de ser repetitivo (já o fiz), estaria aquém do merecido. Não, dessa vez não.

Poderia criticar a existência de tal data, afirmando não dever existir um dia para homenagear quem merece homenagens diárias por tudo que representa no mundo como pessoa. Mas pareceria ranzinza e seria criticado por quem começasse ler e não fosse até o fim.

Então vou Deixo um texto, cuja autoria desconheço, mas expressa meus parabéns a todas as mulheres por este dia que foi dedicado a vocês. Vocês merecem muito mais.



"Bem aventurada a mulher que cuida do próprio perfil interior e exterior, porque a harmonia da pessoa faz mais bela a convivência humana.

Bem aventurada a mulher que, ao lado do homem, exercita a própria insubstituível responsabilidade na família, na sociedade, na história e no universo inteiro.

Bem aventurada a mulher chamada a transmitir e a guardar a vida de maneira humilde e grande. 

Bem aventurada quando nela e ao redor dela acolhe faz crescer e protege a vida.

Bem aventurada a mulher que põe a inteligência, a sensibilidade e a cultura a serviço dela, onde ela venha a ser diminuída ou deturpada.

Bem aventurada a mulher que se empenha em promover um mundo mais justo e mais humano.

Bem aventurada a mulher que, em seu caminho, encontra Cristo: escuta-O, acolhe-O, segue-O, como tantas mulheres do evangelho, e se deixa iluminar por Ele na opção de vida.

Bem aventurada a mulher que, dia após dia, com pequenos gestos, com palavras e atenções que nascem do coração, traça sendas de esperança para a humanidade."