Bola de Meia, bola de gude é, por excelência, uma música que evoca as contradições entre o mundo adulto e a infância, mas ressalta a importância da integração desse eu infantil que todos trazemos, imorredouro, dentro de todos nós.
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem prá me dar a mão
Ambos moram no seu interior: o adulto e o menino. E "toda vez que o adulto balança", perde sua confiança, sua estabilidade emocional, o menino que existe dentro de si vem lhe dar a mão, lhe lembrar das coisas simples da vida, da pureza da vida em si, a beleza pueril da vida.
Há um passado
No meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
Existe uma história, um passado feliz, lembranças boas, de dias em que os pequenos detalhes da vida bastavam para ser feliz, como um dia ensolarado para brincar. Há um passado, há ainda um sol quente, uma esperança lá no fundo de nosso ser. E toda vez que a tristeza vem, os problemas assombram "o menino" vem dar a mão, vem dar força e ajudar a lembrar.
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Nosso "menino interior" nos traz fé, nos faz acreditar em dias melhores. Nos lembra que por mais que a "bruxa assombre", ainda existem pessoas boas, ainda existe o bem no mundo, não podemos, não devemos, e pelo menos eu não quero, ser como os outros, como toda essa gente que quer "passar por cima dos outros", que quer tirar vantagens ilícitas de tudo e de todos. Gente que existe em todas as esferas sociais e de poder, desde aquele que rouba uma balinha no mercado quanto os que roubam milhões, legislando, governando e julgando em causa própria e para enriquecimento próprio. Por mais comum que tenha se tornado, sacanagem não é coisa normal.
Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Não. O solitário não quer a solidão, não quer o isolamento do mundo. Ele quer se sentir inserido no mundo, ele quer que em meio a tanta desonestidade e decepções, o bem exista, ele não se sinta o único que ainda crê em dias melhores. A tristeza vem, e o "menino" dentro dele, lhe dá a mão, lhe faz lembrar que sim que tudo pode ser melhor. Dias felizes passaram e podem retornar.
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão
E toda vez que o adulto fraqueja, toda vez que ele quer voltar a ser criança, quer buscar a felicidade que não enxerga mais, o menino dá a mão, lhe dá a força jovial e a alegria pueril para seguir em frente.
Bola
ResponderExcluirDe
Meia
Bola
De
Gude
Eu amei esse poema
Adorei
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