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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Crônicas de Mago - Capítulo 5

Houve um tempo em que meus passos eram curtos, bem menores que minha mente, que pairava sobre um longo espaço desconhecido. Sentado ou mesmo caminhando uns poucos metros, minha mente fluía de tal maneira que milhares de quilômetros poderiam ser percorridos em um espaço de tempo bem inferior ao imaginável.

Sempre fui andarilho, não é a toa que assim me chamam, mas não apenas pelos passos físicos, mas sobretudo pelo tanto que caminhei sem sair do lugar. Só quem o faz consegue entender tal coisa. Difícil explicar os meandres da mente que me permitiam isso, tal como é difícil explicar o estar só, mesmo quando acompanhado, algo comum para mim durante um tempo.

Hoje sinto que estou velho e já não consigo dar tanto passos quanto antes. Se meu corpo já não tem a mesma energia, minha mente parece acompanhar a falta de forças, e parecer ainda mais cansada.

Poderia sentar aqui e contar um monte de histórias, de vitórias, derrotas, desertos enfrentados, pessoas encontradas... Mas tudo seria uma grande falácia, porque seria um misto de verdades e ficções criadas para "ligar os pontos", que só possuem conexão em minha mente ou em mente de iguais.

Estranho usar essa expressão "mente de iguais". Dá uma falsa presunção de ser melhor que os outros, alguém mais evoluído ou algo do tipo. Na verdade, é exatamente o oposto: sou um simples andarilho, chamado de Mago, mas que não possui magia alguma além de ser um humano como outro qualquer. Talvez alguém de "mente igual" seja simplesmente alguém que compartilha da mesma loucura que eu, e nada mais.

Talvez essa loucura venha de tempos longínquos que nem eu tenho noção suficiente.  Já me disseram que sou uma "alma velha", muito vivida em muitas vidas.  Não faz parte de minha crença, prefiro pensar ser esta simplesmente uma característica de criação de meu ser: a inconformidade literal do pensamento exposto ao paradoxo da existência física do ser pensante.

Preciso retornar as caminhadas por desertos e regiões habitadas, mesmo que bem mais devagar do que outrora. Meu ser precisa disso para sobreviver e não enlouquecer. Minha alma precisa tanto quanto minha mente.

Preciso ler mais. Voltar a ler muito mais...

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Nênia por um povo ferido


Isso passou a ser um problema cíclico. Sempre em época de eleições nos vemos no dilema de quem escolher... Vereadores, prefeito, governador, deputados, senadores, presidente... Sempre o mesmo: amargurados com as notícias de quem escolhemos nos roubou, pegou o dinheiro suado de nosso trabalho apenas para suas própria benesses... "O povo que  elegeu que sofra durante meu mandato, faço um agrado antes das eleições, convenço que sou o menos ruim e continuo".- devem pensar muitos deles.

Estamos às vésperas do primeiro turno de mais uma eleição, e o sentimento que tenho é esse: farei minha parte, escolhendo o que julgo ser o melhor dentre as opções para o povo. Mantendo minha tradição, deixarei para escolher o menos ruim no segundo turno.

As opções não são boas, para nenhum dos cargos. Vendo as opções, só penso nessa música, muito bem composta pelo Pe Zezinho, scj. E peço que Deus tenha piedade de nós, e nos mande um dia pessoas melhores.








É teu povo
Que não sabe
Mais o que fazer
Já não sabe
Mais a quem seguir


Enganado, injustiçado
E sem ninguém
Confiou e foi traído
Pelos grandes


Tem piedade de nós Senhor
Tem piedade do teu povo
Confiamos e mentiram
Para nós
Manda-nos profetas
Manda gente honesta
Manda novos líderes, Senhor
Estes de agora não nos amam...
Estes de agora não nos amam...


É teu povo
Que não sabe
Mais o que esperar
Já não sabe
Mais em quem votar
Trapaceado e explorado
E sem ninguém
Confiou e foi traído
Lá nas urnas


Tem piedade de nós Senhor
Tem piedade do teu povo
Confiamos e mentiram
Para nós
Manda-nos profetas
Manda gente honesta
Manda novos líderes, Senhor
Estes de agora não nos amam...
Estes de agora não nos amam...