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quarta-feira, 24 de abril de 2019

Máquina do tempo

Se o mundo voltasse... Reviver momentos... 

Finjo não saber que o tempo passa logo, finjo para tentar conter a saudade do que já se foi.

Ah que bom seria se o tempo voltasse...

Muita coisa viveria de novo, exatamente como foi, porque foi bom. Mesmo não tendo sido exatamente como sonhado, mesmo que muitas coisas tenho sido não planejadas ( e eu sou um eterno amante de planejar) reviveria com alegria. Sorri, sonhei com mundos que não estavam a meu alcance, mas também alcancei mundos inimagináveis a priori.

Reviver os passos seja como for. Lembrar do que foi bom, mas também quero tropeçar nas mesmas pedras do caminho.

E no fim, refazer a mesma rota que meu coração traçou, as alegrias que o inundaram e as tristezas que o moldaram, para chegar onde cheguei. A alegria de encontrar sem saber e a certeza de ter encontrado o que não buscava: o caminho da felicidade. 

Transformar alguns erros em acertos? Faz parte do aprendizado não repetir erros, mas a certeza da alegria final, não me deixaria mudar a rota...

Sei que é um sonho reviver... Pura ilusão... Mas deixar a imaginação flutuar em lembranças boas nos faz sorrir. Com a alma.



*Texto baseado na música Máquina do Tempo, composta por Aggeu Marques, interpretada por Flavio Venturini em : https://www.youtube.com/watch?v=ioIG_a2bZ0w

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Mas olhe...









“Mas olhe para todos ao seu redor e veja o q temos feito de nós e a isso considerado vitória de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada.
Temos construído catedrais, e ficando do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível.
Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer “pelo menos não fui tolo” e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.
(...)”

Clarice Lispector