Sobre o tempo e o coração
Eu desejo o tempo certo
não o oposto do incerto,
mas aquele que me diz seu sim
O que sopra encantamento
mesmo que no desalento
faça-me provar o que é melhor
Que me alinhe ao momento sob a luz do entendimento que faz voltar ao pó as ilusões
Sou do tempo um resultado,
inocente ou ser culpado, não, não cabe aqui juízo algum
Bem melhor é ser presente, nunca dele ser ausente, pois ele se vai sem se despedir
Porque o tempo não se prende nas esquinas das quimeras
nem se rende à voz da imposição
Não espera os distraídos, nem perdoa os seus conflitos
e vai sem perguntar se já curou
Porque o tempo é implacável,
faz do medo um insondável,
faz ruínas, traz a escuridão
Mas o tempo desconhece, nem de longe reconhece
o poder que tem o coração
Há quem diga que a verdade cedo ou tarde nos invade
frente a frente o tempo e coração
Sem efeitos, sem disfarces, sem excesso, sem vaidade, o puro estado do que já restou
Um encontro entre as partes,
os dois lados do embate
que por fim terão que se entender
Faz a conta do que vives,
o que somas e divides
sem temer o que vais encontrar
No final há uma pergunta,
um olhar de quem escuta
que não poderás mais evitar
Deus em seu lugar de honra
no altar de tua alma vai te perguntar: foste feliz?
Pe Fábio de Melo,scj