Abri este antigo "caderno de escritos" depois de muito tempo e por um momento me surpreendi. Desde janeiro que nada escrevo aqui, nem de autoria própria, nem algo que julguei valer a pena colocar. Não foi exatamente por falta do que escrever, nem mesmo vontade. Talvez um pouco de procrastinação. Sim, deixei para depois, para depois, para depois.
Contudo, é bom retornar com algo, mesmo que pouco, mesmo que sem sentido... Esses meses não foram fáceis, porém foram de enormes aprendizados sobre o mundo ao meu redor, e como eu lido com ele. Descobri muita coisa, rompi véus que turvavam minha visão, e tomei ciência de algo muito importante: o tempo.
Não tenho a vitalidade de outrora, como diz o sábio, tenho menos anos pela frente do que os que já vivi, e tenho ciência disso. Miudezas, melindres, pequenas bobagens já não são tão objetos de minha atenção. A idade traz um pouco de sabedoria e tira um pouco da paciência com coisas menores e, no meu caso, tem aumentado com coisas um pouco mais significativas. Não me importo com o pensar alheio, cada vez menos me importo com o julgar alheio. Não posso mudar o pensamento de outrem e, na maioria dos casos, mesmo que mudasse minhas atitudes, não agradaria a todos, além de estar me moldando a opiniões nem sempre válidas.
Prefiro aprender com opiniões válidas a moldar-me para satisfazer egos inflados ou invejosos.
Aprendi a importância do olhar e o quanto isso faz diferença. A sinceridade do olho no olho está em extinção, mas ainda existe e vale investir nisso. Da mesma forma descobri como é simples desmontar mentirosos simplórios com um simples olhar no olho.
Mas há os que mentem sem desviar o olhar. Esses são os perigosos, que beiram a sociopatia, isso se não estiverem totalmente imbuídos nela. Desses apenas quero distância.
Dos sinceros, quero a proximidade. Das amizades verdadeiras quero a presença a exaustão, que deixe a saudade reconfortante, de estar próximo mesmo quando longe. Logo eu, que por anos me senti 'só mesmo quando acompanhado', por estar cercado de pessoas vazias, sem conteúdo, sem futuro.
Hoje olho para meu passado e conto nos dedos as amizades verdadeiras, desde as temporárias até as eternas. Para as temporárias, deixo sempre minha gratidão, e esperança de ter contribuído, ter ofertado tanto quanto recebi. As eternas... Ah... as eternas...
As eternas são aquelas cuja sensação é que não tiveram um início certo, parecem que vem da eternidade, e houve um momento em que reencontrei na história da minha vida no mundo. As amizades eternas me fazem crer na vida eterna, uma vida que existia antes mesmo de eu ocupar minha forma biológica, e continuará quando abandonar essa forma, independente do que haja após isso.
São poucas. Mas sinceras. E sou grato por isso.
Assim como sou grato por ter escrito um pouco hoje, compartilhado isso com quem quer que venha a ler.
E sou grato a você que está lendo.
Gratidão.
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