Matrix é um filme de 1999, que descreve um futuro distópico no qual a realidade, como percebida pela maioria dos humanos, é, na verdade, uma realidade simulada chamada "Matrix", criada por máquinas sencientes para subjugar a população humana, enquanto o calor e a atividade elétrica de seus corpos são usados como fonte de energia. O cibercriminoso e programador de computador Neo aprende esta verdade e é atraído para uma rebelião contra as máquinas, que envolve outras pessoas que foram libertadas do "mundo dos sonhos".
No filme o personagem Neo encontra Morpheus e esse dá-lhe uma escolha: manter-se na sua vida quotidiana e no seu mundo, ou saber finalmente o que é a Matrix. Neo aceita a segunda opção e toma um comprimido vermelho.
Nessa alegoria a "pílula que leva ao mundo real", que tira do "mundo de fantasia". E por vezes isso acontece com todos nós. Fatos, ou conjuntos de fatos, nos trazem a realidade, nos tiram do mundo de fantasia em que, sem perceber, vivíamos. Claro, comigo não foi diferente. Contudo, não "tomei uma pílula" e sim várias. Parece que tenho uma caixa delas e cada vez tomo uma e me aproximo mais do mundo real, me distanciando do mundo utópico de outrora.
Assim como com todo mundo, a primeira pílula que tomei foi quando criança, ao escutar uma frase que, mesmo solta, me marcou: não se pode mais viver tranquilo nesse mundo. Primeira vez que ouvi essa frase, com cerca de quatro ou cinco anos, dita por alguém que para uma criança, deveria ser capaz de enfrentar tudo sem temer, meu pai.
Daí para frente, a "vida" foi cobrando seu preço e eu tomando as "pílulas da realidade": primeira briga, a morte de alguém próximo, decepções, amigos que não eram amigos, amores que não amavam, pessoas que se aproximam por interesse, etc.
Creio que os grandes pontos chaves, de "tomar o comprimido da realidade" se resumem a fragilidade da vida (morte, doença, etc), decepções/traições (amores, amigos, familiares, etc) e a "falta de humanidade da humanidade"(violência, de todo tipo). Talvez esse último possa ser melhor escrito como "falta de amor ao próximo", sendo esse próximo qualquer pessoa, ser vivo, material ou imaterial. E isto provoca o anterior também.
Talvez alguém esteja pensando porque escrever sobre isso agora. A resposta é tão simples quanto provável de já ter sido imaginada: "tomei um comprimido" há bem pouco tempo e não sei se é possível existir realidade maior do que a que sinto. Não foi um fato, mas um conjunto de fatos que somados a todos os anteriores, me jogaram em uma realidade que não consigo expressar ou explicar. E nesse momento, todos fatos, desde os mais antigos, parecem que me voltam a mente e de alguma forma passam a fazer mais sentido, como se intenções fossem mais claras e eu não as enxergasse. E não é nada ruim, pelo contrário. Muito do que percebi tira um grande peso de culpa, tanto minha quanto de outrem. Perceber que em determinadas situações não houve culpados: as pessoas sempre agem segundo as ferramentas que possuem: conhecimento, habilidades, percepções, índole, sentimentos, etc. Admiti os erros, mas não posso mudá-los. Me perdoo por eles e aprendo com eles. Quanto aos erros que não são meus, os admitidos estão perdoados, os demais provavelmente se repetirão, então aprendi a ficar alerta, para não me abalar com eles. Mesmo assim, o que passou foi perdoado.
Espero sinceramente que este seja o penúltimo comprimido que tomei. Sim, penúltimo, pois o último é o do fim da vida.
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