Translate

sábado, 29 de maio de 2021

Estatísticas

Entrei para escrever algo, mas me perdi um pouco olhando as estatísticas de algumas publicações. Percebi que algumas têm muito pouco acesso e outras um número até considerável.

Nunca escrevi atrás de números. Tampouco tive por objetivo ter muitos leitores, assim como em qualquer rede social, não almejo muitos seguidores. Não critico (mais) quem gosta disso, apenas não me identifico com essa necessidade.

Escrevo o que me vem, o que penso e às vezes acontece de agradar alguém. E não nego, me sinto bem quando o que escrevo chega até alguém e agrada, ajuda, faz pensar. Isso dá um novo ar para meus textos, uma nova utilidade para eles, mesmo que não imaginado inicialmente.


Não sei o que faz ou não você entrar aqui, mesmo que esporadicamente, e ler algo. Contudo, gostaria muito de saber, afinal o que escrevo é para mim, mas também para você que lê. Deixe seu comentário, seu pedido, sua opinião. Vamos fazer desse um espaço de ideias compartilhadas, não apenas minhas, mas de todos os talvez 4 a 6 leitores habituais.

Gratidão por passar por aqui.

sábado, 22 de maio de 2021

Como é por dentro outra pessoa – Fernando Pessoa


O que somos, quem somos? Tantas vezes julgamos os atos de outrem, sem fazer ideia do que se passa com ela. Julgamos pela nossa perspectiva, nosso entendimento, e tantas vezes mencionamos: "Ah! Se fosse eu faria diferente." Mas, diferimos e por mais que suponhamos nunca saberemos como é estar no lugar do outro. Convivemos, como diz o poeta, em um desentendimento fluido, com igualdades e diferenças. Mas nunca saberemos como é ser o outro. E isso é bom... Enlouquecedor seria saber, quando, na verdade, passamos toda uma vida para saber como ser nós mesmos.

Trago um texto de Fernando Pessoa, na belíssima declamação do saudoso Antônio Abujamra.

sábado, 8 de maio de 2021

Fresta na casca

 Quereria contar tudo. Há tanto que ainda não mencionei. 

Mas tenho medo. Tive medo. Assim como você também o tem. O receio de se mostrar ao mundo, de demostrar alguma fraqueza. Somos criados para parecer fortes diante do mundo e com isso vamos criando uma carapaça dura e intransponível. E de tanto tentar segurar essa carapaça externa, vamos ficando fracos por dentro, sem forças para prosseguir. Nesse ponto, os caminhos são diversos: alguns buscam ajuda profissional, terapia, remédios e afins. Outros começam a derrubar a carapaça e mostrar ao mundo o que são, abandonando (ou não) o medo de represálias e julgamentos. Outros ainda se "encolhem" tanto que assumem a "personalidade externa" ignorando quem são de fato. Por último, há quem não aguente e adoeça irreversivelmente.

O mundo nos empurra a ficarmos dentro desta casca que criamos, nos incentiva a mantê-la, por mais sufocante que seja. Por vezes, e por uma benção divina, conseguimos uma "válvula de escape", alguém que encontra gradualmente uma fresta em nossa casca, e descobre quem realmente somos, como realmente somos. 

Isso é bom, muito bom mesmo. Alivia a pressão, alivia a tensão, nos faz relaxar nos deixa bem. Porém, a princípio, também dá um certo medo. Medo do exagero, medo de até onde permitir-se conhecer, o quanto e quando permitir que entrem em nosso "infinito particular", como sabiamente diz Marisa Monte em uma música. Por isso, ainda tenho muito a contar, assim como creio que também tenhas. Tanto que pouquíssimos sabem, ou mesmo ninguém sabe, talvez nem nós mesmos. 

É preciso coragem para seguir, para viver e não apenas estar vivo. É preciso coragem para sermos nós mesmos. Coragem não é a ausência total de medo, isso é imprudência. Coragem é não se deixar deter pelo medo, e mesmo com ele seguir, tentar, acertar, errar e continuar.

Sou grato por estar aqui, sou grato por você que lê e agora me conhece um pouco mais, através dessa "fresta em minha casca" que se chama escrever.