Quereria contar tudo. Há tanto que ainda não mencionei.
Mas tenho medo. Tive medo. Assim como você também o tem. O receio de se mostrar ao mundo, de demostrar alguma fraqueza. Somos criados para parecer fortes diante do mundo e com isso vamos criando uma carapaça dura e intransponível. E de tanto tentar segurar essa carapaça externa, vamos ficando fracos por dentro, sem forças para prosseguir. Nesse ponto, os caminhos são diversos: alguns buscam ajuda profissional, terapia, remédios e afins. Outros começam a derrubar a carapaça e mostrar ao mundo o que são, abandonando (ou não) o medo de represálias e julgamentos. Outros ainda se "encolhem" tanto que assumem a "personalidade externa" ignorando quem são de fato. Por último, há quem não aguente e adoeça irreversivelmente.
O mundo nos empurra a ficarmos dentro desta casca que criamos, nos incentiva a mantê-la, por mais sufocante que seja. Por vezes, e por uma benção divina, conseguimos uma "válvula de escape", alguém que encontra gradualmente uma fresta em nossa casca, e descobre quem realmente somos, como realmente somos.
Isso é bom, muito bom mesmo. Alivia a pressão, alivia a tensão, nos faz relaxar nos deixa bem. Porém, a princípio, também dá um certo medo. Medo do exagero, medo de até onde permitir-se conhecer, o quanto e quando permitir que entrem em nosso "infinito particular", como sabiamente diz Marisa Monte em uma música. Por isso, ainda tenho muito a contar, assim como creio que também tenhas. Tanto que pouquíssimos sabem, ou mesmo ninguém sabe, talvez nem nós mesmos.
É preciso coragem para seguir, para viver e não apenas estar vivo. É preciso coragem para sermos nós mesmos. Coragem não é a ausência total de medo, isso é imprudência. Coragem é não se deixar deter pelo medo, e mesmo com ele seguir, tentar, acertar, errar e continuar.
Sou grato por estar aqui, sou grato por você que lê e agora me conhece um pouco mais, através dessa "fresta em minha casca" que se chama escrever.
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