Sempre quis acreditar que somos seres em constante evolução
e, ao longo de meus dias, tive mais certeza disso.
Com certeza, hoje já não sou o mesmo que era há décadas,
anos, semanas. Mudei minha forma de pensar sobre muitas coisas, abandonei
velhos hábitos, “vícios” e pensamentos, e, é claro, adquiri tantos outros. E
nada seria mais correto que mudar meus pensamentos e percepções.
Nasci antes dos anos 90, o que me faz de uma geração que
viveu e conviveu com uma série de coisas que hoje seriam consideradas absurdo.
Foi uma época sem limites, sem censuras ou noção. Os programas humorísticos
abusavam de piadas envolvendo religião, cor de pele, identificação sexual,
xenofobia e todo tipo de coisa que hoje enxerga-se como preconceito. Os
programas de auditório buscavam ganhar audiência com pessoas seminuas se digladiando
em uma banheira para pegar sabonetes, ou outros tipos de exposição tanto de
imagem quanto de palavras. Crianças cantavam junto quando vocalista cantava da
suruba que lhe passaram a mão na bunda, mas ele não “comeu ninguém”, ou sobre
valer tudo, só não vale dançar homem com homem e nem mulher com mulher, o resto vale.
Não há pessoa que tenha vivido nessa época que hoje não seja
ao menos um preconceituoso em desconstrução. Nunca discriminei pessoas por
qualquer característica individual dela, mas estava imbuído nessa atmosfera que
tratava com naturalidade determinadas situações, manifestações ou humor. E,
para mim, ainda hoje existe uma linha muito tênue entre o aceitável e o
ofensivo. Aos “olhos atuais” passei por vezes pelo que hoje chamam de “bullying”,
mas que na época era situação normal de intimidação a ser vencida com inteligência,
e piadas a serem retribuídas.
Mudei meu pensamento (e continuo mudando) em relação à religião e religiões. Tenho ciência que há uma distância entre o que são
doutrinas humanas e o que deve ser inspiração Divina. E isso em relação a
qualquer doutrina que exista. Sigo uma, simpatizo com outra e respeito todas.
Acredito que todas têm o seu valor e também seus defeitos, pois independente da
religião, todas possuem um elemento muito falho e sujeito a distorcer o que é o
correto: o ser humano.
No fim, sou fruto dos erros e acertos que me trouxeram até
aqui, do que assimilei de bom e ruim, e do que busco filtrar. Creio que só de
identificar o bom e ruim que assimilei, é um avanço, pois ao contrário
do que alguns “imutáveis” dizem, nem tudo é “mimimi”. Nem tudo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Caro leitor, fique a vontade para dar sua opinião: