Talvez o mais exato seja que ela retrata uma fase de minha vida em que tudo que eu queria era me isolar do mundo, e nessa tentativa muitas atitudes minhas eram mal interpretadas. Bem, vou comentar ao decorrer da música, estrofe por estrofe.
Acho que você não percebeu
Que o meu sorriso era sincero
Sou tão cínico às vezes
Tentar parecer frio, as atitudes a meu redor, independente de qualquer pessoa ou sentimento. Me pergunto às vezes quantos sorrisos sinceros eu dei sem que ninguém percebesse.
O tempo todo
Estou tentando me defender
Esse é um costume que eu tinha e fui perdendo aos poucos: a culpa eterna. Creio que era um certo egocentrismo de minha parte também, procurando me defender sem ter culpa, às vezes sem que houvesse de fato um culpado, e em alguns casos, assumindo a culpa por algo que não fiz.
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância
Esperando por um pouco de afeição
Esse é um ponto que concordo e muito. O mal do século é a solidão. Abandonamos o convívio humano, as conversas por trocas de mensagens por telefone, computador e afins. Perdemos o contato, e muitos tem mais amigos virtuais nas redes sociais que amigos de verdade, que nos tem verdadeiro apreço. Não creio que esse distanciamento das pessoas seja unicamente por comodidade não. Em alguns casos, em parte é arrogância de achar que não precisa do velho contato, outras vezes o medo de não agradar, o medo de não ter o tempo de reler e apagar a mensagem antes de enviar. Mas algo em nós não mudou: a busca por afeição. Em meus tempos "isolados" não era diferente, tinha medo, receio, e arrogância de crer que, mesmo me fechando cada vez mais, alguém poderia encontrar-me no casulo em que me fechara.
Hoje não estava nada bem
Mas a tempestade me distrai
Gosto dos pingos de chuva
Dos relâmpagos e dos trovões
Tive dias ruins, assim como todos, e ainda os tenho, onde por mais sol que esteja do lado de fora, uma tempestade agitasse dentro de nós. E nesses dias, não sei, talvez por achar mais agradável o "mundo externo" parecido com meu "mundo interno", gosto mesmo de olhar a chuva, os raios, sentir a brisa molhada da chuva.
Hoje à tarde foi um dia bom
Saí prá caminhar com meu pai
Conversamos sobre coisas da vida
E tivemos um momento de paz
Caminhar... Sempre me fez bem caminhar, seja acompanhado conversando, ou sozinho. Caminhar me faz pensar, colocar as ideias, pensamentos, conclusões todas no seu devido lugar. Caminhar sempre me deixou em paz, comigo e com o mundo... Sempre foram meus momentos de maior paz.
É de noite que tudo faz sentido
No silêncio eu não ouço meus gritos
Noite. Mais que a ausência do sol no fim do dia. A noite da alma, onde a luz, o movimento, a agitação. Nesse silencio, tudo faz sentido, os pensamentos podem se realocar, e seus próprios gritos se calam, e no sono, não simples sono físico, mas o sono espiritual, a paz impera, domina.
E o que disserem
Meu pai sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Minha mãe sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim
E o que disserem
Agora meu filho espera por mim
Esses versos concluem com sabedoria toda reflexão que esta música pode trazer. Não importa o que se pense, o que se diga: o mundo deve seguir adiante. Nossos pais o fizeram, esperando que nós também o fizéssemos, que aprendêssemos a seguir adiante, assim como algumas pessoas que cruzaram nosso caminho, e mesmo que não tenhamos percebido ou valorizado são nossos verdadeiros amigos. E o futuro, nossos filhos (ou não), os descendentes desse mundo esperam por nós.
Estamos vivendo
E o que disserem os nossos dias serão para sempre
Esse é um ponto importante. Problemas surgem, passamos por momentos diversos, alegres e tristes, mas estamos vivendo. Hoje eu sei, existe um mundo ao nosso redor, vivemos nele, ele seguirá adiante e nós também seguiremos. Como nossos antepassados fizeram, e nossos descendentes o farão. Até que o mundo acabe.
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