Sem trabalho eu não sou nada
Não tenho dignidade
Não sinto o meu valor
Não tenho identidade
A realidade do mundo, a realidade do povo. O trabalho, necessário para conseguir sobreviver, necessário para ganhar um suado dinheiro para se sustentar. Mais que isso, em uma sociedade tão competitiva como a nossa, o trabalhar vai além de ser "um ganha-pão", passa a ser status, passa a ser a própria identidade da pessoa. Dependendo de qual é sua profissão, de onde você trabalha, as pessoas lhe olham diferenciado, lhe tratam melhor ou pior. Certas vezes o trabalho não "dignifica o homem" e sim o corrompe: o falso poder sobe a cabeça, e alguns se acham melhores que outros.
Mas o que eu tenho
É só um emprego
E um salário miserável
Eu tenho o meu ofício
Que me cansa de verdade
Tem gente que não tem nada
E outros que tem mais do que precisam
Tem gente que não quer saber de trabalhar
Enquanto a maioria das pessoas trabalham arduamente por um salário miserável que mal dá para sobreviver, se prepara para exercer seu ofício, aprendendo, estudando, se aprimorando, outros não querem saber de trabalhar, querem dinheiro fácil às custas de quem realmente dá seu suor e esforço para conseguir. Isso é o que cansa de verdade: as desigualdades, os roubos, assaltos e roubalheiras.
Mas quando chega o fim do dia
Eu só penso em descansar
E voltar p'rá casa pros teus braços
Quem sabe esquecer um pouco
De todo o meu cansaço
Nossa vida não é boa
E nem podemos reclamar
E ao fim de cada dia, o único momento de alegria que muitos tem: voltar para casa, para sua família, tentar esquecer um pouco tantos problemas, tantas injustiças. Diante de tantos problemas, a ignorância seria uma dádiva, pois perceber que a vida não é boa e saber que não nos deixam nem reclamar, é algo ainda mais desanimador...
Sei que existe injustiça
Eu sei o que acontece
Tenho medo da polícia
Eu sei o que acontece
Se você não segue as ordens
Se você não obedece
E não suporta o sofrimento
Está destinado a miséria
Mas isso eu não aceito
Eu sei o que acontece
Mas isso eu não aceito
Eu sei o que acontece
Ah! Santa ignorância que querem nos impor e não a temos! Sabemos da injustiça, resolvemos que precisamos fazer algo para mudar, e passamos a ser os foras-da-lei! Se não seguirmos as "regras", se não aceitamos desvio de verbas, não aceitamos a violência, a falta de escolas e segurança, a polícia que devia proteger é posta contra quem se manifesta, mesmo quando pacificamente. Não foi isso o que vimos? Se você discorda, está destinado a miséria. Se você não aceita o esquema, não aceita o que a própria mídia quer lhe impor você é taxado de intolerante, desumano, você passa a ser o criminoso. Acha exagero essa afirmação? Experimente balear um bandido que invada a sua casa, ou bater em um pivete que tentou lhe assaltar com um canivete. Ele passa a ser "vítima da sociedade" e você o agressor...
Quando chega o fim do dia
Eu só penso em descansar
E voltar p'rá casa pros teus braços
Quem sabe esquecer um pouco
Do pouco que não temos
Quem sabe esquecer um pouco
De tudo que não sabemos
No "fim do dia", no fim de tudo, o que queremos é apenas poder descansar. Chegar tranquilamente em nossas casas, sem medo, sem receio. Tudo que queremos é apenas um dia poder esquecer que todas essas injustiças existem, poder viver nossas vidas sem preocupação com tanta coisa errada. Por enquanto, vivemos o sonho de tentar nos distrair para não enlouquecer, seguindo o exemplo de nossos governantes: fingindo que não sabemos de nada.
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