Dizem que só valorizamos algo quando perdemos e comigo não foi muito diferente nem continua sendo diferente. Pequenas "surpresas" desagradáveis, pequenos e consistentes problemas de saúde que venho tendo nos últimos anos tem me ensinado o valor de cada mísero grão de arroz que coloco em minha boca, tamanha a limitação, para algumas coisas periódicas, tantas outras permanentes, que venho tendo.
Ao longo desse caminho passei por algumas fases até chegar onde estou hoje. Tive um longo tempo em que não sabia o que me fazia mal, nem qual era meu mal, pulando de médico em médico sem nenhum solução. Em resumo, fui a um primeiro que talvez um dia acertasse, mas todo remédio que me passava me fazia sentir ainda pior. O segundo, otimista demais, dizia que tudo que me receitava ia me fazer melhorar. O problema era que estava tratando algo que eu (ainda) não tinha e de tanto tratar o que eu não tinha, acabou agravando o que eu já tinha e me arrumando nova enfermidade.
Passada essa época "tenebrosa", finalmente fui a um médico que não apenas começou a tratar o que eu tinha como também disse abertamente que o monte de coisa que tomei erroneamente acabou com meu estômago. Vida que segue, passei por um período de aceitação de minhas limitações, inclusive do constante controle que eu teria de ter e as possíveis crises eventuais. Nunca questionei "por que eu". Sempre digo que tudo é consequencia de nossas escolhas, e foi escolha minha me manter em um médico ou em outro pelo tempo que fiquei, assim como hoje é escolha minha comer algo que pode (ou não) me fazer mal, porque no fim mesmo mantendo uma alimentação saudável, o que não me fez mal hoje pode me dar algum desconforto em outra ocasião. É conviver.
Passar da aceitação ao hábito foi algo necessário. Valorizo cada coisa que eu como porque é o que eu posso comer. Fico privado de coisas que eu gosto muitas vezes, mas fico feliz porque um dia eu pude comer. Hoje fico apenas com vontade de dizer para pessoa: aproveite. Sem inveja, sem tristeza.
Porém também, certas vezes ando pela rua, e vejo como o real respeito pelo próximo é uma utopia, algo inalcançável. As pessoas não respeitam nem a si próprias, não respeitam sua própria saúde, como podem respeitar os outros? Gente fumando, comendo porcarias que só fazem mal a saúde, muitas vezes que já estão contaminadas, sendo vendidas sem as mínimas condições pelas calçadas. E essas pessoas seguem suas vidas como se fossem as mais saudáveis do mundo. Dessas, eu admito, tenho inveja. Sim, porque se eu pudesse ter uma vida dessas, comendo qualquer coisa sem nenhum efeito adverso, eu teria uma alimentação saudável como tenho hoje, mas com a certeza de não passar mal, afinal se o cara não passa mal poluindo seu corpo, imagina se não o fizesse.
Esse é apenas um exemplo de valorizar pequenas coisas, pequenos atos do dia a dia que não damos conta até o momento em que passam a influenciar nossa vida de forma significativa. Valorize sua vida, valorize o que você come, o ar que você respira, o sol, a chuva, as palavras que lhe são dirigidas, mesmo as mais rudes e duras. Valorize as palavras que saem de sua boca também. Valorize a si, e valorize quem está a seu redor.
A vida pode ser difícil mas nas pequenas coisas, pode valer a pena.
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