Certas vezes, algumas ocasiões em nossas vidas nos fazem pensar um pouco. Olhamos o passado, o presente, e de alguma forma tentamos enxergar o futuro.
Em uma ocasião dessas, olhei para trás e percebi que eu já não era mais o mesmo. Se mudei em alguns aspectos para melhor, em outros não gosto tanto do que fui me tornando: apto para o mundo de hoje, inapto para o mundo que eu gostaria que existisse.
Nesse momento, me lembro de algo que aprendi nos tempos de escola, nas aulas de histórias sobre o iluminismo, a teoria de um filósofo francês chamado Rosseau. A teoria do bom selvagem.
“A teoria do bom selvagem”, de Jean Jaques Rosseau surgiu em 1755, e diz que o homem por natureza é bom, nasceu livre, mas sua maldade advém da sociedade que em sua presunçosa organização não só permite, mas impõem a servidão, a escravidão, a tirania e inúmeras outras leis que privilegiam as elites dominantes em detrimento dos mais fracos firmando assim a desigualdade entre os homens, enquanto seres que vivem em sociedade.
Me sinto o bom selvagem, que foi modificado, estragado pela sociedade corrompedora e vil. Não que me ache uma pessoa má, alguém ruim, sinto ser bom em diversos aspectos, mas se melhorei em algumas coisas com o passar dos anos, em outros aspectos me tornei mais amargo e descrente de melhoras no mundo.
Deixei de lado toda fé que tinha na humanidade como um todo, invertendo a ideia da existência de uma minoria ruim no meio de uma maioria que só quer o bem. Hoje acredito em uma minoria que conhece o caminho certo, que pratica o bem verdadeiramente, em meio a uma imensidão de pessoas que se perdem entre serem más e outras que se deixam influenciar pela maioria. Criei um sentimento de repulsa ao que é ruim, muito maior do que sentimento de compreensão do porquê.
Perdi totalmente a paciência com pessoas que não conhecem a si mesmas, que mudam de opinião conforme a moda, que não procuram entender as ideias que defendem, muito menos entender os argumentos de quem pensa diferente. Não suporto mais quem ora está sorrindo contigo, ora apunhala-te pelas costas.
Perdi a paciência com pessoas que criam preconceitos na desculpa de combatê-los. Pessoas que segregam o que sempre foi unido, mesmo que na base da brincadeira com as diferenças de iguais. Em vez de garantir educação e emprego para todos, criam cotas para separar a sociedade em parcelas distintas de pessoas iguais. E criam cotas e leis segundo tom de pele, gênero e gostos, em vez de simplesmente garantir que todos sejam tratados iguais.
As autoridades, que deviam zelar pelo bem estar do povo ( e que são pagas, e bem pagas para isso) roubam descaradamente enquanto saímos de casa sem saber se conseguiremos voltar, tamanha insegurança. Nossas vidas são constantemente ameaçadas pela violência, crescente e cada dia mais presente em cada passo que damos. Já não olhamos com simpatia para as pessoas que passam por nós na rua, em vez disso olhamos com desconfiança, pois o crime não tem rosto ou vestimenta. Foi-se o tempo da premissa que todos são inocentes até provarem o contrário. Agora todos são culpados, até que provem que são gente de bem.
Felizes são as crianças, que por sua inocência ainda não enxergam o mundo como ele é atualmente. E infelizmente até isso estão querendo tirar das crianças, empurrando ensinamento nas escolas de cartilhas de conteúdo sexual, ensinamentos políticos,exposição constante de músicas e programas cheios de conteúdos eróticos etc.
Mesmo assim, mesmo não sendo o "bom selvagem" paciente e crédulo que eu fora, ainda sonho com dias melhores. Sonhos cada dia mais distantes, que já não acredito que verei, mas quem viver verá, e lembrará de minhas palavras de tristeza pelo hoje, e de saudade pelo ontem, e de dúvida pelo amanhã.
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