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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Novo mundo - Capítulo I

O início dessa história começa em:

http://erranteescritor.blogspot.com/2015/10/novo-mundo-prologo.html


Ficou um longo tempo parada, olhando para tela sem nada escrever. Como criar um personagem? Ela estava acostumada a ser sincera, não era fácil para ela se passar por outra pessoa e conseguir manter uma conversa assim, mesmo que não estivesse olhando para outra pessoa.

Começou pensando em um nome, afinal isso facilitaria a história. Olhou para seu quarto e viu um cartaz de filme. Léia, como no filme Star Wars. Qualquer depois era só inventar que foi um apelido de infância, mesmo fisicamente ela nunca ter se parecido com a atriz do filme. Diria que era por causa do cabelo, arrumaria uma desculpa se preciso.

Entrou numa sala de bate papo e inicialmente se sentiu pouco a vontade. Muitas pessoas, algumas puxando assuntos bizarros, homens com cantadinhas baratas, parecia o mundo real sem a vergonha da aproximação. Começou a rir, e sentiu-se bem, afinal podia rir a vontade sem medo de ofender quem estava conversando com ela. E foi passando de sala em sala, de tem a tema e percebeu quão amplo era aquele mundo. Quantos eram personagens? Quantos falavam alguma verdade? Ela escondera seu nome, as características de sua real aparência, mas não conseguia esconder muito mais. Estava acostumada a ser sincera, e para ela não era fácil mentir descaradamente.

Resolveu criar uma conta em um aplicativo de mensagens, assim poderia estender a conversa com alguém que fosse mais interessante pelo tempo que quisesse. Quando não quisesse mais, bloqueava, excluía e pronto. Sentia-se totalmente dona da personagem que criara e do mundo em que Léia se inseria cada vez mais. Buscou na internet fotos que se fossem um pouco parecidas consigo, assim conseguiria manter sua personagem melhor se essa tivesse um rosto e ela se identificasse com a aparência.

Com o tempo, Léia tinha uma vida própria, fotos, uma história bem elaborada, uma vida e alguns "amigos", os quais nunca veria. Mas que diferença faria isso? É provável que muitas daquelas pessoas nem existissem também. Mesmo assim, não conseguia deixar de se sensibilizar quando começava a conversar com alguém que tinha problemas. Era incrível a quantidade de gente que usa essas salas de bate papo para desabafar, como se fosse um consultório on line de terapia.

Ela adorava ajudar. Ouvia, aconselhava, se sensibilizava, muitas vezes tomava as dores de alguém que mal conhecia, mas que precisava conversar. E não muito diferente do que costumava fazer fora daquele novo mundo que criara, diversas vezes abria mão de sua vida para ajudar alguém que precisava. As "duas" agora muitas vezes se dedicavam a ajudar: ela no mundo real e Léia no mundo virtual.

Mas assim como no mundo real muitas pessoas se aproximavam quando precisavam de algo, e depois, se afastavam quando conseguiam ou quando percebiam que ela não era uma aventureira em busca de prazer.

Certo dia, depois de terminar uma série de relatórios de vendas, resolve que é hora de Léia trabalhar um pouco também. Entra no chat e começa a conversar com alguém que com o tempo mudaria sua história, sua via, sem que ela se desse conta disso...

Continua







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