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Depois de mais de vinte minutos de tentativas, o coração voltou a bater e se estabilizou. Os médicos saíram do quarto com um certo olhar de tristeza, sabiam que depois de tanto tempo, um dano cerebral poderia ter ocorrido e seria irreversível.
O médico chefe se aproximou dos irmãos e contou toda a verdade: o coração batia, mas não sabia a que preço. Ela estava agora totalmente ligada a aparelhos, que a mantinham viva, mas talvez o cérebro tivesse tido danos. Era difícil explicar, o acidente não fora assim tão grave. Parecia apenas que ela desistira de viver, e em breve os irmãos teriam que tomar a cruel decisão: a deixar vivendo por aparelhos e esperar um milagre, ou desligar e deixar que ela se vá de vez.
Em algum lugar, na mente ou em outro lugar qualquer que exista, Fernanda sente uma sensação de paz, como nunca sentira. Tudo está claro, e nada enxerga além de uma imagem dela mesma que lhe dizia:
- Sempre estive em ti e contigo, sentindo o que sentias, vivendo o que vivias. E agora novamente somos uma.
E caminhavam sorrindo por um caminho que não existia...
Do outro lado da cidade, Paulo ainda esperava uma ligação que jamais receberia, enquanto terminava de escrever um torpedo que nunca chegaria até o telefone de Fernanda, agora destruído e esquecido após o acidente. No texto dizia o mesmo que escrevera no email que enviara dias atrás que agora jazia perdido na caixa de entrada de alguém que não verá:
"Fernanda, Léia ou qualquer seja teu nome, verdadeiro rosto ou história. Criamos nossa própria história e nela meu carinho e respeito por ti serão eternos e são maiores do que o perdão que seria necessário. Tens ambos se o quiseres e aceitares."
Fim???
E assim termina essa história que durou longas semanas, entre descobertas pessoais, do mundo ao redor, da vida.
Mas será mesmo o fim? Fernanda morreu ou acordou do coma? Ela estava sonhando ou seguindo para "a outra vida"? A irmã estava com ela ou tudo não passou de coincidência de nomes?
Deixarei as respostas por conta de vocês leitores, porque assim deve ser.Era um amor belo, que começou despretensioso, passou a promissor e no fim, a vida seguiu seu rumo.
A vida real nem sempre tem finais felizes ou cinematográficos como na ficção. Nem todos as amores dão certo, assim como nem todos dão errados, pois tudo na vida são escolhas, e cada uma pode mudar radicalmente o rumo das pessoas. O amor pode tudo, mas é preciso que seja alimentado de ambos os lados, senão perde seu sentido, e sua motivação.
Muitos podem estar perguntando de onde veio a inspiração para tudo isso. Foi um misto de programa de TV (Catfish-MTV), filmes (como "Outro eu") e um tiquinho de experiência pessoal.
Sim, passei por um caso de "Catfish", só que agi diferente de meu personagem, e o fim, graças a Deus, foi bem diferente. Até onde me consta meu caso foi só em relação a imagem. Desconfiava quando fotos semelhantes, porém não iguais eram me enviadas da mesma pessoa. Me inspirei no programa da TV e descobri que nenhuma das fotos correspondia à pessoa. Não confrontei, apenas esperei que a verdade me fosse dita o que ocorreu muito tempo depois da minha descoberta.
Esses casos são ruins de se viver, porque você passa a questionar toda a verdade passada, e devo confessar que meu caso teve muitos agravantes que só fizeram real sentido quando a verdade foi revelada.
No fim esses capítulos possuem uma razão: os perigos de viver uma mentira e acabar se perdendo nela. No fim, a verdade, mesmo que tardia, é o melhor caminho. Sempre
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