Diga adeus e atravesse a rua
Voamos alto depois das duas
Mas as cervejas acabaram e os cigarros também
Cuidado com a coisa coisando por aí
A coisa coisa sempre e também coisa por aqui
Sequestra o seu resgate, envenena a sua atenção
É verbo e substantivo/adjetivo e palavrão
Lembranças das farras e festas. Atravessar a rua, deixar por um momento a rotina do outro lado e curtir a madruga, bebendo, fumando, interagindo com as pessoas, com o mundo fora da vida habitual. Lembra da própria rotina de vida que tinha anos atrás com os amigos. Mas essa vida "alternativa" e descontraída tem seus perigos: "a coisa coisando por aqui". O que seria isso? Talvez as doenças a que estão sujeitos aqueles que se jogam na vida sem cuidado, a própria Aids que acabou contraindo: sequestra, envenena a atenção, é um verbo (ela transmite), substantivo (é uma doença), adjetivo (aqueles que tem AIDS ficam marcados) e palavrão (a palavra como tabu).
E o carinha do rádio não quer calar a boca
E quer o meu dinheiro e as minhas opiniões
Ora, se você quiser se divertir
Invente suas próprias canções
O carinha do rádio, as gravadoras, sempre querendo mais e mais músicas, sempre querendo que ele gere mais lucro, mais dinheiro em cima de suas letras, de suas opiniões. E ele já está cansado de tentar agradar a todos, e esquecer de si próprio.
Será que existe vida em Marte?
Janelas de hotéis
Garagens vazias
Fronteiras
Granadas
Lençóis
E existem muitos formatos
Que só têm verniz e não tem invenção
E tudo aquilo contra o que sempre lutam
É exatamente tudo aquilo o que eles são
Essa é a parte reflexiva da música, e podemos ter duas ideias distintas de seu significado.
Marte pode ser a própria vida após a morte. O que será que existe? Um mundo similar ao nosso? Ou o simples vazio? Existem muitas teorias, muitos formatos de ideias que nada mais são que coisas envernizadas (disfarçadas) da mesma ideia. E no fim, religiosos de várias fés lutam para defender contra a visão dos outros, que no fim é sua própria visão disfarçada.
E essa morte pode ser algo muito além da própria morte física dele. Talvez ele imagine se existe vida após a morte dessa sociedade em decadência.
E então Renato começa o ponto X da questão.
Podemos trocar tais marcianos, sendo a política ou sociedade.
Existem diversas formas de governo, diversos formatos. Que só tem verniz e não tem invenção, ou seja, que eles são diversos, mas os que são parecidos, são envernizados, ou seja, são encobertos seus erros e falhas, e ele muda de cor, mas continua sendo o mesmo.
E então é dita a parte que completa a dita anteriormente: Tudo aquilo contra o que o governo luta (digo governo pra não dizer sistema nem país), é exatamente tudo aquilo que ele mesmo é. Todas as formas de acabar com a guerra, de acabar com a fome, é exatamente aquilo que ele mesmo é: Uma país de diferença social e de interesses geográficos relacionados à guerra. Tudo aquilo que dizem, é contrário aos seus atos.
Marcianos invadem a Terra
Estão inflando o meu ego com ar
E quando acho que estou quase chegando
Tenho que dobrar mais uma esquina
Marcianos invadem a Terra. A mídia invade o mundo em que vive, maquilando o mundo ao redor e inflando seu ego com ar, com coisas sem real valor. E quando ele pensa que está entendendo, quando ele começa a crer que o sofrimento dessa vida de injustiças está chegando ao fim, percebe que ainda tem mais e mais obstáculos.
E mesmo se eu tiver a minha liberdade
Não tenho tanto tempo assim
E mesmo se eu tiver a minha liberdade:
Será que existe vida em Marte?
E mesmo se pudesse seguir livre, mesmo se tivesse o conhecimento para transpor todos os obstáculos que ainda existem para termos um mundo justo, ele não tem mais tempo. No fim nenhum de nós tem tempo, mesmo que sejamos capazes de perceber onde estão os erros, temos trabalho, escola, família, sempre temos algo que nos impede de "dobrar mais uma esquina" em busca de um mundo melhor.
No fim, assim como ele lutou até seu último dia por sua liberdade, com seu desejo de o mundo melhore, o que nos resta é só essa pergunta: Será que existe vida em Marte? Uma vida fora daqui, uma vida após esta vida?