Em meio a Quaresma, hoje gostaria de escrever um pouco sobre essa bela música e a história por trás dela. Ouvi essa história na última quinta-feira, na Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens, na Rua da Alfandega, no Centro do Rio de Janeiro. Quem contou foi o diácono Melquisedeque, que toda quinta-feira celebra a Adoração ao Santíssimo naquela igreja.
Waldeci (autor da música¹) sempre foi um rapaz participante das atividades da igreja, tendo sido batizado, crismado, feito sacramento da comunhão.
Com o tempo cresceu e começou a ficar seduzido pelo que o mundo oferecia, através de "amigos" nem tão amigos assim. Começou a deixar de lado não apenas suas participações na igreja, como também sua própria fé. Entregou-se ao mundo, começou a consumir drogas, álcool, procurar sexo fácil com prostitutas e festas onde tudo era permitido.
Acabou contraindo uma doença terminal, e nesses momento, aqueles "amigos" percebendo que ele não tinha nada mais a contribuir, o deixaram de lado. Sentindo-se sozinho, e próximo da morte, lembrou-se da vida que tinha antes de "cair no mundo". Quis se reaproximar da vida que havia deixado, nem que fosse para morrer em paz com Deus.
Conversando com o padre, disse que havia composto uma canção, pois sentia-se exatamente como o filho da paródia do filho pródigo: havia deixado a segurança do que lhe fazia bem, pelo desconhecido do mundo de facilidades, em busca da felicidade que nunca encontrara. Disse ao padre que o considerava ali a própria presença de Cristo, e gostaria de confessar-se, com os versos de sua composição, e no fim falaria de seus pecados:
Muito alegre eu te pedi o que era meu,
partir, um sonho tão normal
Dissipei meus bens e o coração também,
no fim meu mundo era irreal
Entregar-se ao mundo que lhe dizem ser bom, um sonho tão normal de ser feliz. Deixar para trás, tudo que tinha, acreditando que poderia ser feliz. Uma felicidade inexistente, um mundo irreal, pois longe de Deus não ha felicidade real.
Confiei no Teu amor e voltei
Sim, aqui é meu lugar
Eu gastei Teus bens, oh Pai,
E te dou este pranto em minhas mãos.
Mesmo no momento de tristeza, mesmo no momento em que todos o abandonaram, todos aqueles que ele confiara, para ir em busca desse sonho irreal... Mesmo nesse momento ele lembrou de quem nunca o abandona. Precisou cair, sofrer para valorizar e entender que ali é seu lugar, e apesar de ter esbanjado e abandonado toda graça , é recebido de volta.
Mil amigos conheci, disseram adeus
Caiu a solidão em mim
Um patrão cruel levou-me a refletir:
Meu pai não trata um servo assim
"Amigos", os falsos amigos que apenas estão interessados no que possa oferecer. Dividir a conta do bar, companhia para zoar, aprontar, não para viver de verdade. Abandonado, triste e solitário. Quem está com Deus, de verdade e coração, nunca está só.
Nem deixaste-me falar da ingratidão,
Morreu no abraço o mal que eu fiz
Festa, roupa nova, anel, sandália aos pés
Voltei à vida, sou feliz
Sentia-se ingrato por ter sempre recebido bençãos, e ter deixado de lado quem só o fizera bem, em troca de algo irreal. A marca do erro ficou no coração de quem errou, e de quem perdoou. Mas o mal e a tristeza, morreram no abraço. Um abraço de perdão, um abraço de amor. E agora, novamente sentindo-se parte da festa que é estar em paz consigo e com quem se importa realmente com ele, afirma que agora sim, voltou a vida e é feliz de verdade.
Convido você leitor, a refletir um pouco sobre essa música e essa história. Quantas vezes não buscamos a felicidade em um mundo irreal? Quantas vezes nossas atitudes e palavras nos afastam da verdadeira felicidade e de quem nos quer bem? Quantas vezes por amizades errôneas, abandonamos o que realmente somos, abandonamos nossa fé, para tentar nos "encaixar no mundo" que nos é apresentado?
Aproveitemos essa Quaresma para deixar para trás nossos pesos, culpas, toda aquela bagagem que tentamos carregar, tentando nos ajeitar no trem da vida. Vamos largar amizades que não nos levam a lugar algum, vícios e costumes que não nos levam a nada. Vamos abandonar a ideia de adaptar nossa vida a "o que todo mundo faz". E principalmente vamos abandonar de vez a ideia de tentar adaptar suas crenças, sua religião, à vida que você quer levar, ao mundo bagunçado que estamos vivendo, onde tudo de ruim é permitido e tudo de bom é ridicularizado.
Vamos fazer nossa parte, cobrar de quem pudermos fazer também. E vamos orar, para que os que ainda estão no caminho não se percam, e aqueles que desviaram retomem o rumo. Vamos orar principalmente por nossa Igreja, que assim como tudo, também começa a demostrar sinais de contaminação em alguns pontos e lugares. Vamos orar para que quem governa tenha sabedoria de olhar pelo bem dos governados e não apenas de seus bolsos e posses.
Que esse fim de quaresma seja uma época de reflexão e mudanças para todos
¹ Música composta por: Waldeci Farias / Dom Navarro
belíssima história, e canção a altura, linda e profunda de mais,com certeza muitas Almas foram salvas por intermédio dela.
ResponderExcluirProfundidade fala tudo sobre o amor de Deus.
ResponderExcluirOutro dia estava assistindo uma oração no YouTube e o frei falou sobre esta história, me senti muito comovida e pensei ele foi feliz pois no final reconheceu seus erros e ainda teve tempo de voltar aos braços do pai e quantos não tem esta felicidade.
ResponderExcluirEssa musica me marcou na minha adolescência e ate hoje me fala ao coração...
ResponderExcluirÉ um processo todo dia voltemos a Pai do jeito que estivermos sujo e fraco , maos nao decisto de voltar ao pai sempre...
Perfeita
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