Virou algo como um hábito para mim, a cada quatro anos, enquanto muitos esperam as olimpíadas, eu aguardo ansioso pela Eurocopa, a meu ver muito melhor que a bienal Copa América. Em geral não tenho nenhuma torcida, além de ver sempre um bom futebol, e se tratando de Eurocopa, isso é praticamente garantido. Claro que em todas edições, minha torcida sempre foi pelos lusitanos, mas excluindo a edição realizada em Portugal (2004), nunca conseguiam ir muito longe, e pela qualidade conhecida das outras seleções, uma vitória era algo muito improvável. Até esse ano...
Lembro-me de doze anos atrás, a seleção portuguesa talvez com a melhor formação desde a década de 60. Jogadores como Luís Figo, Maniche, Ricardo Carvalho, Costinha, Deco e o ainda garoto Cristiano Ronaldo. Uma baita seleção, com um baita goleiro: Ricardo, o qual protagonizou uma cena inesquecível: nas quartas de final, decisão por pênaltis contra Inglaterra, o goleiro foi bater o último pênalti, fez o gol, e voltou para a meta para tentar defender o chute inglês. Olhou para a cara do batedor, tirou as luvas e defendeu.
A final daquele ano, Portugal jogando em casa, com um time muito melhor que o adversário, a Grécia. Aos doze minutos do segundo tempo, naquela tarde de primeiro de julho de 2004, os gregos conseguem um gol e se fecham na defesa. E os portugueses perdem a chance de ganhar a Euro em pleno Estádio da Luz, depois de ter eliminado Inglaterra e Holanda. E o jovem Ronaldo chora e é consolado pelo experiente Figo, já em fim de carreira.
Doze anos depois, Portugal chega a mais uma final de Euro, contra a França, na França. Aquele jovem que chorou a derrota agora lidera a equipe, mais fraca tecnicamente, mas aguerrida, que aos poucos conseguiu chegar até ali, com 3 empates na primeira fase, depois com gol na prorrogação nas oitavas de final, passando nos pênaltis contra a Polônia a seguir, e ganhando no tempo normal apenas do estreante Pais de Gales de Gareth Bale na semi.
De um lado, Portugal que já fora longe e acreditava que com muita sorte e um lampejo de seu craque (CR7) conseguiria algo. Do outro os donos da casa, confiantes que ganhariam.
Aos 8 minutos o craque português toma uma pancada no joelho. Por duas vezes sai de campo e retorna, ele quer jogar, quer ajudar a conquistar o título que lhe falta, o primeiro e talvez único pela seleção. Mas não aguenta e aos 20 minutos sai chorando de maca. Chance maior para os franceses que agora não precisariam se preocupar com o craque. Acreditavam que ganhariam o jogo mais fácil ainda. E tentaram... Por mais de 90 minutos tentaram sem sucesso fazer um gol. E foram para a prorrogação, já sentindo a obrigação de ganhar por jogar em casa... E durante mais 15 minutos nada de gol. Os portugueses começam a acreditar em um gol, nada têm a perder e partem para cima, apoiados por seu craque que agora do banco de reserva passa instruções como se técnico fosse, e torce como torcedor que é.
Tanto tentam que aos cinco minutos do segundo tempo da prorrogação, Éder, reserva que entrara no finalzinho do tempo normal, acerta um chute de fora da área e o goleiro francês não alcança. Festa e incredulidade... Agora só precisavam segurar mais dez minutos. Para quem aguentara a pressão francesa durante 110 minutos, aquilo seria fácil diante da desesperada equipe francesa.
Fim de jogo, e agora o jovem de 2004, que se tornara o líder daquela equipe, novamente chora, agora de alegria com o título inédito de sua seleção, o título para seu povo que há tanto esperava.
Para os franceses, restam as medalhas de prata, e a artilharia de Griezmann. Tenho certeza que ele trocaria a artilharia com seus seis gols, pelo único gol que importou na final: o único gol de Éder no torneio.
Parabéns aos portugueses natos e àqueles que, assim como eu, escolheram ser também parte desse povo lutador, agora campeão europeu de futebol. Somos campeões!
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