Translate

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Uma manhã

Mais uma manhã começa, e o despertador é cruel. O desligo e paro alguns segundos tentando recordar o que estava sonhando. Já se esvaiu, não me lembro.

Levanto com cuidado para não acordá-la. Ela merece dormir mais um pouco. A olho com ternura e fico tentado a dar-lhe um beijo de bom dia. Mando de longe e sem som para não despertá-la.

Começo minha rotina matinal lenta: higiene, remédios, um pão (árabe ou de forma), um pouco de tv. Gosto de ver um pouco pela manhã, desde que seja algo que me faça rir um pouco e começar o dia bem. Escovo os dente, troco de roupa e desço.

Inicio a minha caminhada matinal, em geral são de dez a quinze minutos até o metrô, tempo que uso para orar, quase sempre começo um terço que só termino já no meio da viagem. Mas hoje quero fazer diferente, caminhar sem pressa, nem que leve vinte ou até trinta minutos.

Deixo a mente fluir para longe, mais longe do que qualquer pensamento. Um enorme branco inunda minha mente e uma paz o meu ser. Já não sinto meu corpo, que parece flutuar no ar. De súbito uma forte dor toma conta de meu corpo, mas da mesma maneira que veio parece se dissolver naquele mar de paz.

Abro os olhos e enxergo pessoas que não conheço falando comigo como se conhecidos fossem. Um lugar totalmente desconhecido e as pessoas insistindo em falar comigo. Olho nos olhos de uma delas e digo: Desculpe, não te conheço. Ela me olha assustada e repito: Desculpe, eu não te conheço!


Em prantos ela se vai e os demais me olham com cara assustada. "Por que do susto? Não conheço a nenhum de vocês!" - digo. E um a um vão indo embora, através de uma porta que não consigo enxergar. Bem ao longe enxergo o último deles indo e tento segui-lo. Não sei porque, mas sinto precisar sair daquele lugar, por mais tranquilo e pacífico que seja.

Ando, mas parece não haver saída, parece que caminho por horas e horas, e apesar disso não estou cansado, me sinto cada vez mais disposto.

De repente o cenário parece que está mudando, vejo o que parece ser uma porta com vidro, coloco a mão nela, mas não há como abrir. Mesmo parado sinto meu corpo se mexendo, mas permaneço ali parado com as mãos na porta. Ela se abre e atrás de mim aparece uma multidão. Dou um passo e me vejo na estação que sempre desço para ir trabalhar. As pessoas passam por mim e eu apenas as observo, sem saber como cheguei até ali.

Caminho até o trabalho, pensando no que aconteceu, sem encontrar resposta. No trabalho, sento em "minha cadeira" e olho meu celular. Um "Bom dia"  com um emoticon me mostra que nada mais importa.

Nada mesmo

Um comentário:

Caro leitor, fique a vontade para dar sua opinião: