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quarta-feira, 5 de abril de 2017

Imaginar...

Sou um homem de planos, planejamento, projetos. Imaginar o como, idealizar me deixa em êxtase, às vezes mais que qualquer execução em si.

Não que eu me abstenha de executar qualquer tipo de coisa, qualquer tarefa, muito pelo contrário. Faço com gosto o que sei, e o que ainda não sei aprendo com vontade e dedicação. Mas gosto de imaginar, de planejar, fantasiar, "projetizar", até as coisas mais simples, como uma simples viagem de férias, ou a visita a um lugar novo. Olho o mapa, vejo até onde vou de transporte, até onde vou a pé, o tempo previsto de saída, chegada. Gosto do desafio de imaginar como será cada passo antes de dá-lo. Me anima, me empolga.

Por um lado isso é bom, minimiza a chance de imprevistos, de problemas. Por outra lado pode ser extremamente frustrante quando algo dá errado, ou quando simplesmente imaginei demais, pensei demais, superestimei e no fim a execução vira uma decepção. Porque certas vezes não é algo tão simples quanto traçar uma rota num mapa, ou calcular um tempo de deslocamento. Pode se ter que levar em consideração as consequências nas diversas fases de execução do projeto, no seu início, no decorrer e no fim.

Não foram poucas as vezes que superestimei algo antes da execução. E a decepção, a frustração não é algo bom de se lidar, mesmo que necessário. Houve vezes que tentei "não ser eu mesmo", ou seja não planejar, mas a frustração foi maior ou simplesmente perdi o gosto da realização de um "mini-projeto".

Você deve estar se perguntando se isso não é algo chato e monótono ou se nunca tive boas surpresas, se não tive o sabor do inesperado e foi algo bom. Sim, claro que isso aconteceu. Tive momentos na vida maravilhosos que foram inesperados, momentos inesquecíveis, de grande alegria e até momentos em que a execução superou qualquer planejamento prévio. E por isso tento equilibrar muito na minha vida essa balança de surpresas e planos, o inesperado e o previsto. Assim não me privo da alegria do acerto, do aprendizado do erro, nem da emoção do inesperado.

Aprender a lidar com o medo de partir do imaginar para o agir não é tão simples como parece, mas é algo extremamente necessário e saudável. Se formos analisar, nossa vida como um todo é um grande projeto com um prazo de encerramento desconhecido. Ao longo desse grande projeto, vamos alterando o escopo conforme o preciso, vamos criando vários "mini projetos" dentro. Algumas pessoas, vão alterando conforme executam, outras preferem pensar, imaginar, antes do próximo passo.

Eu imagino. Imagino coisas que sei que não vou fazer, lugares que sei que não vou visitar, histórias que sei que não vou viver. Imagino a ficção, crio personagens e os faço sumir com a mesma velocidade que surgiram. Gosto de planejar a realidade, quando posso, quando consigo. Quando não, vivo e faço meu "as-built" mental do que acontece. Percebi que me sinto bem assim e isso me basta.

Quanto ao passado? Certa vez me disseram que parece que gosto de "fazer da minha vida uma novela mexicana". Logo eu que nem gosto de novelas?!?! Isso se dá porque determinados fatos e detalhes que para outros passam desapercebidos, para mim são guardados como significativas lembranças do que passou. Sou bem "temporal", poderia escrever minha autobiografia falando de pessoas que conheci em cada fase da minha vida (já tentei começar um livro assim, mas desisti). Os detalhes me interessam. Há detalhes que interessam.. Outros não. Pois há personagens, reais e fictícios, que interessam, outros não. E assim é para todos que escrevem, e assim é para todos que imaginam. Como eu.

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