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quarta-feira, 26 de abril de 2017

Mundo paralelo

Acordo com o despertador. Abro os olhos e me sinto estranho... Não o lugar é estranho... Onde estou?

Olho no celular. O mesmo velho celular de sempre, mas o quarto, o local, totalmente diferente. Procuro meus óculos, e na verdade não faço ideia de onde podem estar em meio aquele lugar desconhecido. Olho no criado mudo, em gavetas, espaços e nada.

Saio do quarto e dou de cara com uma sala com alguns elementos conhecidos, mas um espaço totalmente estranho. Sobre uma mesa vejo meus óculos e abaixo um bilhete:

"Você dormia tão bem que não te acordei. Lavei teu óculos. Como consegue enxergar com ele assim?"

A letra tão desconhecida quanto todo resto. Procuro algo que me dê alguma pista de onde estou e principalmente, porque estou ali. Encontro minha bolsa de trabalho e nela meu crachá. Ao menos parece que ainda trabalho no lugar que me lembrava. Trabalho? Nossa, a hora passa muito rápido!

Entro na cozinha e, para não ser diferente, me sinto tremendamente perdido. Não sei onde está nada! Abro geladeira e depois de muito olhar encontro pão, exatamente a marca que compro. Uso uma frigideira que repousa sobre o fogão e aqueço duas fatias. Devoro tão rápido quanto posso, visto uma roupa que está junto ao computador (Sim, mais um elemento conhecido!), e saio apressado.

Corredor diferente, elevador diferente... Desejo bom dia ao porteiro que me responde dizendo meu nome... Ok, isto está cada vez mais estranho... E saio para rua. Que rua é essa? Não me é estranha, me lembro de passar ali, mas... Desisto de buscar justificativas, e olho o movimento das pessoas que caminham para um ponto de ônibus. Sigo-as e por sorte, os onibus que ali param vão para direção que quero.

Na viagem me pergunto se estou indo pro lugar certo. Já não tenho certeza de mais nada, mas ao chegar ao trabalho, vejo que esta parte não mudou em nada, assim como todo restante do dia. Por alguns momentos chego a pensar que nada passou de algum apagão em minha mente.

No fim do dia, fico pensando para onde ir: onde lembro que moro, ou de onde vim naquela manhã?

Enquanto as perguntas pairam na cabeça, recebo uma mensagem no celular:

"Desculpe, mas o dia está agitado, não consegui falar contigo. Mas acho que não sentiu minha falta, não mandou nem uma mensagem..."

Claro que eu havia mandado mensagem. E claro que não fora para aquele número, que nem salvo no meu celular estava. Se eu tinha parado em alguma realidade alternativa, meu celular viera comigo.

Por um momento olho para meu chaveiro. Eu havia trancado a porta daquele desconhecido apartamento e usara a mesma chave que... Fui tão no automático pensando em não me atrasar que nem me dera conta.

Voltei para casa pensando em tudo que ocorrera de manhã, surpreso pela mensagem que recebera, que igualmente não me dei conta de para onde estava indo. Entrei no prédio, dei boa noite ao porteiro e subi. Abri a porta e tudo estava vazio. Sem móveis, eletrodomésticos, nada. Apenas um telefone num canto da sala no chão. Estranhamente sem qualquer tipo de ligação com lugar algum (seria de chip?).

Sento no chão, olho aquele vazio e me pergunto o que pode estar acontecendo. Durante um longo tempo fico ali, olhando para o nada, sem sentir os minutos, talvez horas passando. O telefone toca, e me assusto. Deveria atender? Não sei. Mas atendo mesmo assim.

"Você foi para aí de novo? Faz horas que estou te esperando... Acho que sua memória falhou de novo, me disseram que é normal, não se preocupe. Vou passar aí para te buscar."

Não consigo dizer ou perguntar nada. Preciso de respostas e rápido, para não enlouquecer...

Continua


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