Esta música, composta por Renato Russo, faz parte do álbum "Dois" do Legião Urbana, tem um tom de descoberta de si mesmo.
Começa dizendo o quanto anda distraído, impaciente e indeciso. Mas apesar de ainda estar confuso, começa a enxergar com tranquilidade tudo que está descobrindo sobre si mesmo. E fica feliz com isso.
Em seguida, assume o erro de se preocupar demais com as opiniões alheias. Em sua descoberta começa a perceber que é inútil querer se justificar sempre, justificar seus atos, suas escolhas, justificar os caminhos que escolheu em sua vida, apenas para agradar a opinião pública. Quantas vezes nós não fazemos isso? Quantas vezes baseamos nossas escolhas no "que irão pensar", no lugar de basear em nossa vontade, no lugar de respeitar nossa própria essência? Acho que todos precisamos de aprender um pouco disso também...
Nessa busca de si mesmo, quebrou todo invólucro, toda a armadura que colocava diariamente em torno de si, para se isolar do mundo, para ser o que o mundo queria que fosse. Se fez em mil pedaços? Não. Já estava em mil pedaços por dentro, escondendo o que sentia, justificando o que sentia para si mesmo para conseguir convencer o mundo ao seu redor, que ele era exatamente como se mostrava. Era um personagem de si mesmo, adequado a situação, adequado ao ambiente que vivia. Mentia para si mesmo, para que seu personagem se mantivesse.
Enfim chega a fase da liberdade. A liberdade de tudo que construíra para convencer o mundo de que era o que queriam dele. Já não quer parecer o que não é. Tem a humildade de assumir que não sabe de tudo, já aprendeu que não precisa saber tudo, não precisa parecer perfeito, não precisa ter os mesmos gostos, as mesmas opiniões, as mesmas visões das pessoas com que convive. Pode ser quem é livremente, pode se livrar de velhas máscaras, pois no fim todos tem sua própria opinião e mesmo que muitos a escondam.
Sentir-se "livre" da prisão que ele mesmo criou, sentir-se pronto para encarar a vida de cara limpa, por mais difícil que seja, por mais que o mundo julgue, é "tão correto e tão bonito". É uma forma de conseguir conquistar o infinito, de trilhar o seu caminho, ter suas conquistas, não mais trilhar os caminhos que outros seguiram, buscar a conquista que outros tiveram.
Por fim, já livre de todas as amarras, entrega-se ao que sente: percebe o quanto tudo que fazia era fonte de tristeza, e quanto amor próprio tem. Sendo capaz de se amar como é, está aberto a sentir tudo que ignorava, por si mesmo e por quem estava por perto, que agora pode lhe conhecer de verdade.
Quase Sem Querer
Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso, só que agora é diferente
Estou tão tranquilo e tão contente
Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava provar nada pra ninguém
Me fiz em mil pedaços pra você juntar
E queria sempre achar explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído, fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira
Mas não sou mais
Tão criança
Oh, oh
A ponto de saber tudo
Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você
Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente um dos deuses mais lindos
Sei que às vezes uso palavras repetidas
Mas quais são as palavras que nunca são ditas?
Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto
Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você