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quarta-feira, 14 de junho de 2017

Quando tudo se apaga

Começou de repente, coisa de menos de um minuto. Primeiro uma sensação de puro pavor, estar em um lugar público e sentir a cabeça girar e ao mesmo tempo ficar mais pesada e leve, as pernas fraquejando. Em poucos segundos os olhos fecham e tudo fica preto.

Mas isso dura apenas alguns milésimos de segundo. Em seguida um grande clarão se apresenta. Não sinto meu corpo, apenas uma sensação inexplicável de leveza e tranquilidade (será assim quando se morre?). Parece que flutuo sem preocupação, sem saber para onde, sem me preocupar para onde.

Sinto como se passassem horas daquele jeito, até que as coisas começam ganhar forma na minha frente. Vejo meu corpo como inerte, sentado, de cabeça baixa, com várias pessoas ao redor; algumas parecem tentar falar comigo, mas aparentemente não percebem que não estou ali, mesmo estando sentado na frente deles. Outros falam entre si, coisas que não consigo entender.

Estranhamente não me assusto com o que está acontecendo ali: eu fora do meu corpo, enxergando aquilo. Continua minha sensação de paz inexplicável (novamente me pergunto: será assim quando se morre?). Sem dor. Sem preocupação. Sei que estou bem, apesar de minhas perguntas, sei que não morri, o porquê sei me é desconhecido. Mas estou vivo.

Olho para o lado e vejo alguém destacado do grupo, que estranhamente olha para mim. Não para meu corpo desacordado, mas nos meus olhos "flutuantes". Não consigo descrever suas feições, nem mesmo suas características. Ele olha profundamente para mim e diz:

"- Acorde. Seu trem ainda não chegou na estação."

Essa frase fica ecoando na minha cabeça, que de repente começa a doer e novamente tudo começa a ficar escuro na minha frente. Forço abrir os olhos e percebo estar no meio daquelas pessoas, algumas que falam comigo, outras que falam entre si. Imediatamente olho para o lado e percebo que quem falara comigo  enquanto flutuava, não estava ali (quem seria?). Falo a todos que estou bem, que ligaria para que me acompanhassem até em casa. Me dou conta que não se passaram nem mesmo um par de minutos desde que eu desacordara. Talvez nem mesmo um minuto, mesmo eu tendo tido a sensação que passaram-se horas e horas. Einstein estava certo: o tempo realmente é relativo, e para mim passara muito mais que para quem estava ali naquela composição.

Não sei o tipo de experiência que tive ali. Pelo que entendi, simplesmente senti uma fraqueza e alguém me ajudou a sentar-me. coisa de segundos. O que vivi naquele momento foi muito mais duradouro e inexplicável.

Mas de alguma forma criei um vinculo com aquele lugar desconhecido...

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