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terça-feira, 17 de setembro de 2019

Outro lugar

O tempo não tem sido meu amigo quando o assunto é escrever. Não tem me sobrado tempo para escrever, assim como tive outrora e isso me faz muita falta. Me falta também um pouco de inspiração, me sinto longe, cada vez mais longe de quem está do outro lado da tela, daquelas pessoas (Deus as abençoe) que ainda passam por aqui e leem algo.

O título desse texto está meio perdido, pois o assunto não fala de nenhum outro lugar além do interno. Dentro de mim mesmo. Hoje quero compartilhar algo ruim, mas que mudou minha percepção de algumas coisas, e uma delas foi a dor.

Dor lancinante, praticamente insuportável. Parecia que doía até a alma. E mesmo assim, mantive-me o mais calmo que se se possa imaginar nessa situação. Eu acho que a dor era tão grande que já aceitava até o fim. Sem drama, sem maiores alardes. Apenas aceitava o que viesse.

E em um momento senti que acontecera. No auge da dor que me consumia, senti meu corpo perder totalmente o peso, inteiramente. Já não havia dor, já não sentia nada. Absolutamente nada. Sem qualquer tipo de alegoria ou ficção. Não sentia, não ouvia, não via nada. Por um tempo que não sei precisar tudo que havia para mim era o nada, a simples ausência de tudo. Não vi tudo escuro, nem claridade ofuscando a visão, nem vi meu corpo inerte abaixo de mim, como tanto relatos afirmam. Para mim é como se não tivesse corpo, não tivesse pensamentos, não houvesse nada a meu redor, apenas o vazio. E uma paz.

Uma paz que não sei descrever. Parecia algo que me envolvia e ao mesmo tempo saía de mim. Alguns segundos de pura paz, sem qualquer outra sensação. Segundos que pareceram minutos...

Depois senti como se caísse, e estava de volta, sentindo tudo, inclusive aquela dor sem mensuração.

Isso aconteceu algumas vezes na ocasião. Não sei onde estive, nem se estive. Pode ter sido mera alucinação de febre ou uma partida real para algum lugar, mas me mandaram de volta.

Sei que tudo que aconteceu naquelas horas, mudou minha percepção do que é dor. Para sempre.

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