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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Mensagens obsoletas

 Quantas foram as mensagens que se tornaram obsoletas? Quantas vezes imaginamos escrever, falar, contar determinada coisa e nunca sai do pensamento? Quantas vezes passamos longos minutos escrevendo mentalmente algo, que no fim não é transmitido a ninguém, nem mesmo a nós mesmos e acabamos por esquecer.

Este é um texto dedicado a estas mensagens, cartas, bilhetes e afins que nunca saíram da vontade de serem produzidos. Pode ser que tenham inúmeras partes ou morra neste aqui. Tudo vai depender de quantas ideias decidirão aparecer, quanto pseudos destinatários se apresentarão, quanto do que não disse a mim mesmo precisar "extrapolar" os limites da mente. Que comece a obsolescência. 


Quanto tempo não escrevo nada que na verdade nem sei por onde começar. Ser saudosista e ficar relembrando momentos e situações é bom, mas girar em torno do mesmo eixo sem grande evolução. Mesmo assim pode ser um método eficaz de iniciar.

Lembro saudosamente das tardes, onde as conversas eram longas e o assunto variado e indefinido. Fazia bem e é isso que lembro, assim como fazia bem as cartas esporádicas que eu escrevia e sempre havia quem jurava que gostava. Eu cria pois não juraria em falso. Disso eu tinha certeza.

Os anos passam, décadas passaram e cartas já se tornaram mais obsoletas que este texto. Até mesmo o outrora moderno e-mail ficou obsoleto e foi substituído por outras formas de comunicação. Perdeu-se o tato e o contato. Fomos nos tornando aos poucos, se me permitem caracterizar "tímidos funcionais". Não pretendo com essa caracterização distorcer, desmerecendo algo tão peculiar e difícil para quem sofre de timidez e sim querendo simbolizar com algumas características o que estamos nos tornando: muitas vezes preferimos o "contato a distancia" por aplicativos e redes sociais do que uma simples conversa presencialmente ou mesmo por chamada telefônica. É cômodo, é seguro. Não nos preocupamos com a reação alheia, minamos nossa espontaneidade, revisando o que vai ser enviado, lendo e relendo depois que enviou e ainda com a "chance" de mudar de ideia e apagar antes que a outra pessoa leia.

O mundo hoje é o paraíso para os tímidos pois se sentem mais a vontade de não ter que encarar outrem em uma conversa. Os demais se tornam aos poucos "tímidos funcionais" e desaprendem como é se relacionar pessoalmente com alguém, conhecer alguém além das descrições e impressões passadas via sites.

Sinto falta desse tempo em que o contato humano era importante, moldando caráter e personalidade. Sou do tempo em que "bullying", se não tivesse agressão física se resolvia sozinho na escola, sem precisar de influencia dos pais. Sou da época em que se respeitava os professores tanto quanto se respeitava os pais. E se respeitava de verdade a ambos, sem desobedecer ou responder. Educação se trazia de casa e era moldada na escola pelos inspetores e chefes de disciplina que não tinham medo de dar bronca (ou gritar) quando necessário. Estudou passava, não estudo tinha que repetir de ano, e não era nenhuma humilhação isso. Era uma oportunidade de aprender.

Não sei que rumo tomará esse mundo com tantas coisas que tenho visto nas relações sociais e não entendo. Sei que tenho saudade daqueles tempos....

Não sei se essa mensagem é obsoleta. Talvez o obsoleto aqui seja eu.


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