Das indas e vindas até as palavras perdidas de tempos sem referência. Tudo ocorreu como um grande turbilhão, um verdadeiro maremoto, meu caro. Um turbilhão que movimentou todos os alicerces e crenças que eu tinha, até não haver sentimentos ou palavras que bastassem em meu entendimento. No fim eu não entendia absolutamente nada, pois antes não sabia e continuei sem saber, me deixando levar pela onda que fora levantada por tamanho fenômeno.
Contudo, os pensamentos, os sonhos, os planos, todos dependem intrinsecamente da entrega e da verdade. Quando um desses falha, o ‘tsunami’ apenas passa e deixa o rastro de destruição no caminho. Os cacos, os escombros precisam ser recolhidos, edificações e ruas reparadas, mesmo que nunca voltem a ser como antes. E não voltam. Não devem voltar. Há de se aproveitar que à terra foi revolvida e prepará-la para melhores plantios e melhores colheitas.
Entre indas e vindas, reconstruções constantes, entre erros que recebia e ofertava também, aprendi a ser melhor, não para alguém, como um dia almejei ser, mas para mim mesmo. Sendo melhor para mim, seria invariavelmente melhor para quem esteja por perto, quem queira estar.
Entre buscas em vazio, aprendi a valorizar o que existe, agradecer o que me é ofertado, e mais tarde a recusar gentilmente o que não cabe a mim. Mesmo após um longo tempo, busquei uma verdade que cri existir, em meio a certezas e incertezas. Entreguei verdades, questionei verdades e recebi palavras duvidosas. Não pude remar mais.
Edificações e ruas reconstruídas após a intempérie. Porém, o rio mudou seu curso, e meu barco já não poderia navegar em um lugar que sinto ser só de pedras, mesmo que me digam ter um vasto calado.
Meu velho e obsoleto barco. Mas ele é que me leva adiante.
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