Hoje compartilho uma música que já conheço há muito tempo, porém nunca tinha parado para ler, ouvir e refletir cada trecho. E ao começar, percebi uns detalhes bem interessantes. Ressalto que isso é uma visão unicamente minha, sem almejar sequer tentar deduzir a ideia do autor desta letra.
“Você que já esteve no céu
Foi tudo divertido pra você
Chega a hora então
De provar tudo que existe”
Como foi estar fora da realidade?
Como foi viver em um “mundo isolado” da realidade da maioria? Acho que todos
nós tivemos esses momentos de “choque de realidade”. Talvez o primeiro seja sair
da infância, onde há quem olhe e cuide de nós para realidade adulta onde temos
que tomar nossas decisões e sermos impactados por elas. Também pode-se
extrapolar para mudanças que acontecem ao decorrer da vida que nos tiram de
nossa rotina, de nossa zona confortável.
“Tire agora os sapatos
Jogue tudo pro alto
Sinta o chão
Aprender a andar descalço
Num mundo de asfalto
E sem coração
Até que o mundo gire ao seu
redor”
Foi tudo divertido, era tudo
muito bom e previsível, agora chegou o momento de encarar a realidade, “tirar
os sapatos”, deixar tudo aquilo que nos afasta da realidade, “sinta o chão”. Aprender a andar descalço, num mundo de
asfalto e sem coração. Talvez esse seja o ponto mais impactante do trecho, pois
o mundo real não é uma caminhada na terra, na areia de uma praia. É uma
caminhada no asfalto áspero e por vezes quente a ponto de nos queimar, nos
ferir e mesmo assim temos que continuar, pois caminhando ou parados estaremos
sendo feridos, queimados da mesma forma. O mundo não tem coração, não tem
sentimento por ninguém. E temos que seguir esses trechos de asfalto áspero e
quente até que chegue o momento de calmaria, em que o mundo gire ao seu redor,
não simplesmente do ponto de sermos o “centro do mundo”, mas de começarmos a
interagir harmoniosamente com o que nos cerca.
Mas estou de saída
Tem alguma coisa nova pra
fazer
Vamos lá, então
Ter um dia diferente
Eu só quero curtir
Ficar à toa, viver numa boa
E você quer respostas
Exige provas e músicas novas
Até que o mundo gire ao seu
redor”
Obrigado por passar. Obrigado por
procurar a pessoa que eu era, onde eu estava dentro da realidade (ou seria
irrealidade). Estou de saída. Já pisei no asfalto desse mundo sem coração,
agora eu quero ver o que pode haver de bom nesse mundo. E há. Você quer o mesmo,
quer a comprovação do que acontece, quer o “mais do mesmo”, mas no fundo quer o
mesmo que eu agora quero: estar em harmonia, em sintonia com o mundo real.
“Vão falar que você não é nada
Vão falar que você não tem
casa
Vão falar que você não merece
Que anda bebendo, está perdido
E não importa o que você
dissesse
Você seria desmentido
Vou falar que você usa drogas
E diz coisas sem sentido
Se eu for ligar pro que é que
vão falar
Não faço nada”
Sempre irão falar muita coisa,
sempre irão pensar muita coisa, independente da tua atitude. E você sempre terá
a escolha de tentar se moldar a vontade e opinião alheia. Mas mesmo assim,
sempre terá quem critique, quem diga que você deve mudar, ser diferente. Então,
pegue todas as opiniões, tudo aquilo que for construtivo assimile e faça o
melhor. Tudo aquilo que nada acrescenta, deixe passar. Porque se for ligar “pro”
que é que vão falar, não se faz nada.
“Eu procuro tentar entender
Porque eu sou tão importante
pra você
Já que é bem melhor
Ser importante pra si mesmo
Eu não quero mudar
Ser mais discreto
Ser mais esperto
Já cansei de propostas
Dar respostas
E ter que dar certo
Até que o mundo gire ao meu
redor”
Novamente versos que nos levam a
pensar: Por que tentamos tanto ser importantes para alguém, ser perfeitos e
adequados para alguém (ou para um grupo ou para sociedade), quando o que
realmente importa é estar bem consigo mesmo. E daí a conclusão de toda ideia da
letra: Já cansei de tentar agradar, de mudar para se adequar, de se justificar
porque se é diferente do que o senso-comum acha correto, acha melhor. Já cansei
de sempre ter que seguir o “padrão” para estar em harmonia com o mundo ao
redor. Pois no fim, se eu for ligar “pro” que é que vão falar, não faço nada.
*Composição:
Pit Passarell.
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