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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Cotas, marchas e afins

Desde meu tempo de criança, ouço vários comentários sobre a luta em nosso país contra o preconceito, seja ele de cor de pele (somos todos a mesma raça), condição sócio-econômica, gênero, religião e mais recentemente, opção sexual.

Surpreendentemente o tempo passou e a luta não evoluiu, muito pelo contrário. Em nome do combate ao preconceito, tenho visto mais e mais segregação, mais afastamento e distinção entre as pessoas, entre os iguais.

Uma das "armas" inventadas para tentar combater a distinção foi a criação de cotas. E virou um festival: cotas para negros, pardos; cotas para quem é de escola pública; cotas para "pobres"... E das universidades, passou para os concursos e agora discute-se até para política também. E os iguais passaram a ser segregados em grupos. Reserva de vagas para uns e o restante para quem (ainda) não se encaixa nas cotas criadas.

Sim, caro leitor, você está certo, sou contra as cotas. Criar cotas é uma admissão burra de que parte das pessoas não é capaz de concorrer com as outras, por isso existe essa necessidade de ter cotas. Vou pegar como exemplo as cotas para universidades. Por acaso cor de pele diferencia na capacidade cerebral de alguém? Pela pessoa ter a pele mais ou menos pálida, mais ou menos morena, diferencia o nível de preparação, o nível de conhecimento para passar no vestibular? Cotas para escolas públicas é uma admissão do governo de que ele não dá ensino de qualidade em suas escolas, é admitir que os alunos saem da escola sem o conhecimento necessário. Por que em vez de cotas, não melhoram o nível das escolas, com uma infraestrutura melhor, professores preparados e adequadamente renumerados, de forma a que seus alunos possa competir com alunos de escolas privadas?

Respondo o porquê das cotas: é mais fácil. É mais fácil você segregar, você reservar vagas do que garantir um ensino de qualidade nas escolas. Do mesmo modo, é mais fácil dar o peixe que ensinar a pescar, então temos cotas, bolsa-família, bolsa disso, bolsa daquilo. Cumprir um item constitucional como dar educação é complicado, não dá retorno imediato, leva tempo para que se perceba a evolução, vai além de um mandato. Resumindo não dá votos.

Dar direitos iguais a pobres e ricos. Punir adequadamente a discriminação é difícil, e cada vez mais impossível, pois o próprio governo, com a justificativa de "combater" , está aumentando mais a segregação, separando os iguais. Dando benefícios diferentes a pessoas que são iguais, seres humanos da mesma forma, só atiça as diferenças.

Outro dia estava vendo um programa antigo na TV (Chico Total), e fico imaginando: se fosse hoje, ele poderia falar assim? Poderia ter esse quadro? Com certeza Justo Veríssimo não poderia dizer :"Quero que pobre se exploda!". Dr Logulo e Dr Rossetti não poderiam fazer suas insinuações homo afetivas. E o "Café Bola Branca", onde gente branca não vem, "não vê o criouléu", como a música diz? Impossível! Puro preconceito! Contra pobres, homossexuais e negros!

Na época, tudo era encarado naturalmente, como brincadeira, como humor. Hoje seria uma afronta, criticada em todas as redes sociais e afins. Será que realmente evoluímos? Eu acho que não, na verdade, involuímos.

Sou um pouco mais radical quanto a isso. Cotas são um erro. Mas também não concordo muito em termos um "Dia da consciência Negra" por exemplo. É fato histórico que com a escravidão e os tempos que se seguiram, a cor da pele era um determinante para ser tratado diferente. Mas se hoje temos a real e verdadeira consciência que somos todos iguais, por que não o dia ser da consciência humana? Somos todos iguais e devemos pensar assim.

Da mesma linha vem as marchas, e uma certa irritação que tem havido com relação a opção sexual. Existem marchas do orgulho "gay", mas se eu disser que tenho orgulho de não ser, ou seja tenho orgulho de ser heterossexual, estarei sendo preconceituoso? Espero que não seja visto assim, pois em muitos casos é o que tem parecido, só o fato de não ser é encarado por algumas pessoas como preconceito.

Sem querer entrar em mais esse mérito, quero apenas deixar minha opinião: Sou contra qualquer tipo de preconceito, assim como sou contra qualquer tipo de segregação, mesmo que com a justificativa errônea de diminuir o preconceito.

Fiquem a vontade para opinar, principalmente argumentar. Todo comentário será publicado, desde que não seja agressivo ou ofensivo a quem tenha ideia contrária a sua.



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