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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Amigos do dia-a-dia

Algumas coisas não devem ser escritas. De fato certas coisas nem mesmo precisariam ou deveriam ser ditas. Mas algo sempre deve pautar todas as conversas e são confiança e sinceridade. Algumas coisas nunca precisaram ser ditas, questionadas, sequer conversadas, mesmo que com o tempo fosse natural a dúvida.

Quando existe, não preciso repetir minha admiração. Não escondo da mesma forma que prefiro que espero que não seja escondido de mim qualquer sentimento, positivo ou negativo. Com o tempo a gente aprende a lidar com alegrias, tristezas, surpresas e decepções. Tive amigos que se foram por minha culpa, por uma culpa desconhecida e também sem culpa de nenhum dos lados. Falo que sou um pouquinho anti-social, mas na verdade sou seletivo em excesso com amizades, o que afasta algumas pessoas. Sou observador, ouvinte, e opino se tiver certeza que devo. Preciso me sentir a vontade, preciso de confiança para interagir. Preciso que não haja dúvidas, pois aprendi que dedicação é importante, algo que nem sempre tive. Em prol de muitas amizades, aprendi a deixar de lado qualquer descrença, muitas vezes complicando-me por isso.

Não me arrependo. Com o tempo criei o hábito de preferir errar por confiar em quem demostrou que era de confiança do que desconfiar de todos. Melhor assim. Acho que no fim, talvez pela sinceridade de meus atos, os erros tem sido bem poucos.

Mesmo tendo um "q" de anti-social, gosto de conversar, gosto de convívio, gosto de me sentir bem onde vivo, onde passo meu tempo. Sempre tive por todo lado que passei algumas pessoas por quem acabei tendo um apreço maior, que me "ajudava" a tornar o lugar melhor, e isso em todos os ambientes: colégio, cursos, faculdade, estágios, empregos. Hoje sinto falta disso, ainda estou aprendendo a conviver sem.

Alguns dizem ser característica do signo, mas acho pouco provável ser, mas qualquer mudança na rotina sempre me foi difícil. Mudar de colégio, de turma, de emprego. Por um lado é bom, porque toda decisão acaba sendo bem pensada, mesmo que não seja a melhor decisão, sei que foi pensada. Lembro quando mudei de empresa há uns 4 anos atrás; quando fiquei sabendo que havia chegado um telegrama me chamando para fazer os exames médicos, minha primeira reação foi um sonoro: "malditos!". Eu havia feito o concurso há mais de 3 anos, depois disso já tinha feito outro, passado, fui chamado e já estava um ano trabalhando. Uma mudança a vista quando eu já estava ambientado.

Não foi difícil ambientar-me ao outro emprego. Um grupo grande fora chamado ao mesmo tempo, passamos cerca de três meses estudando diariamente no curso de formação e depois sim começou a labuta, que por suas próprias características tais como isolamento, rotinas a serem cumpridas, trabalho de turno e noturno etc, obrigava a mal ou bem uma interação grande entre as pessoas. No geral era um computador para ser dividido por todos o que impedia que as pessoas enfiassem a cara na tela e "ignorassem" o mundo ao redor.

Por isso também senti um bocado nessa mudança. Saí de um lugar ambientado, onde já tinha os elementos "seguros", as pessoas "referência", para entrar em um grupo que já estava fechado, que já se conheciam há bastante tempo. No princípio forcei um pouco para me encaixar, mas forçando eu não era eu. Deixei acontecer, e hoje somos todos uma equipe. Não um grupo, mas uma equipe de elementos que se respeitam e têm zelo, sem que haja uma "referência". Existe proximidades a isso, mas fora da equipe....

Um exemplo disso é que ao contrário de antes, quando almoçava ia em dupla, trio, às vezes em um grupo maior, desde que mudei de emprego, em geral almoço sozinho, não por "culpa" dos outros, mas por minha própria. Me sinto mais a vontade quanto a tempo, lugar... Não sei explicar.

Sinto falta de um "elemento de apoio" fora de casa. Alguém com quem me sinta a vontade para falar qualquer besteira que vier a mente, seja assunto sério ou não. Alguém que eu ouça, e que me ouça. Sinto falta de um amigo do dia-a-dia, como tantos que tive e ficaram em minha vida e como outros que seguiram seu rumo, sem que hoje eu saiba deles. Amigos que me foram tão importantes quanto espero que eu tenha sido para eles.

Estou aprendendo a viver sem... há mais de quatro anos...

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