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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Internet

A internet, assim como toda criação humana, possui um lado bom, mas também pode ser usada para o mal; temos desde o rápido acesso a informações e desenvolvimento tecnológico até o controle remoto de máquinas de guerra e a invasão de sistemas de outros.

Talvez eu seja uma das últimas senão a última geração que cresceu sem internet. Meu contato com a internet foi bem tardio se compararmos com os dias atuais. A primeira vez que acessei deve ter sido quando fazia curso técnico, mas sem frequência alguma nisso, apenas um contato superficial. Tive maior contato quando comecei a estagiar, isso lá pelos anos de 2001. Esse mundo da "grande rede"me permitiu conhecer muitas pessoas de várias partes e tipos: pessoas boas, outras nem tanto. Pude conhecer coisas que provavelmente levaria anos e muita pesquisa para saber. No fim, tive contato com o lado bom e ruim disso tudo, mas com certeza o saldo foi positivo, foi através desse mundo que conheci quem amo e com ela pude manter contato.

No entanto, parafraseando um dito popular, nem tudo são flores. Se a internet permite nos aproximarmos de quem está longe, ela também está afastando quem está perto. Com o advento da internet móvel, isso tem ficado mais evidente em todos os lugares por onde passo. Nas ruas, pessoas caminham sem olhar para onde vão, lendo e digitando nas telas de seus Smartfones, que no fim só é smart para seus fabricantes que lançam modelos diariamente para substituirmos os descartáveis e rapidamente ultrapassados equipamentos. Nos ônibus, trens, metros, e até quem dirige, todos concentrados em seus mundos particulares, confinados em suas telinhas (ou telões). No trabalho, salas de aulas, teatros, cinemas, shoppings, onde quer que estejamos podemos ver centenas de pessoas entretidas em suas redes sociais, "whatsapp", e afins, como se nada nem ninguém houvesse ao redor. E o pior de tudo dentro dos lares.

Dentro dos lares, as pessoas já não conversam, já não dedicam seu tempo livre para estarem juntos; perdem a maior parte de seu tempo enfurnados nesse mundo artificial. Pequenas coisas do dia-a-dia são deixadas de lado: pais já não veem como seus filhos estão na escola, pois ambos (pais e filhos) ficam em seus mundos paralelos dos Smartfones e computadores. Os esposos não conversam quase, não se ouvem, não sentam juntos no sofá apreciando um bom filme e por vezes até os momentos íntimos são trocados por esse agora abominável mundo irreal. Difícil acreditar? Reparem bem, observem o dia-a-dia a seu redor, inclusive o seu. Muito disso pode estar acontecendo e você nem percebe.

Talvez você que tem a minha idade ou mais, tenha tido a experiencia do olho no olho, do contato humano, as tardes de trabalho em grupo na casa de colegas ou mesmo na biblioteca da escola. Somos felizardos, porque o que tenho visto é que caminhamos para um tempo em que o "olho no olho" vai ser coisa do passado, todos viveram conectados, cada um em sua parte, conversando por seus aparelhos. Por que não? É mais fácil, mais prático, melhor para os tímidos, tão melhor que a introspecção vai se multiplicar. Na internet ninguém é tímido, ninguém tem medo do contato, ninguém tem medo de não saber o que falar (pois apaga o que escreveu errado antes de enviar), e também ninguém é feio, ninguém é ruim. O contato humano que nos molda está sendo substituído pelo contato via rede. Até onde isso será prejudicial? Não sei.

Tenho medo. Sim, tenho muito medo, pois se nós que tivemos uma época pré-computador, sem nada disso, estamos sendo afetados, imagina as novas gerações que nasceram já imersas no mundo da internet. Temo por nosso mundo, nossas famílias, nossas vidas. Entregues e expostas na "grande rede". Cada vez mais vulneráveis, cada vez mais perto de quem está longe, e cada vez mais longe de quem está perto.

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