Nem tudo que se sente é fácil de explicar. Nem tudo que se entende se pode explicar.
Talvez esse seja um grande mal do mundo: explicar o que ninguém consegue entender, querer que outras pessoas entendam e sintam como você. É como tentar explicar a teoria eletromagnética a uma criança que mal sabe ler. Pode ser que um dia ela esteja apta a entender. Mas pode ser que não, pode ser que seu entendimento se desenvolva para área de humanas, biomédica e não para exatas.
Já tentei por muito tempo entender o que não estava a minha alçada, entender o que não me pertencia. Já tentei ser como os outros, tentei agir como os outros, tentei ver o mundo e sentir o mundo como os outros. Sempre que tentei ser diferente, sentir diferente, pensar diferente, entender diferente, me decepcionei, principalmente comigo mesmo. Foram passos de um aprendizado, que continua diariamente.
Falta-nos muito aceitação. Não do tipo "aceitar a situação e não lutar por algo melhor", mas aceitação da forma que se a mudança não vem de nós, não adianta sofrer pelos passos que os outros não dão, pelo simples fato que somos seres únicos e por isso não sabemos o que impede os passos alheios ou o que faz tais passos serem diversos dos teus próprios.
E nessa obsessão de tentar explicar-se, de tentar entender o mundo, de entender as pessoas, de tentar seguir as tendencias, esquecemos do principal: aprender a conviver com as diferenças, que são inúmeras. Diferenças de opinião, diferença de pensamentos, de "estilos", de religião, de gostos. E sem essa convivência realista, esse entendimento realista de nossas diferenças, afundamos em um mundo em que tudo passa a ser preconceito, em que tudo deixa de ser natural do indivíduo para ser uma imposição do senso-comum. E passamos cada dia um pouco mais a viver uma liberdade censurada, uma liberdade tolhida, em que quem se diz minoria se sente ofendido mesmo quando nenhuma ofensa existe, e quem não se sente oprimido acaba sendo ofendido sem direito a defesa.
Mais do que entender o próximo, tenho buscado sempre respeitar as diferenças de opinião, de gostos, de caminhos seguidos, passos dados ou não. Cada um sabe o que se passa consigo e cobrar ou exigir determinada atitude não cabe a mim. Tampouco, hoje, limito minhas ações ou atitudes pensando no que "os outros vão pensar". Certo ou errado, ajo conforme minha consciência errante e meus princípios. Cada um que me conhece me vê e entende de uma maneira diferente, porque são pessoas diferentes, com pensamentos diferentes e visões diferentes. Há pessoas que uma palavra basta para que entenda, outras apenas um olhar, enquanto outras nem com milhares de palavras seria capaz de entender. Por que isso acontece? Porque existem coisas que não são para serem explicadas, e sim para serem vividas. Por que? Como? Não sei. Apenas é. Apenas são. Inclusive essa afirmação.
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