Este texto é continuação da série:
http://erranteescritor.blogspot.com.br/2016/04/despedida-em-uma-noite-fria.html
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Ainda confuso com o que aconteceu, continuo caminhando. Por alguns momentos realmente imaginara estar falando com alguém, mas tudo não passara de um devaneio de minha mente. Além disso, eu enxergara toda uma série de consequências de uma resposta que ninguém iria receber.
Não era uma simples criação de minha mente e sim a recriação de uma lembrança de décadas, como se novamente fosse me dada a opção de responder a mesma pergunta, me ver diante da mesma situação. Só que agora não havia qualquer sentido naquilo, se é que algum dia houve. De alguma forma, quis alguma força maior do que eu, que eu tivesse a chance, mesmo que mentalmente da negativa que outrora fora furtada por utopias.
Mais uma vez, assim como naquela noite fria, em minha mente algo mudou. Algo que estivera enterrado sob toneladas de informações já esquecidas, agora já não era parte de mim, e mais uma vez, o passado foi desvinculado, deixando lembrança como um fato histórico e não uma realidade. Não sinto mais a "diferença de eras".
Diferença de eras... Expressão estranha, quem ouve pela primeira vez a acha extremamente sem sentido. Eu julguei assim a primeira vez que tive contato com ela, mas no fim é bem útil pela enormidade de aspectos que engloba.
Livrei-me do passado, já não me importo com ele, com o que vivi, com o que fiz, com os planos que tinha, estejam eles cumpridos ou não. Pouco a pouco elimino os poucos enlaces que me sobram naturalmente, sem esforço ou preocupação. Em alguns desses enlaces vão-se pessoas que estagnaram-se, que lidam com a vida e com os demais como se o tempo não tivesse passado. É com uma certa tristeza que isso acaba ocorrendo, não tanto de sentir falta de determinada presença, mas de perceber que não caminharam, vivem a utopia de um passado agora irreal.
Sempre tive uma certa dificuldade de "eliminar presenças", mesmo aquelas pessoas que sumiam por destino ou vontade própria, dentro de mim sempre achava que um dia reencontraria. Aprendi que pessoas vem e vão, algumas ficam porque assim tem de ser. Aprendem e ensinam nessa troca honesta de experiências que tem de ser a vida.
O restante siga seu caminho. Já não sinto mais a diferença, e a cada momento que um enlace é rompido, sinto-me mais leve e a vida mais fluida. O mundo evolui, a vida evolui, as pessoas evoluem e a relação entre elas deve seguir o mesmo passo. O que "era" não só não "é mais", mas também não pode sê-lo.
Isso é a diferença das eras.
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