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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Janelas...

Este texto é continuação da série:

http://erranteescritor.blogspot.com.br/2016/04/despedida-em-uma-noite-fria.html

http://erranteescritor.blogspot.com.br/2016/04/mais-um-dia.html

http://erranteescritor.blogspot.com.br/2016/05/diferenca-de-eras.html

Cai a noite e um vento gelado sopra pela janela entreaberta, fazendo voar algumas folhas da pilha que se acumula sobre a mesa.  Papéis que já não dizem nada, junto a jornais que um dia foram lidos e agora só servem para ocupar espaço: a mesmice de um dia que chega ao final.

Recosto a cabeça no velho sofá, único lugar para sentar naquela pequena sala quase vazia. Fecho os olhos e por um momento me vejo novamente naquele mundo que poderia ser o mundo real, poderia um dia sê-lo, em outro lugar, em outro mundo do qual estou afastado por alguma força cósmica que eu mesmo duvido existir.

Me sinto leve, como se voasse para fora do meu corpo para participar de uma outra vida em algum outro plano paralelo ou coisa do tipo. Abro os olhos e já não estou naquela sala quase vazia e sim em uma sala de um belo apartamento, bem decorado. Sem me levantar olho para o lado e vejo algum movimento em outro comodo, que não sei qual é. Tento me mexer mas não sinto meu corpo apesar de conseguir vê-lo, sentado inerte. Um cheiro bom invade o ar, comida fresca sendo feita.

Fecho novamente os olhos e vejo fatos, situações cotidianas do meu passado e outras que mesmo desconhecidas fazem sentir-me bem e a vontade, como se fizesse parte de minha vida. Já não sei mais o que é a realidade e o que é imaginação, já não sei se meu lugar é naquele aconchegante apartamento ou naquele minúsculo e despojado de coisas.

Será que estou sonhando que estou em um lugar melhor? Será que aquela sala vazia não passa de um pesadelo? Ambos pensamentos vagam em minha mente enquanto vislumbro cenas passadas e presentes, e talvez algumas futuras, não sei ao certo. Mas sinto ser hora de acordar.

Abro os olhos. Onde estou? Pouco importa. Melhor ainda, não tem importância nenhuma.

Pela janela entra a luz do luar.

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