Texto anterior: http://erranteescritor.blogspot.com.br/2016/05/janelas.html
Da janela aberta corre um vento e uma folha cai a meus pés. Uma carta.
Não lembro de tê-la escrito, tampouco de tê-la recebido e lido. Seu conteúdo é ao mesmo tempo estranho e interessante:
"Os dias se passaram e agora nada mais é como antes. Foram bons dias de luta e zelo aparente, mas a vida muda seu rumo tal como uma nau que busca seu caminho após ultrapassar uma barreira de corais: belos mas mortais para seu destino.
Houve tempo de promessas e histórias. Palavras amistosas e imbuídas de pura esperança de uma continuidade que nunca virá. Foram palavras sérias, mas ludibriadoras pois haviam histórias e intenções nunca reveladas por trás delas.
É triste. Foi triste ter que perceber sozinho que nada era como parecia. Foi triste perceber que fora usado a um propósito sem que fizesse ideia disso. E mais de uma vez, como se até os intervalos fossem arquitetados, ausências, pequenas palavras de tempos em tempos, apenas para manter uma biltre proximidade, o suficiente para quando fosse necessário.
Novamente, as mesmas palavras, como se nada houvesse passado. Esqueci a culpa que me imputei, não perguntei nenhum porquê, acreditei na amizade de outrora e que essa não apenas existira mas prosseguira apesar dos anos. Acreditei e deixei fluir, nada me atrapalhava, então não via porque fazer diferente. Até o dia em que ouvi de quem nem conhecia direito palavras capazes de me tirar da inércia e enxergar o que acontecera até então. O que parecia que acontecera.
Mentiras! Essa trama de mentiras sem sentido, erroneamente sustentada por dias, meses, anos, enquanto era tão erroneamente ignorada! As chances foram dadas novamente, mesmo que sarcasticamente apresentadas, mas o resultado foi o velho conhecido. Não sou mais o palhaço da ópera.
Perdoo. Claro, sempre faço isso. Mas não quero mais. Não quero novamente a sensação de que fui ludibriado com uma intenção específica. Não quero mais promessas, palavras que não sei até onde são verdadeiras. Pois no fundo, ainda acredito de que tudo não passa de um devaneio de minha mente. Uma forma de me convencer que existe um culpado conhecido, e não apenas um cúmplice de um quase desconhecido..
Que tudo siga seu rumo e seu prumo. Até mais."
Não, realmente não lembro de tê-la lido antes... Muito menos tê-la escrito...
Continua
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