Translate

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Pausa política...

Uma pequena pausa nas músicas para compartilhar com vocês um artigo de Percival Puggina, publicado no dia 16/8/2014. Considero importante para refletirmos um pouco sobre o que vem nos sendo apresentado pela mídia. Não tenho uma opinião formada sobre essa pessoa, muito menos se ela seria ideal para o cargo máximo do executivo do Brasil. A princípio creio que não, assim como os demais que tem encabeçado as pesquisas eleitorais. Estamos em uma situação complicada para as próximas eleições...

Segue o artigo:

 Denunciar os terríveis malefícios prestados à Igreja Católica pela Teologia da Libertação (TL) faz parte dos deveres cívicos e religiosos que me impus desde que comecei a escrever para jornais, nos anos 80. A TL é uma versão comunista da teologia cristã, que serve ao comunismo e desserve á Igreja. Já levo 29 anos tratando, periodicamente, desse lastimável mas necessário tema.

 Passadas quase três décadas, não encontrei motivo para corrigir uma linha sequer do que escrevi a respeito, muitas vezes incluindo no rol das minhas execrações vastos setores da hierarquia da Igreja instalados na CNBB, em alguns de seus órgãos e em segmentos de sua assessoria. Esses setores, nos anos 80, estavam mais preocupados com promover o PT e suas pautas. Agora estão mais preocupados com proteger os efeitos políticos sobre o PT das estripulias que esse partido promove com cotidiana dedicação.

 Pois foi nesse mal coado e azedo caldo de cultura, cozido em água benta, que se formou Marina Silva, a senhora acreana que a morte de Eduardo Campos traz à ribalta desta eleição. Cuidado! A fala mansa da ex-vice de Eduardo Campos não se harmoniza com a rigidez e o radicalismo de suas posições. O dever cívico de conhecê-las não se cumprirá ouvindo o meigo discurso eleitoral que vem por aí. Há informações muito mais precisas e irrefutáveis na biografia da candidata.

Seu primeiro alinhamento político deu-se com filiação ao Partido
Comunista Revolucionário (PRC), célula marxista-leninista albergada no PT onde militou durante uma década. Foi fundadora da CUT do Acre e lá, filiada ao PT, conseguiu o primeiro de uma série de mandatos legislativos: vereadora em Rio Branco, deputada estadual, senadora em dois mandatos consecutivos. Em 2003, no primeiro mandato de Lula, assumiu a pasta do Meio Ambiente, onde agiu como adversária do agronegócio. Sua gestão deu-lhe notoriedade internacional e conquistou ampla simpatia de organizações ambientalistas europeias que agem com fanatismo anti-progressista em todo mundo, menos na Europa...

Foram cinco anos terríveis para o desenvolvimento nacional. No
ministério, Marina travava projetos de infraestrutura, impedia ou
retardava empreendimentos públicos e privados, aplicava a torto e a direito um receituário avesso às usinas, aos transgênicos, ao
agronegócio, principal motor do desenvolvimento nacional e responsável pela quase totalidade dos superávits de nossa balança comercial. Os pedidos de licenças ambientais empilhavam-se, relegados ao descaso.

Empreendimentos eram cancelados por exaustão e desistência dos
investidores. Sempre irredutível, Marina incompatibilizou-se com
governadores, com os setores empresariais e com a então ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Foram cinco anos terríveis!
Quando se sentiu politicamente firme, largou a Igreja Católica, mudou-se para a Assembleia de Deus e para o PV. Depois, largou não sei que mais e se mudou para o projeto da Rede. Mas isso não a fez menos alinhada com as trincheiras de combate às economias livres, ao agronegócio, e ao evangélico domínio do homem sobre os bens da Criação. A ecomania de Marina Silva inverte a ordem natural nesse convívio, submetendo os interesses da humanidade às determinações que diz extrair do mundo natural. No fundo, vestido com floreios ecológicos, é o velho ódio marxista à propriedade privada dos bens da natureza.

De um leitor, a respeito da animosidade de Marina Silva para com o agronegócio: "Ela é uma praga de gafanhotos stalinistas reunidos numa pessoa só".
_________________________________________________________________
* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

L'avventura

Hoje vou escrever um pouco sobre essa música, a segunda do álbum "A Tempestade" do Legião Urbana. Como todo o Álbum, essa música traz uma carga forte de sentimentos, traz um lado ao mesmo tempo triste e reflexivo sobre as pessoas. Ao mesmo tempo tristeza e esperança se misturam nessa obra prima de Renato Russo.


Quando não há compaixão
Ou mesmo um gesto de ajuda
O que pensar da vida
E daqueles que sabemos que amamos ?

É curioso como tanta gente aparece em nossa vida como se fosse amistosa, simpática e com o tempo parece que essa pessoa não parece tão amistosa. Ajudamos e quando precisamos de ajuda, de um apoio ou simplesmente de uma presença, essa presença não existe. Nos apegamos, e por mais que não façamos nada esperando um retorno, nos decepcionamos. O que pensar da vida e daqueles que sabemos que amamos?

Quem pensa por si mesmo é livre
E ser livre é coisa muito séria
Não se pode fechar os olhos
Não se pode olhar pra trás
Sem se aprender alguma coisa pro futuro

Sim, quem pensa por si mesmo é livre, livre para sonhar, livre para seguir seu caminho, sem se prender a nada ou ninguém. Porém, ser livre é algo muito sério! Ser livre é o impedimento de fechar os olhos e fracassar, o impedimento de olhar pra trás e desistir. Ou seja, ser livre não pode depender do passado, pois sempre temos que aprender algo pro futuro. E viver de passado, não nos prepara ao futuro.

Corri pro esconderijo
Olhei pela janela
O sol é um só
Mas quem sabe são duas manhãs

Quantas vezes corri para meu esconderijo? Meu mundo, meu "infinito particular". Lá me sentia seguro, seguro inclusive para olhar pela janela, ver que mesmo o sol sendo um só, são duas manhãs, dois caminhos a percorrer, dois caminhos a escolher. E isso é a vida, escolhas, opções, pois quem opta por não escolher, acaba não saindo do lugar.

Não precisa vir
Se não for pra ficar
Pelo menos uma noite
E três semanas

O tempo passa tão rápido quando os momentos são bons, quando estamos perto de pessoas agradáveis, pessoas que gostamos. Perco a conta de quantas vezes quis que o tempo não passasse, que as horas durassem dias e os dias semanas...

Nada é fácil
Nada é certo
Não façamos do amor
Algo desonesto

Versos profundos e cheios de significado, para ele, para mim e com certeza para você que lê também. Criar dificuldades para sermos felizes, para fazer o que é preciso, para estar perto de quem amamos. Muitas vezes é uma luta enorme, priorizamos coisas que deveriam ser secundárias. Não é fácil, não é certo... E principalmente não podemos deixar que o amor se torne algo que não é: desonesto.

Quero ser prudente
E sempre ser correto
Quero ser constante
E sempre tentar ser sincero

E esse deve ser o caminho para que o amor seja honesto e verdadeiro. Por mais forte que seja a paixão (fogo de palha que queima forte e dói), devemos ser prudentes para que o amor tenha sua chance em nós. Sempre tentei agir assim, por mais erros que tenha cometido, sempre busquei ser correto, constante e sincero. Pode não ser o melhor caminho para todos, mas para mim sempre foi.

E queremos fugir
Mas ficamos sempre sem saber

Ah! Fugir, esquecer o mundo ao redor, tudo e todos e sumir... Sempre quis, mas nunca tive coragem suficiente, pois vai contra meu lado prudente.

Seu olhar
Não conta mais histórias
Não brota o fruto e nem a flor

O tempo passa, o mundo segue adiante, escolhas são feitas e o que era não mais pode ser. Mas às vezes vem a dúvida: será que algum dia foi, pelo menos pelo tempo que se crê que tenha sido? Esses três versos me lembram tanta coisa, tantas histórias, de tantas épocas que não caberiam nesse comentário. Eles complementam a primeira estrofe, a decepção com quem se tinha apreço e agora se acabaram as histórias, os frutos, as flores, a vida que surgia que agora expirou

E nem o céu é belo e prateado
E o que eu era eu não sou mais
E não tenho nada pra lembrar

Se as pessoas a seu redor mudaram, ele também acabou mudando, aprendendo com erros, acertos, surpresas e decepções. Tive uma fase dessas em que não enxergava um céu belo e prateado, nem quereria lembrar histórias, pois elas só me deixavam mais triste. Ignorei o mundo, ignorei a mim mesmo e tentei ser quem não era. Como dizia sabiamente Roland Deschamps: foi um período que esqueci o rosto de meu pai.

Triste coisa é querer bem
A quem não sabe perdoar
Acho que sempre lhe amarei
Só que não lhe quero mais

O mal de ser bom: querer bem a quem lhe fere, amar até quem não lhe quer bem, não acreditar, mas amar. Quem nunca agiu assim?

Não é desejo, nem é saudade
Sinceramente, nem é verdade

Quem nunca agiu não entende essa contradição sentimental!

Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender
Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender

Assim como algumas estrofes antes, esses versos me trazem lembranças diversas. Eu sei, mas na verdade nunca entendi. Se nunca passou por essa sensação de saber porque e não entender, ainda não viveu plenamente!


Curtam a música, opinem e indiquem músicas também!



quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Parte ou não...

Certas vezes vejo coisas na internet que me deixam triste. Não falo de notícias de tragédias, violências ou roubalheiras que infelizmente já estamos acostumados. Me refiro a coisas boas que outras pessoas publicam e deixam a gente triste, não por desejar mal a alguém, de forma alguma, mas simplesmente por não estar lá, não fazer parte de algo que um dia você acreditou que fazia.

Hoje percebo que talvez nunca tenha sido parte realmente, talvez estivesse apenas por perto e estando por perto, senti que fazia parte do grupo, da "turma" quando na verdade não era parte de nada... Triste, chato mas uma percepção necessária, mesmo que tardia.

O mundo seguiu adiante, eu segui adiante, e mesmo triste não deixarei de valorizar o que tive. Mesmo que ser parte possa ter sido ilusório, agradeço a Deus os bons momentos, agradeço por ter me feito sentir parte de algo, sob minha "velha máscara" de insensível e anti-social, hoje transformada em apenas um caráter observador e seletivo, mas sociável. Sentir-me parte de um grupo, me fez bem. Um grupo prometido eterno, uma turma que eu acreditava estava simplesmente cada um em seu canto, hoje ainda forma um grande "cantão" do qual já não faço parte, se realmente um dia o fiz.

Sou grato. Ficarei em meu canto, ouvindo a próxima música de minha lista.

"(...) Nada é fácil,
       Nada é certo (...)

Mil Pedaços

Eu não me perdi
E mesmo assim você me abandonou
Você quis partir, e agora estou sozinho
Mas vou me acostumar com o silêncio em casa, com um prato só na mesa

Eu não me perdi
O sândalo perfuma o machado que-o feriu
Adeus, adeus,adeus meu grande amor
E tanto faz de tudo o que ficou
Guardo um retrato teu
E a saudade mais bonita

Eu não me perdi
E mesmo assim ninguém me perdoou
Pobre coração, quando o teu estava comigo era tão bom
Não sei por quê acontece assim e é sem querer
O que não era pra ser
Vou fugir dessa dor
Meu amor, se quiseres voltar
Volta não, por que me quebraste em mil pedaços



A música que trago hoje para vocês, se chama "Mil Pedaços", composição de Renato Russo. O áudio está disponível em www.youtube.com/watch?v=hcx5553oLZE 

Essa música traz uma mensagem aparentemente bem direta: o abandono do eu-lírico. Seu amor o abandona e ele sofre com isso. Para mim traz uma mensagem um pouco maior que isso, afinal quem nunca passou pela situação de se sentir sozinho, abandonado, culpado sem saber o porquê?

"Eu não me perdi". Quantas vezes isso já aconteceu com todos nós, sentir que nada de mal fez e mesmo assim aquela(s) pessoa(s) que gostamos se afastam, mesmo sem saber o porquê sentir que precisa de perdão?

E mesmo com toda essa tristeza do abandono, do não-saber, não deixamos de gostar de quem fez isso conosco "o sândalo perfuma o machado que o feriu". Sou um pouco assim, mesmo quando alguém me faz sofrer, acabo com o tempo lembrando nem tanto dos momentos bons mas como me sentia bem, guardo a saudade, mas um tipo diferente de saudade, aquela que não é envolta em um desejo de repetição, de sentir o mesmo de novo. É mais uma saudade guardada, foi bom como foi, me senti bem e isso basta. Acho essa saudade a mais bonita, igual a música, é uma saudade de que não se espera nada, o tempo de espera, de alegria ou decepção já passou, não existe mais o questionamento por que é assim... Apenas é. O que foi foi, o que não foi não era para ser, sem medo de sofrer, sem fugir de dores já inexistentes.

Destacaria nessa música três versos que são um resumo da vida como deve ser, um deles já comentei antes:

"(...)O sândalo perfuma o machado que-o feriu(...)" .

Passar por cima da dor, da ferida, querer bem a quem lhe feriu. Isso é mais que perdoar, é simplesmente não culpar.

"(...)Meu amor, se quiseres voltar
Volta não, por que me quebraste em mil pedaços"

Estar consciente de que tudo tem seu tempo. Ficou a lembrança boa, a saudade, a ferida está cicatrizada ou cicatrizando. Um retorno a um ciclo dado por fechado traz a tona velhas dores, velhos problemas, e talvez a alegria que tinha ficado dissipe. Boas lembranças foram feitas para serem lembranças. É como você querer repetir um costume que tinha quando criança, quando o fizer é bem provável que veja que ache sem graça, bobo, e então a alegria daquela lembrança vai se perdendo.

Curta a música, e deixe seu comentário sobre ela.


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Músicas

Sempre gostei muito de ouvir música, e ao longo do tempo algumas dessas músicas se tornaram parte de mim, e muitas se tornaram símbolos de épocas, pessoas, momentos de minha vida e eu mesmo. Algumas dessas músicas já coloquei ao longo de tantas publicações, muitas com suas devidas conexões com os momentos e pessoas.

Se por um lado essa "retratação" tem um ar poético e agradável, por outro pode ser ruim em momentos em que você precisa de um tempo para si, um tempo afastado de algumas lembranças, nem sempre ruins mas que entristecem. Passei por um período em que muitas das músicas que gosto me faziam remoer coisas que eu ainda não estava preparado para "digerir", entender e conviver. Foi um momento ruim em que vivia um paradoxo: precisava da música para relaxar, não pensar e a música me fazia pensar.

Ainda hoje existem músicas que me fazem "viajar no tempo", mas é uma experiência até bem agradável e inspiradora, e dedicarei algumas publicações aqui a essas músicas e suas respectivas experiências, mas por hoje me dedicarei apenas ao tema em questão que são músicas que constroem a história ou a retratam. E são v´rios compositores que já fizeram parte de minhas histórias, se hoje talvez seja Nando Reis que melhor retrata a maior parte das histórias atuais, as passadas passam muito por Paralamas do Sucesso e em especial, Legião Urbana.

Se hoje eu fosse escolher um único álbum que represente com suas canções vários momentos, desde passado a presente e até futuro, alegrias, tristezas, momentos de reflexão ou de ação, esse álbum seria o Tempestade ou Livro dos Dias, do Legião Urbana. Duas das músicas desse belo álbum já foi tema de meus escritos: Esperando por mim e Longe do meu lado


Li certa vez, que as músicas desse álbum foram compostas quando Renato Russo já estava doente e passando por tratamento que debilitava muito seu corpo e suas forças. Alguns dizem ser o mais triste, eu costumo dizer que foi o mais profundo, com letras que nos levam a pensar muito sobre o mundo e sobre nós mesmos. No fim, acabou sendo o último cd do Legião lançado enquanto Renato Russo ainda vivia. "A Tempestade" foi também a última obra escrita por Shakespeare, de quem Renato Russo era fã. Em seu intimo deve ter sentido que seria seu último disco - como Shakespeare 'decidiu' que "ATempestade" seria sua obra final. O obra de Shakespeare pode ser resumida assim: "Próspero, o duque de Milão, tem o trono usurpado pelo irmão. Em fuga, encontra a filha, a bela Ariel, o espírito subserviente, e por Calibã, o deformado filho de uma bruxa. Os críticos gostam de definir A Tempestade como paródia amarga do utopismo renascentista, que acreditava em paraísos e só encontrou Calibã."(fonte:"100 Anos De Cinema" de Luiz Carlos Merten - 1995). Além desse sentido, pode-se dizer que esse nome resume o momento pelo que a banda estava passando - principalmente o Renato. Coincidência? Creio que não.

No decorrer das próximas postagens, falarei um pouco das músicas deste álbum. Espero que gostem.