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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Mil Pedaços

Eu não me perdi
E mesmo assim você me abandonou
Você quis partir, e agora estou sozinho
Mas vou me acostumar com o silêncio em casa, com um prato só na mesa

Eu não me perdi
O sândalo perfuma o machado que-o feriu
Adeus, adeus,adeus meu grande amor
E tanto faz de tudo o que ficou
Guardo um retrato teu
E a saudade mais bonita

Eu não me perdi
E mesmo assim ninguém me perdoou
Pobre coração, quando o teu estava comigo era tão bom
Não sei por quê acontece assim e é sem querer
O que não era pra ser
Vou fugir dessa dor
Meu amor, se quiseres voltar
Volta não, por que me quebraste em mil pedaços



A música que trago hoje para vocês, se chama "Mil Pedaços", composição de Renato Russo. O áudio está disponível em www.youtube.com/watch?v=hcx5553oLZE 

Essa música traz uma mensagem aparentemente bem direta: o abandono do eu-lírico. Seu amor o abandona e ele sofre com isso. Para mim traz uma mensagem um pouco maior que isso, afinal quem nunca passou pela situação de se sentir sozinho, abandonado, culpado sem saber o porquê?

"Eu não me perdi". Quantas vezes isso já aconteceu com todos nós, sentir que nada de mal fez e mesmo assim aquela(s) pessoa(s) que gostamos se afastam, mesmo sem saber o porquê sentir que precisa de perdão?

E mesmo com toda essa tristeza do abandono, do não-saber, não deixamos de gostar de quem fez isso conosco "o sândalo perfuma o machado que o feriu". Sou um pouco assim, mesmo quando alguém me faz sofrer, acabo com o tempo lembrando nem tanto dos momentos bons mas como me sentia bem, guardo a saudade, mas um tipo diferente de saudade, aquela que não é envolta em um desejo de repetição, de sentir o mesmo de novo. É mais uma saudade guardada, foi bom como foi, me senti bem e isso basta. Acho essa saudade a mais bonita, igual a música, é uma saudade de que não se espera nada, o tempo de espera, de alegria ou decepção já passou, não existe mais o questionamento por que é assim... Apenas é. O que foi foi, o que não foi não era para ser, sem medo de sofrer, sem fugir de dores já inexistentes.

Destacaria nessa música três versos que são um resumo da vida como deve ser, um deles já comentei antes:

"(...)O sândalo perfuma o machado que-o feriu(...)" .

Passar por cima da dor, da ferida, querer bem a quem lhe feriu. Isso é mais que perdoar, é simplesmente não culpar.

"(...)Meu amor, se quiseres voltar
Volta não, por que me quebraste em mil pedaços"

Estar consciente de que tudo tem seu tempo. Ficou a lembrança boa, a saudade, a ferida está cicatrizada ou cicatrizando. Um retorno a um ciclo dado por fechado traz a tona velhas dores, velhos problemas, e talvez a alegria que tinha ficado dissipe. Boas lembranças foram feitas para serem lembranças. É como você querer repetir um costume que tinha quando criança, quando o fizer é bem provável que veja que ache sem graça, bobo, e então a alegria daquela lembrança vai se perdendo.

Curta a música, e deixe seu comentário sobre ela.


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