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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Aloha

"Aloha" é a meu ver uma complementação da música "Natália", deste mesmo álbum, da qual já falei em postagem anterior. O retrato da indignação de uma "juventude" diante das desigualdades da vida. A juventude aqui pode ser interpretada como todos que se sentem injustiçados diante do mundo a seu redor, todos que ainda se sentem com forças para lutar contra as injustiças. Creio que até os que já se sentem sem forças, também se identificam com o que diz a música.


Será que ninguém vê
O caos em que vivemos?
Os jovens são tão jovens
E fica tudo por isso mesmo
A juventude é rica, a juventude é pobre
A juventude sofre e ninguém parece perceber

Será que realmente ninguém vê, ou é mais fácil e cômodo fingir que não vê o caos? Quem ainda não se conformou que "as coisas são assim", ainda não se cansou disso tudo não é levado em consideração: "são jovens", dizem, como se dissessem : um dia se habituarão e ficarão quietos. E fica tudo por isso mesmo, porque apesar da "juventude" ser rica de vontade e ideais, é pobre de apoio e crédito. Sofre por perceber que seus esforços são em vão.

Eu tenho um coração
Eu tenho ideais
Eu gosto de cinema
E de coisas naturais
E penso sempre em sexo, oh yeah!

Conformados ou inconformados com o caos do mundo, todos somos iguais, a mesma essência, os mesmos ideias, alguns já não acreditam na mudança outros lutam por ela.

Todo adulto tem inveja, todo adulto tem inveja
Todo adulto tem inveja dos mais jovens

Inveja do tempo que era assim. Não simplesmente de sua juventude física mas sua alma jovem e voraz, sedenta de conhecimento, de justiça e de esperança...

A juventude está sozinha
Não há ninguém para ajudar
A explicar por que é que o mundo
É este desastre que aí está

Isso acontece com todo mundo: nascemos e somos "jogados" em um mundo que já estava aqui, com sua regras, limitações, seus erros e imperfeições. E ninguém sabe explicar como chegamos nessa situação: sem segurança, sem saúde, sem emprego, sem ter uma vida digna para todos.


Eu não sei, eu não sei
Dizem que eu não sei nada
Dizem que eu não tenho opinião
Me compram, me vendem, me estragam
E é tudo mentira, me deixam na mão
Não me deixam fazer nada
E a culpa é sempre minha, oh yeah!

E quando alguém questiona é taxado de nada saber, de nada entender. E deliberadamente somos comprados, com afagos, com "bolsa" isso, "bolsa" aquilo, com uma distração aqui, outra ali... E vamos ficando mal acostumados, estragados, vendidos por essa corja que quer se perpetuar no poder em benefício próprio. Agir contra isso? Você não pode, não te deixam e ainda te convencem que o errado é você.

E meus amigos parecem ter medo
De quem fala o que sentiu
De quem pensa diferente
Nos querem todos iguais
Assim é bem mais fácil nos controlar
E mentir, mentir, mentir
E matar, matar, matar
O que eu tenho de melhor: minha esperança
Que se faça o sacrifício
Que cresçam logo as crianças.

A repressão gera o medo. Nem sempre a repressão física, mas principalmente a moral: de parecer diferente, parecer deslocado, impossibilidade de fazer parte por pensar diferente. Nos querem todos iguais! Todos facilmente manipuláveis, por isso o descaso com a educação, quanto menos acesso a informação, quanto menos desenvolvido o raciocínio, mais fácil controlar, mais fácil que acreditem nas mentiras, nas calúnias, mais fácil encobrir as falcatruas, roubos e o pior assassinato de todos: de nossos sonhos, nossa esperança de dias melhores. Que sejamos objetos de sacrifício, por um mundo melhor para as novas gerações. Que cresçam as crianças, pois nossos jovens estão se cansando e bitolando cada vez mais cedo...


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