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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Incompletos - parte 3

Nunca mais escrevi uma só linha. Poderia escrever, poderia contar velhas histórias, contar projetos concretizados, planos que não saíram do papel ou da imaginação. Mas seria pouco, seria superficial.

Poderia escrever na profundidade dos poetas, ressaltando sentimentos e pensamentos, mas mesmo assim não iria tão fundo nem preciso quanto eu gostaria. Quero ir mais além, escrever mais profundo ainda.

Quero falar do tempo. Não o tempo dos dias, do calendário ou relógio. O tempo do ser, do âmago da pessoa. Meus dias já estão contados, e por mais que eu saiba que isso já era uma verdade no dia em que fui gerado, hoje e a cada dia tudo isso parece mais evidente e real. Meu corpo já não responde ao que minha mente quer, e essa já funciona de uma maneira tão contínua que um desequilíbrio parece ser questão de... tempo.

Minha energia interna está em baixa e oscilante, como se cada dia fosse um pouquinho sugada, e nunca reposta de maneira adequada. Me sinto cansado, mas o cansaço vai além do físico, além de noites mal dormidas. É apenas uma constante e irritante falta de vontade de seguir.

Olho cada vez mais para dentro e tento identificar o ponto em que começou, seja físico ou temporal. Onde está o ponto de dreno, quando começou isso. Não sei. Tudo que sei é que o fluxo continua, de entrada e saída de energia, e se por algum motivo a entrada diminui, minhas forças vão para baixo e quase não consigo me mexer.

E toda minha vontade se resume a continuar entrando até o fundo de mim, onde ninguém jamais esteve. Nem mesmo eu mesmo...

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