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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Incompletos - parte 4

Hoje já não vejo, não ouço, não leio não sei.

Talvez desde que o domo quebrou, nunca se passou tanto tempo assim: silêncio, vazio, ausência.

Não que seja muito diferente de outras ocasiões, porém dessa vez  não há o esvaziamento constante. No entanto não cabe a tristeza dos dias "perdidos", tampouco a exaltação das conquistas derivativas. Cabe primeiro a gratidão.

Gratidão completa pela vida, desde o seu princípio até os dias que nem vieram ainda. Gratidão pelo presente, passado e futuro. Pelo tombos tomados, as cicatrizes que ficaram, as lágrimas derramadas, as dores sentidas, as perdas tão dolorosas. Gratidão por tudo que não entendemos, pois é fácil ser grato pelos momentos agradáveis da vida, é fácil lembrar de agradecer as vitórias, exaltar as maravilhas de Deus quando tudo está bom, de acordo, agradável.

É. É fácil, assim como também o é maldizer e questionar quando as dores vem, quando tudo começa a dar errado. Quando a tristeza quer nos fazer esquecer as bênçãos.

Sou um abençoado, por diversos motivos e ao mesmo tempo sou culpado por diversas vezes esquecer-me disso. Mas sou humano e isso acaba sendo meu ponto fraco.

Por muito tempo não queria ser e me comportava como se não fosse. Era mais fácil parecer insensível inerte e intocável a tudo e a todos. Com isso acumulei muita coisa dentro de mim, e hoje sinto as consequências, que são bem pesadas e dolorosas. De certa forma também não maldigo o tempo de introspecção. Era até agradável estar só mesmo quando acompanhado, ou caminhar a esmo sem rumo durante algumas horas. Porém em outros momentos, guardar era muito ruim, e adoecedor.

Hoje ouço o silêncio e acho ele acolhedor, pois não é o silêncio da ignorância e sim o da paz.

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