Este texto é o sexto texto da série que começa com:
http://erranteescritor.blogspot.com.br/2014/03/a-casa-introducao.html
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Caminhando em direção a porta, ficava imaginando o que me esperava. Já não tinha a curiosidade das primeiras salas, nem a ansiedade de outras. Havia revivido momentos, vivido outros que não tinham acontecido e tive a chance de vivenciar com a maturidade que hoje tenho.
Eu tinha apenas mais uma cápsula. Essa deveria ser a última porta, uma última sala. Era hora de abrir a porta, ver o que me esperava e seguir adiante. Não passava pela minha mente o que poderia haver ali.
Abri, e estava na porta de um shopping perto de casa. O telefone toca:
- Me atrasei, mas já estou chegando.
Por alguns momentos fiquei feliz por ouvir aquela voz. Então me dei conta que dia era aquele. Meu Deus! Não pode ser! Não! Eu não posso viver esse dia de novo por mais especial que tenha sido. Não posso correr o risco de estragar esse dia, nem de alterar uma linha sequer dele. Tomei imediatamente a pílula, e dessa vez não fui diretamente para sala de antes. Fiquei como espectador da cena. Não sei se alguém ali conseguia me ver, mas mesmo assim me escondi e fiquei observando a chegada dela, e o momento que a encontrei, e juntos passamos entramos no shopping. É. Foi um dia bom, que de certa forma mudou minha história. Não precisava mudar nada, nem quereria mudar nada. Assim como no fim nada mudei nada desde que entrei naquela casa.
Uma leve tontura e estava de volta àquela casa, agora no salão inicial onde aquela simpática senhora me aguardava.
- Fez um belo passeio?
- Sim. Até por onde não precisava.
- Acontece com todos. Sempre tem alguns lugares que não entendemos porque, mas nos é útil ver.
Respondi apenas com um sorriso e agradeci a oportunidade de relembrar, de reviver, de ter a chance de dizer o que nunca disse, de ter a certeza que eu fiz o melhor que poderia naquele momento, para o que eu sabia, para quem eu era. Ela sorriu de volta e me disse que ficasse a vontade, ela tinha alguns afazeres para terminar.
Era hora de partir, não sabia quantas horas se passaram desde que ali entrara. Já devia ter passado da hora de ir, retornar a meu lar, a minha vida tão abençoada.
Saí pela porta frontal, e quando estava na rua olhei para trás. A casa bela e vistosa, de entrada estilo antiga, ainda estava lá, só que com aspecto de abandonada, com madeiras pregadas em suas janelas e portas.Será que eu havia sonhado com tudo aquilo? Será que tudo se passara apenas na minha imaginação?
Um papel foi trazido pelo vento e caiu à minha frente. Peguei o papel e li:
Dê uma nova chance aos pensamentos. Descubra outras decisões. Tente.
E no verso estava rabiscado:
Você conseguiu.
Mesmo que ninguém acredite, sei que aquilo foi real, ao menos dentro de mim.
Hora de voltar para casa, retomar minha vida, agora com mais certeza ainda que vivi tudo que precisava viver. Só queria chegar em casa, abraçar minha esposa, e viver cada dia na certeza que só teria uma chance de fazer o que deveria ser feito...
Nunca mais passei em frente aquela casa, nunca mais vi as pessoas que estavam naquela fila. Talvez a casa tenha sido demolida, tenha sido feito um prédio em seu local. Talvez aquelas pessoas tenham seguido seu rumo longe dali... Seguiram adiante, como o mundo seguiu.
Opiniões, comentários e assuntos do momento, diretamente da cabeça de um escritor errante porque não para no meio do caminho e também erra.
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segunda-feira, 24 de março de 2014
A Casa - Sala 4
Este texto é o quinto texto da série que começa com:
http://erranteescritor.blogspot.com.br/2014/03/a-casa-introducao.html
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http://erranteescritor.blogspot.com.br/2014/03/a-casa-introducao.html
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Abro a porta, e novamente encaro aquela luz que quase me cega. De repente tudo escuro. Estou em uma sala de cinema. Quando, onde e por que estou ali?
Mal me lembro de ter visto o filme que está passando, olho ao redor e na escuridão não consigo enxergar nada. Meus olhos ainda estão cegados pela luz da porta que atravessara. Alguém encosta em mim e diz:
-Vamos. O filme acabou.
Demoro um pouco tentando focalizar em quem falava comigo. Me dou conta de quem é, e começo a me lembrar desse dia. Outrora eu quisera que esse dia terminasse diferente, talvez por isso estivesse ali. Mas se dependesse de minha atual vontade e iniciativa, nada mudaria. De qualquer forma, ficaria mais um pouco ali, antes de tomar aquela pílula e retornar "a meu tempo".
Saímos, fomos até a praça de alimentação e compramos um milk shake... Quero dizer, eu não comprei, e isso já altera um pouco a história como eu me lembrava. Na época eu tomara um, eu podia, hoje não posso mais, e nessa dúvida se me faria mal ou não, achei melhor não tomar. Dane-se o efeito borboleta do milk shake.
Fiquei em silêncio tomando meu suco, quando veio a pergunta:
-O que você acha de esticar a tarde e continuar o que começou no fim do filme?
Por alguns momentos só tomei um gole de suco, sem querer parecer surpreso. A princípio não me lembrava a que se referia, afinal tudo ocorrera muitos anos antes. Algo já mudara, essa pergunta nunca fora feita. E se tivesse sido feita na época? É provável que tivesse concordado, houve um tempo que realmente eu cria que faltara algo se não naquele dia, naquela época. Se ao contrário de outros fatos, esse não mudaria muita coisa., o tempo passara, o mundo seguira adiante. Sabia que seria difícil explicar, com certeza não seria entendido se explicasse, então só disse:
-Por mais que um dia eu quisesse, deixemos estar por enquanto.
Por enquanto. Eu sabia muito bem que era um "por enquanto" definitivamente sempre. De certa forma, eu acho que sei porque estava ali. Não era por causa dessa decisão, por essa resposta. Era para me despedir. Tinha que aproveitar a chance.
- Não estou me sentindo bem... Acho que o suco caiu mal.
Do sorriso que estava veio a cara de preocupação, e me perguntou se eu quereria ir embora. Disse que talvez fosse melhor, mas antes precisa falar algo. Assim que falei isso tudo a meu redor girou e me vi transportado para outro lugar, em outro dia, com a mesma pessoa a minha frente.
-Você está bem?
Disse que sim, e sorri. É. Esse é o momento certo, é para isso que "a sala" me trouxe ali. Daquele dia eu me lembro e lembro o que aconteceu. E deve seguir como seguiu, a diferença é que agora eu teria chance de me despedir.
- Obrigado por sua preocupação, estou bem. Ótimo te ver, conversar contigo mais uma vez. Gosto de encarar cada conversa como fosse a última, não sabemos o que o futuro nos reserva (ok, eu sabia...). Então o que tenho a te dizer é obrigado por cada palavra, cada minuto dedicado. Gostaria que essa não fosse uma despedida, mas pode ser que seja, não é mesmo? Então, saiba que desejo que você seja muito feliz.
Ela se emocionou e me abraçou. E eu, engoli a pílula. E em alguns segundos estava fora dali. Assim era certo, aquele dia tinha que terminar como terminou. Ambos tinham que ser como foram. Mas faltava dizer aquilo, nunca havia me despedido porque não imaginava que seria a última vez que a via. O mundo seguira adiante, ela seguira o caminho dela e eu nunca tinha dito um obrigado, um Deus te acompanhe.
Sentado na cadeira, olhava para minha mão. Uma pílula, bala, seja lá o que for. Aquela devia ser a última porta. Respirei fundo abri a porta....
Mal me lembro de ter visto o filme que está passando, olho ao redor e na escuridão não consigo enxergar nada. Meus olhos ainda estão cegados pela luz da porta que atravessara. Alguém encosta em mim e diz:
-Vamos. O filme acabou.
Demoro um pouco tentando focalizar em quem falava comigo. Me dou conta de quem é, e começo a me lembrar desse dia. Outrora eu quisera que esse dia terminasse diferente, talvez por isso estivesse ali. Mas se dependesse de minha atual vontade e iniciativa, nada mudaria. De qualquer forma, ficaria mais um pouco ali, antes de tomar aquela pílula e retornar "a meu tempo".
Saímos, fomos até a praça de alimentação e compramos um milk shake... Quero dizer, eu não comprei, e isso já altera um pouco a história como eu me lembrava. Na época eu tomara um, eu podia, hoje não posso mais, e nessa dúvida se me faria mal ou não, achei melhor não tomar. Dane-se o efeito borboleta do milk shake.
Fiquei em silêncio tomando meu suco, quando veio a pergunta:
-O que você acha de esticar a tarde e continuar o que começou no fim do filme?
Por alguns momentos só tomei um gole de suco, sem querer parecer surpreso. A princípio não me lembrava a que se referia, afinal tudo ocorrera muitos anos antes. Algo já mudara, essa pergunta nunca fora feita. E se tivesse sido feita na época? É provável que tivesse concordado, houve um tempo que realmente eu cria que faltara algo se não naquele dia, naquela época. Se ao contrário de outros fatos, esse não mudaria muita coisa., o tempo passara, o mundo seguira adiante. Sabia que seria difícil explicar, com certeza não seria entendido se explicasse, então só disse:
-Por mais que um dia eu quisesse, deixemos estar por enquanto.
Por enquanto. Eu sabia muito bem que era um "por enquanto" definitivamente sempre. De certa forma, eu acho que sei porque estava ali. Não era por causa dessa decisão, por essa resposta. Era para me despedir. Tinha que aproveitar a chance.
- Não estou me sentindo bem... Acho que o suco caiu mal.
Do sorriso que estava veio a cara de preocupação, e me perguntou se eu quereria ir embora. Disse que talvez fosse melhor, mas antes precisa falar algo. Assim que falei isso tudo a meu redor girou e me vi transportado para outro lugar, em outro dia, com a mesma pessoa a minha frente.
-Você está bem?
Disse que sim, e sorri. É. Esse é o momento certo, é para isso que "a sala" me trouxe ali. Daquele dia eu me lembro e lembro o que aconteceu. E deve seguir como seguiu, a diferença é que agora eu teria chance de me despedir.
- Obrigado por sua preocupação, estou bem. Ótimo te ver, conversar contigo mais uma vez. Gosto de encarar cada conversa como fosse a última, não sabemos o que o futuro nos reserva (ok, eu sabia...). Então o que tenho a te dizer é obrigado por cada palavra, cada minuto dedicado. Gostaria que essa não fosse uma despedida, mas pode ser que seja, não é mesmo? Então, saiba que desejo que você seja muito feliz.
Ela se emocionou e me abraçou. E eu, engoli a pílula. E em alguns segundos estava fora dali. Assim era certo, aquele dia tinha que terminar como terminou. Ambos tinham que ser como foram. Mas faltava dizer aquilo, nunca havia me despedido porque não imaginava que seria a última vez que a via. O mundo seguira adiante, ela seguira o caminho dela e eu nunca tinha dito um obrigado, um Deus te acompanhe.
Sentado na cadeira, olhava para minha mão. Uma pílula, bala, seja lá o que for. Aquela devia ser a última porta. Respirei fundo abri a porta....
quinta-feira, 20 de março de 2014
A Casa - Sala 3
Este texto é o quarto texto da série que começa com:
http://erranteescritor.blogspot.com.br/2014/03/a-casa-introducao.html
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Tomo coragem e sem muito pensar abro a porta atravessando a luz cegante que sempre vem em seguida. Por alguns segundos perco o equilíbrio e por pouco não caio. Estou caminhando na ciclovia do Maracanã, começando a subir a rampa do metro. Recupero o equilíbrio e paro um pouco, involuntariamente descendo.
Que dia é esse? Por que estou ali?
Minutos depois me dou conta que já passei por aquele dia. A diferença é que nem pensei em nada, fui no impulso, subi aquela rampa e encarei o poderia vir... E depois, passei dias me arrependendo. Era minha chance agora de fazer diferente, sem omissões, da maneira certa e no momento certo. Chego a retornar a ciclovia e caminhar de volta para onde eu morava na época. Sabia que se voltasse, mataria aquela tarde e talvez...
Talvez um "efeito borboleta" acontecesse. Pode ser que o arrependimento me fez evitar situações piores. O aprendizado pode ter me livrado de enrascadas, me feito crescer, me possibilitado chegar a vida que tenho hoje. Apesar de tudo, sou feliz, não tenho nada a reclamar da vida que tenho... E se...
Não. Por mais que um dia eu tenha desejado que aquele dia não acontecesse daquela maneira, não poderia arriscar-me a perder tudo que tive daí para frente. Aprendi a superar, a consertar e precisei passar por isso.
Retomei a subida da rampa, tomei o comprimido e pensei : Sei no que vai dar. Que seja.
Pisquei os olhos e estava novamente na sala, sentado na cadeira. Pela primeira vez desde que entrara naquela casa, tive realmente a chance de mudar algo que um dia eu quisera de verdade. Mas tive medo de alterar, medo do que aquilo poderia mudar em mim e em minha vida como um todo. Tudo aconteceu como deveria, para que eu pudesse ser o que sou hoje....
Seguir adiante, sempre digo isso, o mundo seguiu e nós também devemos seguir. Hora de levantar e ver o que me esperava atrás dessa nova porta...
http://erranteescritor.blogspot.com.br/2014/03/a-casa-introducao.html
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Tomo coragem e sem muito pensar abro a porta atravessando a luz cegante que sempre vem em seguida. Por alguns segundos perco o equilíbrio e por pouco não caio. Estou caminhando na ciclovia do Maracanã, começando a subir a rampa do metro. Recupero o equilíbrio e paro um pouco, involuntariamente descendo.
Que dia é esse? Por que estou ali?
Minutos depois me dou conta que já passei por aquele dia. A diferença é que nem pensei em nada, fui no impulso, subi aquela rampa e encarei o poderia vir... E depois, passei dias me arrependendo. Era minha chance agora de fazer diferente, sem omissões, da maneira certa e no momento certo. Chego a retornar a ciclovia e caminhar de volta para onde eu morava na época. Sabia que se voltasse, mataria aquela tarde e talvez...
Talvez um "efeito borboleta" acontecesse. Pode ser que o arrependimento me fez evitar situações piores. O aprendizado pode ter me livrado de enrascadas, me feito crescer, me possibilitado chegar a vida que tenho hoje. Apesar de tudo, sou feliz, não tenho nada a reclamar da vida que tenho... E se...
Não. Por mais que um dia eu tenha desejado que aquele dia não acontecesse daquela maneira, não poderia arriscar-me a perder tudo que tive daí para frente. Aprendi a superar, a consertar e precisei passar por isso.
Retomei a subida da rampa, tomei o comprimido e pensei : Sei no que vai dar. Que seja.
Pisquei os olhos e estava novamente na sala, sentado na cadeira. Pela primeira vez desde que entrara naquela casa, tive realmente a chance de mudar algo que um dia eu quisera de verdade. Mas tive medo de alterar, medo do que aquilo poderia mudar em mim e em minha vida como um todo. Tudo aconteceu como deveria, para que eu pudesse ser o que sou hoje....
Seguir adiante, sempre digo isso, o mundo seguiu e nós também devemos seguir. Hora de levantar e ver o que me esperava atrás dessa nova porta...
quarta-feira, 19 de março de 2014
A Casa - Sala 2
Este texto é o terceiro texto da série que começa com:
http://erranteescritor.blogspot.com.br/2014/03/a-casa-introducao.html
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Giro calmamente a maçaneta. Uma grande luz cega por uns instantes meus olhos, e um cheiro de ar puro e grama molhada entra por minhas narinas. Agora o sol bate em meu rosto, olho ao redor e reconheço o lugar que já estivera tantas vezes.
Ouço uma voz que parece falar comigo, olho para o lado e vejo alguém que há muito não via, e me dou conta de que dia é esse. Sim, já vivi esse dia, e acho que involuntariamente sorri.
-Agora sim. Você parecia aéreo, parece que nem ouviu eu falando.
E realmente não ouvira mesmo. Pelo menos não "nessa nova realidade". Peço desculpas e que falasse de novo, enquanto em minha mente o único pensamento que passava era em que momento daquele dia eu havia parado. Por mais que tudo aquilo tivesse ocorrido de verdade, não me sentiria bem de repetir certas coisas.
- Então, você não me respondeu. O que prefere?
A pergunta. Lembro bem dessa pergunta, dessa escolha. Não fazia ideia porque aquela porta me trouxera exatamente ali, nunca duvidei que fizera a escolha certa, se vivesse aquele momento mil vezes as mil vezes a escolha seria a mesma.
- Você me conhece o suficiente para saber que não trocaria sua amizade por nenhum momento. - respondi
Com um sorriso, me disse que sabia que essa seria minha resposta, que eu poderia ter até ambos.
Mas eu sabia que não, assim como sabia que aquela seria a última vez que nos víamos. Era o justo, era o certo e assim devia continuar a ser. O que ocorreu depois dali devia seguir seu fluxo, eu não poderia mais correr o risco de estragar. Era hora da cápsula da caixa de tic tac.
Coloquei na boca e dei um último e saudoso abraço naquela pessoa que tanto me ensinou em tão pouco tempo, e que até hoje guardo na lembrança com tanto carinho
Novamente uma sala escura, uma cadeira, uma porta.
Fiquei um longo tempo ali sentado, vivenciando essa lembrança, agora de algo que realmente aconteceu, algo que não precisa ser mudado. Me questionava porque aquela porta me levara até ali: um ciclo que teve um início, um meio e um fim, bem definidos e felizes.
Era hora de seguir adiante. A porta à minha frente me esperava. Me levaria a algo que já vivi ou algo que nunca aconteceu? Não sabia, mas queria seguir adiante, ver o que me esperava.
http://erranteescritor.blogspot.com.br/2014/03/a-casa-introducao.html
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Giro calmamente a maçaneta. Uma grande luz cega por uns instantes meus olhos, e um cheiro de ar puro e grama molhada entra por minhas narinas. Agora o sol bate em meu rosto, olho ao redor e reconheço o lugar que já estivera tantas vezes.
Ouço uma voz que parece falar comigo, olho para o lado e vejo alguém que há muito não via, e me dou conta de que dia é esse. Sim, já vivi esse dia, e acho que involuntariamente sorri.
-Agora sim. Você parecia aéreo, parece que nem ouviu eu falando.
E realmente não ouvira mesmo. Pelo menos não "nessa nova realidade". Peço desculpas e que falasse de novo, enquanto em minha mente o único pensamento que passava era em que momento daquele dia eu havia parado. Por mais que tudo aquilo tivesse ocorrido de verdade, não me sentiria bem de repetir certas coisas.
- Então, você não me respondeu. O que prefere?
A pergunta. Lembro bem dessa pergunta, dessa escolha. Não fazia ideia porque aquela porta me trouxera exatamente ali, nunca duvidei que fizera a escolha certa, se vivesse aquele momento mil vezes as mil vezes a escolha seria a mesma.
- Você me conhece o suficiente para saber que não trocaria sua amizade por nenhum momento. - respondi
Com um sorriso, me disse que sabia que essa seria minha resposta, que eu poderia ter até ambos.
Mas eu sabia que não, assim como sabia que aquela seria a última vez que nos víamos. Era o justo, era o certo e assim devia continuar a ser. O que ocorreu depois dali devia seguir seu fluxo, eu não poderia mais correr o risco de estragar. Era hora da cápsula da caixa de tic tac.
Coloquei na boca e dei um último e saudoso abraço naquela pessoa que tanto me ensinou em tão pouco tempo, e que até hoje guardo na lembrança com tanto carinho
Novamente uma sala escura, uma cadeira, uma porta.
Fiquei um longo tempo ali sentado, vivenciando essa lembrança, agora de algo que realmente aconteceu, algo que não precisa ser mudado. Me questionava porque aquela porta me levara até ali: um ciclo que teve um início, um meio e um fim, bem definidos e felizes.
Era hora de seguir adiante. A porta à minha frente me esperava. Me levaria a algo que já vivi ou algo que nunca aconteceu? Não sabia, mas queria seguir adiante, ver o que me esperava.
A Casa - Sala 1
Este texto é o segundo da série que começa com:
http://erranteescritor.blogspot.com.br/2014/03/a-casa-introducao.html
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Atravesso a porta e depois de uma grande luz, percebo que estou deitado em minha velha cama de solteiro, arrumado como se fosse sair. Por que estava ali? Depois de alguns momentos extrema estranheza, olho para meu velho celular e me dou conta que voltei quase 10 anos no tempo. Lembro do dia, lembro do que aconteceu, mas os fatos conhecidos pararam por aí.
Poucos segundos depois, o celular toca, uma mensagem de um velho número que fora conhecido:
"Pode descer, já cheguei"
Se o número era conhecido, a mensagem era inédita. Se estivesse realmente certo, era algo que de fato nunca acontecera. Atiçado pela curiosidade, me despedi de quem estava em casa e desci. Em frente ao prédio, um carro preto estava parado. O vidro do carona baixa, e me chamam.
Ainda incrédulo, mas sem querer transparecer, vou até lá e entro. Dou um beijo em sua testa, ela ri e me pergunta aonde vamos. Ainda organizando meus pensamentos para entender o que acontecia, digo que estou com fome, e sugiro a ida ao shopping perto onde poderíamos comer algo enquanto conversávamos, depois disso poderíamos ir onde ela quisesse. Ela concordou e em pouco minutos estávamos na praça de alimentação, aguardando nosso pedido ficar pronto.
Não sei com que cara eu estava, mas ela insistia em perguntar se eu estava bem, se aquela cara de espanto era emoção em vê-la. A princípio não respondia nada, apenas dava um leve sorriso. Ela começou a falar dos planos que tinha para fazermos, até que eu a interrompi:
- Desculpe, não quero atrapalhar seus planos, mas preciso falar. Você não vai entender nada, por isso só peço que me ouça. Até alguns minutos atrás eu estava uns 10 anos no futuro, e esse dia nunca aconteceu e se foi assim, foi por algum motivo que deve ser respeitado. Não sei se isso faz parte de um universo paralelo ou se tudo está ocorrendo apenas em meu subconsciente, mas acho que sei porque estou aqui. Eu precisava estar aqui para te agradecer por me ensinar a acreditar, a esperar e também a querer viver. Obrigado por me ensinar a sair da inércia, a aprender a rir e chorar. O mundo seguiu adiante, e você também deve fazê-lo. Não importa o que isso significa, um dia você vai entender.
Chorando ela levantou, coloquei uma bala na boca, fechei os olhos e lhe dei um abraço.
Quando abri os olhos novamente, eu estava novamente numa sala escura, agora menor, com uma única cadeira de frente para uma porta.
Dentro de mim, sentia que agira certo na última sala. Não seria justo agir diferente, há muito aceitara que tudo que aconteceu fora como devia ser. Não tinha tomado nenhuma decisão, no passado não houvera opção e agora eu já não era mais o mesmo, assim como tenho certeza que a pessoa que estava ali na minha frente, hoje me dia não era também aquela pessoa que eu via. Agora imaginava o que aconteceria atravessando essa porta. Será que eu viveria mais momentos que não aconteceram?
Fiquei mais alguns minutos sentado, imaginando o que me aguardava atrás dessa nova porta. Respirei fundo e abri a porta a minha frente. Que seja o Que Deus quiser.
http://erranteescritor.blogspot.com.br/2014/03/a-casa-introducao.html
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Atravesso a porta e depois de uma grande luz, percebo que estou deitado em minha velha cama de solteiro, arrumado como se fosse sair. Por que estava ali? Depois de alguns momentos extrema estranheza, olho para meu velho celular e me dou conta que voltei quase 10 anos no tempo. Lembro do dia, lembro do que aconteceu, mas os fatos conhecidos pararam por aí.
Poucos segundos depois, o celular toca, uma mensagem de um velho número que fora conhecido:
"Pode descer, já cheguei"
Se o número era conhecido, a mensagem era inédita. Se estivesse realmente certo, era algo que de fato nunca acontecera. Atiçado pela curiosidade, me despedi de quem estava em casa e desci. Em frente ao prédio, um carro preto estava parado. O vidro do carona baixa, e me chamam.
Ainda incrédulo, mas sem querer transparecer, vou até lá e entro. Dou um beijo em sua testa, ela ri e me pergunta aonde vamos. Ainda organizando meus pensamentos para entender o que acontecia, digo que estou com fome, e sugiro a ida ao shopping perto onde poderíamos comer algo enquanto conversávamos, depois disso poderíamos ir onde ela quisesse. Ela concordou e em pouco minutos estávamos na praça de alimentação, aguardando nosso pedido ficar pronto.
Não sei com que cara eu estava, mas ela insistia em perguntar se eu estava bem, se aquela cara de espanto era emoção em vê-la. A princípio não respondia nada, apenas dava um leve sorriso. Ela começou a falar dos planos que tinha para fazermos, até que eu a interrompi:
- Desculpe, não quero atrapalhar seus planos, mas preciso falar. Você não vai entender nada, por isso só peço que me ouça. Até alguns minutos atrás eu estava uns 10 anos no futuro, e esse dia nunca aconteceu e se foi assim, foi por algum motivo que deve ser respeitado. Não sei se isso faz parte de um universo paralelo ou se tudo está ocorrendo apenas em meu subconsciente, mas acho que sei porque estou aqui. Eu precisava estar aqui para te agradecer por me ensinar a acreditar, a esperar e também a querer viver. Obrigado por me ensinar a sair da inércia, a aprender a rir e chorar. O mundo seguiu adiante, e você também deve fazê-lo. Não importa o que isso significa, um dia você vai entender.
Chorando ela levantou, coloquei uma bala na boca, fechei os olhos e lhe dei um abraço.
Quando abri os olhos novamente, eu estava novamente numa sala escura, agora menor, com uma única cadeira de frente para uma porta.
Dentro de mim, sentia que agira certo na última sala. Não seria justo agir diferente, há muito aceitara que tudo que aconteceu fora como devia ser. Não tinha tomado nenhuma decisão, no passado não houvera opção e agora eu já não era mais o mesmo, assim como tenho certeza que a pessoa que estava ali na minha frente, hoje me dia não era também aquela pessoa que eu via. Agora imaginava o que aconteceria atravessando essa porta. Será que eu viveria mais momentos que não aconteceram?
Fiquei mais alguns minutos sentado, imaginando o que me aguardava atrás dessa nova porta. Respirei fundo e abri a porta a minha frente. Que seja o Que Deus quiser.
terça-feira, 18 de março de 2014
A Casa - Introdução
A série de textos que vou escrever hoje, como diria uma bela artista por quem tenho apreço, é uma releitura de um texto que escrevi anos atrás, que por sua vez é inspirado no livro "A Casa" de André Vianco. Recomendo a leitura do livro a quem desejar.
Introdução
Caminhava deixando o pensamento ir longe. Em meus pensamentos imaginava diferentes caminhos para diversas situações. A inebriante teoria do "se" me rondava naquele dia: e "se" tal coisa tivesse acontecido, e "se" outra não tivesse, e "se".... etc.
Perdido nos pensamento, observo alguém fazendo panfletagem e acho curioso o fato da entrega aleatória dos papéis. Normalmente vemos esticando os papéis e os passantes pegam ou não. Esse parecia entregar a algumas pessoas, a outras não. Costumo sempre que posso pegar os panfletos oferecidos, mesmo que não chegue sequer a ler, pois acredito que isso valoriza o trabalho das pessoas, além de que eu no lugar delas ia querer que todos pegassem e eu acabasse com a pilha que tinha em mãos.
Mas naquele dia, minha curiosidade foi extremamente aguçada pela aparente escolha que a pessoa fazia. Passei ao lado dele e me foi oferecido um papel um bocado intrigante, apenas uma frase:
Dê uma nova chance aos pensamentos. Descubra outras decisões. Tente.
Abaixo disso um endereço próximo. Não custava passar pela porta e ver do que se tratava. Se fosse alguma loja, com certeza a propaganda tinha surtido efeito comigo aguçando minha curiosidade.
Cheguei até o local, uma casa simples, estilo antigo, bem cuidada, com algumas flores ao lado da pequena escada que dava acesso à porta. Cerca de meia dúzia de pessoas estavam na porta e olhavam com mesmo olhar curioso para o lugar, quando uma senhora já com mais de uns 60 anos veio à porta insistindo que todos entrassem. Diante de tamanha amabilidade, entrei, assim como os demais que circundavam a casa.
A senhora fez um breve discurso dizendo que todos deviam se dar uma nova chance, descobrir novos rumos, saber o que ganharam, o que poderiam ter ganho. Mais que isso cada um sabia exatamente o que fazia ali, mesmo que conscientemente não tivesse certeza. Distribuiu a cada um uma xícara de chá e uma caixinha que parecia tic tac, e disse que todos eram livres para largar aquilo ali mesmo e irem embora, ou tomarem o chá e atravessarem a porta que ficava a frente de onde estava sentado. Caso quisesse voltar à sala bastava colocar uma bala daquelas na boca.
A história parecia meio louca, mas achei que poderia ser interessante tentar. O chá cheirava a erva doce, a casa era pequena, e na minha opinião todas aquelas portas dariam para o mesmo lugar, provavelmente o quintal da casa. Tomei o chá em um só gole e atravessei a porta. Seja o que Deus quiser.
Introdução
Caminhava deixando o pensamento ir longe. Em meus pensamentos imaginava diferentes caminhos para diversas situações. A inebriante teoria do "se" me rondava naquele dia: e "se" tal coisa tivesse acontecido, e "se" outra não tivesse, e "se".... etc.
Perdido nos pensamento, observo alguém fazendo panfletagem e acho curioso o fato da entrega aleatória dos papéis. Normalmente vemos esticando os papéis e os passantes pegam ou não. Esse parecia entregar a algumas pessoas, a outras não. Costumo sempre que posso pegar os panfletos oferecidos, mesmo que não chegue sequer a ler, pois acredito que isso valoriza o trabalho das pessoas, além de que eu no lugar delas ia querer que todos pegassem e eu acabasse com a pilha que tinha em mãos.
Mas naquele dia, minha curiosidade foi extremamente aguçada pela aparente escolha que a pessoa fazia. Passei ao lado dele e me foi oferecido um papel um bocado intrigante, apenas uma frase:
Dê uma nova chance aos pensamentos. Descubra outras decisões. Tente.
Abaixo disso um endereço próximo. Não custava passar pela porta e ver do que se tratava. Se fosse alguma loja, com certeza a propaganda tinha surtido efeito comigo aguçando minha curiosidade.
Cheguei até o local, uma casa simples, estilo antigo, bem cuidada, com algumas flores ao lado da pequena escada que dava acesso à porta. Cerca de meia dúzia de pessoas estavam na porta e olhavam com mesmo olhar curioso para o lugar, quando uma senhora já com mais de uns 60 anos veio à porta insistindo que todos entrassem. Diante de tamanha amabilidade, entrei, assim como os demais que circundavam a casa.
A senhora fez um breve discurso dizendo que todos deviam se dar uma nova chance, descobrir novos rumos, saber o que ganharam, o que poderiam ter ganho. Mais que isso cada um sabia exatamente o que fazia ali, mesmo que conscientemente não tivesse certeza. Distribuiu a cada um uma xícara de chá e uma caixinha que parecia tic tac, e disse que todos eram livres para largar aquilo ali mesmo e irem embora, ou tomarem o chá e atravessarem a porta que ficava a frente de onde estava sentado. Caso quisesse voltar à sala bastava colocar uma bala daquelas na boca.
A história parecia meio louca, mas achei que poderia ser interessante tentar. O chá cheirava a erva doce, a casa era pequena, e na minha opinião todas aquelas portas dariam para o mesmo lugar, provavelmente o quintal da casa. Tomei o chá em um só gole e atravessei a porta. Seja o que Deus quiser.
Uma lástima
Já dei minha opinião sobre esse tipo de coisa, hoje deixarei apenas a matéria, reforçando minha opinião: não creio ser certo, nem que funcione direito para nenhum dos lados.

Canção Nova, obrigado (SIC!!) por mostrar-se à disposição de destruir a Doutrina Católica viva por centenas de anos. Por convidar um pastor protestante para celebrar um culto nas dependências deste cenário "católico", ao custo de quê? IBOPE? Ecumenismo? Acreditamos que, talvez sendo a maior mídia "católica" do Brasil, caíram nas garras da Teologia da Libertação, do Marxismo Cultural, da Revolução Cultural e causaram vergonha à muitos católicos em permitir que fosse celebrado um culto protestante em um ambiente onde se celebra a Santa Missa!
Quando se está celebrando a Santa Missa, ai podemos ver o Crucificado, o ícone de Nossa Senhora, um altar, um padre... mas, é só esconder o mesmo ícone, o mesmo Crucificado como esforço para que se possa agradar ao pastor protestante, não é?
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Muitos católicos ficaram escandalizados com as ações tomadas pela TV Canção Nova para a produção do EUCRISTUS (Encontro de Cristãos na Busca de Unidade e Santidade). A emissora convidou personalidades protestantes para falar e transmitir suas palavras AO VIVO, ou seja, sem preocupação alguma do tipo de conteúdo que seria dito aos fiéis, o resultado não poderia ser mais trágico.
O pastor José Carlos disse abertamente que o Espírito Santo inspirou a eles (ele e sua esposa) pra formarem uma só Igreja através do ecumenismo. O que vai frontalmente contra a doutrina católica que ensina com todas as letras que a verdadeira unidade do cristianismo se dá na adesão ao catolicismo. Fechando com chave de ouro, o pastor convidou aos presente "Venham nos fazer uma visita, venham conhecer nossa comunidade"
Outros esforços foram feitos para agradar os protestantes, entre eles a remoção da imagem do crucificado da cruz (imagem acima) e a remoção do ícone de Nossa Senhora do local.
Entre os absurdos que a Canção Nova permitiu, aconteceu um CULTO PROTESTANTE dentro de suas dependências, no Auditório São Paulo enquanto os católicos estavam assistindo a Santa Missa.
Se é preciso esconder a face católica para que se tenha ecumenismo, então não existe ecumenismo algum.
Fonte: fidespress.com

Canção Nova, obrigado (SIC!!) por mostrar-se à disposição de destruir a Doutrina Católica viva por centenas de anos. Por convidar um pastor protestante para celebrar um culto nas dependências deste cenário "católico", ao custo de quê? IBOPE? Ecumenismo? Acreditamos que, talvez sendo a maior mídia "católica" do Brasil, caíram nas garras da Teologia da Libertação, do Marxismo Cultural, da Revolução Cultural e causaram vergonha à muitos católicos em permitir que fosse celebrado um culto protestante em um ambiente onde se celebra a Santa Missa!
Quando se está celebrando a Santa Missa, ai podemos ver o Crucificado, o ícone de Nossa Senhora, um altar, um padre... mas, é só esconder o mesmo ícone, o mesmo Crucificado como esforço para que se possa agradar ao pastor protestante, não é?
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Muitos católicos ficaram escandalizados com as ações tomadas pela TV Canção Nova para a produção do EUCRISTUS (Encontro de Cristãos na Busca de Unidade e Santidade). A emissora convidou personalidades protestantes para falar e transmitir suas palavras AO VIVO, ou seja, sem preocupação alguma do tipo de conteúdo que seria dito aos fiéis, o resultado não poderia ser mais trágico.
O pastor José Carlos disse abertamente que o Espírito Santo inspirou a eles (ele e sua esposa) pra formarem uma só Igreja através do ecumenismo. O que vai frontalmente contra a doutrina católica que ensina com todas as letras que a verdadeira unidade do cristianismo se dá na adesão ao catolicismo. Fechando com chave de ouro, o pastor convidou aos presente "Venham nos fazer uma visita, venham conhecer nossa comunidade"
Outros esforços foram feitos para agradar os protestantes, entre eles a remoção da imagem do crucificado da cruz (imagem acima) e a remoção do ícone de Nossa Senhora do local.
Entre os absurdos que a Canção Nova permitiu, aconteceu um CULTO PROTESTANTE dentro de suas dependências, no Auditório São Paulo enquanto os católicos estavam assistindo a Santa Missa.
Se é preciso esconder a face católica para que se tenha ecumenismo, então não existe ecumenismo algum.
Fonte: fidespress.com
quinta-feira, 13 de março de 2014
Ciúme
O que é ciúme? Segundo o dicionário Aurélio temos:
s.m. Emulação, inveja; zelo de amor. / Pesar, despeito por ver alguém possuir um bem que se desejaria ter: o ciúme o atormenta. / Receio de que a pessoa amada se apegue a outrem.
Houve quem matasse por isso, outros como Ultraje a Rigor, querem levar uma vida moderninha, mas se "mordem de ciúmes".
Não mataria, e creio que também não morreria por isso. Sempre penso que sentimentos são coisas complexas para serem exprimidas em palavras, em especial quando envolvem mais de uma pessoa. Acredito que só as pessoas envolvidas em determinado sentimento conseguiriam entendê-lo, pois cada um é único e por si só especial: não há dois "amores" iguais, dois ciúmes iguais. Cada caso é um caso, cada sentimento é um sentimento.
Nesse momento você, nobre leitor, deve estar se perguntando: se não vai opinar, não vai dizer o que acha, por que escrever sobre o assunto? Você tem razão, mas também pressa em seus pensamentos.
Seguindo a definição do dicionário, podemos dizer que existem vários tipos de ciúmes.
O ciúme com sentido de inveja, aquela inveja ruim, é o pior. Tão ruim que nem considero com ciúme. É um desejo do tipo: se eu não posso (ter, fazer ou ser) ninguém mais pode. Isso é mesquinharia do maior grau e nem vale o tempo de se comentar.
O segundo tipo que podemos citar é o "receio de que a pessoa amada se apegue a outrem". Creio que esse tipo seja o estágio inicial de outro tipo, mas é bem representativo. A insegurança do início de qualquer relacionamento afetivo, por mais tempo que tenha o relacionamento, esse receio aparece mais quando menos consolidado estar. Costumo dizer que quem ama confia, não precisa de ter ciúme e também não precisa nem o provocar. Quem ama sabe se portar. É um ciúme ruim na hora, mas até gostoso de sentir e ter provocado, o que mostra um amor, mesmo que em fase embrionária.
O ciúme de posse é algo um pouco estranho. Muitas vezes se confunde com o anterior, mas no fundo não é um receio por amor e sim pela possibilidade de "perda de algo que possuía". Muito triste quando isso acontece, pois se dá pelo hábito do que se tem na vida e não pelo amor que se tem.
O último tipo de que falarei é o que considero belo e puro. Não é o receio que a pessoa amada se apegue a alguém e sim que a pessoa a quem temos apreço não seja tão feliz quanto você crê que ela poderia ser ou que você poderia fazer. Aí envolve um misto de amor, ciúme e culpa, pois pode vir a sensação de que você sabe que poderia fazer mais para que ela fosse feliz, e não o fez ou não convenceu o "ser amado" que é capaz de fazer. De fato esse é o único deles que pode ser dito como zelo realmente, pois vem do amor, seja qual for seu tipo ou intensidade.
Longe de ser poeta, essa é uma definição torta de um sentimento sinuoso... Caso algum poeta queira comentar, fique a vontade. Ficarei feliz de ler outros pontos de vista.
segunda-feira, 10 de março de 2014
Carnaval
"A luz apaga porque já raiou o dia
e a fantasia vai voltar pro barracão
outra ilusão desaparece quarta-feira
queira ou não queira terminou o carnaval (...)"
Ah! Fim do carnaval! Quem me conhece sabe o quanto gosto da quarta-feira de cinzas. Fim do carnaval, da agitação... Início da Quaresma, e efetivamente do ano.
Pode parecer uma afirmação ranzinza, de aversão à festa, à diversão popular, mas acredite em mim, não é. O carnaval tem "duas importâncias" que admito e acredito: desopilação mental (para quem gosta) e prenuncio da Quaresma (para quem crê). Infelizmente essas duas características acabam perdendo a ligação entre si, diante da desestruturação social provocada tipo de festa que se tornou o carnaval.
Em sua origem recente, carnaval era a última festa antes de começar o segundo período mais importante da Igreja: a Quaresma, época de reflexão e preparação para Páscoa que só perde em importância para própria Páscoa. Usualmente não se comia carne durante a Quaresma, por isso fazia-se essa "festa da carne", carneval, carnaval.
Deturpado o sentido da festa, assim como a sociedade em si cada dia mais deturpada, virou uma festa de depravação, onde o culto à libido é maior que a própria vontade de se divertir verdadeiramente. Pessoas, sob a desculpa de ser carnaval, já não são donas de si mesmas, passam a ser de todos e ao mesmo tempo de ninguém. A dança, a música, tudo passou a ser apenas um complemento aos principais atores da festa: "pegação", sexo. No meio disso, ainda tem que só queira brigar...
Lembro de meus tempos de criança, tinha uma bandinha na esquina que tocava aquelas músicas antigas de carnaval. Minha alegria no carnaval era apenas ir até onde estava a bandinha, e comer pipoca doce e salgada misturada. Desde aquele tempo não era adepto de ficar no meio da muvuca, nem podia na época. Mas era algo alegre de se ver, algo civilizado onde no fim tudo que se via era confete, serpentina. Hoje, no melhor dos cenários, quando um bloco passa ficam toneladas de lixo de todos os tipos, e um cheiro insuportável de urina.
Sonho com a volta dos velhos carnavais, onde quem gosta pode se divertir sem medo, e sem ter que presenciar situações lamentáveis e odores tão lamentáveis quanto. E quem não gosta possa olhar e sorrir com alegria dos foliões de verdade.
e a fantasia vai voltar pro barracão
outra ilusão desaparece quarta-feira
queira ou não queira terminou o carnaval (...)"
Ah! Fim do carnaval! Quem me conhece sabe o quanto gosto da quarta-feira de cinzas. Fim do carnaval, da agitação... Início da Quaresma, e efetivamente do ano.
Pode parecer uma afirmação ranzinza, de aversão à festa, à diversão popular, mas acredite em mim, não é. O carnaval tem "duas importâncias" que admito e acredito: desopilação mental (para quem gosta) e prenuncio da Quaresma (para quem crê). Infelizmente essas duas características acabam perdendo a ligação entre si, diante da desestruturação social provocada tipo de festa que se tornou o carnaval.
Em sua origem recente, carnaval era a última festa antes de começar o segundo período mais importante da Igreja: a Quaresma, época de reflexão e preparação para Páscoa que só perde em importância para própria Páscoa. Usualmente não se comia carne durante a Quaresma, por isso fazia-se essa "festa da carne", carneval, carnaval.
Deturpado o sentido da festa, assim como a sociedade em si cada dia mais deturpada, virou uma festa de depravação, onde o culto à libido é maior que a própria vontade de se divertir verdadeiramente. Pessoas, sob a desculpa de ser carnaval, já não são donas de si mesmas, passam a ser de todos e ao mesmo tempo de ninguém. A dança, a música, tudo passou a ser apenas um complemento aos principais atores da festa: "pegação", sexo. No meio disso, ainda tem que só queira brigar...
Lembro de meus tempos de criança, tinha uma bandinha na esquina que tocava aquelas músicas antigas de carnaval. Minha alegria no carnaval era apenas ir até onde estava a bandinha, e comer pipoca doce e salgada misturada. Desde aquele tempo não era adepto de ficar no meio da muvuca, nem podia na época. Mas era algo alegre de se ver, algo civilizado onde no fim tudo que se via era confete, serpentina. Hoje, no melhor dos cenários, quando um bloco passa ficam toneladas de lixo de todos os tipos, e um cheiro insuportável de urina.
Sonho com a volta dos velhos carnavais, onde quem gosta pode se divertir sem medo, e sem ter que presenciar situações lamentáveis e odores tão lamentáveis quanto. E quem não gosta possa olhar e sorrir com alegria dos foliões de verdade.
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