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quarta-feira, 19 de março de 2014

A Casa - Sala 2

Este texto é o terceiro texto da série que começa com:

http://erranteescritor.blogspot.com.br/2014/03/a-casa-introducao.html

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Giro calmamente a maçaneta. Uma grande luz cega por uns instantes meus olhos, e um cheiro de ar puro e grama molhada entra por minhas narinas. Agora o sol bate em meu rosto,  olho ao redor e reconheço o lugar que já estivera tantas vezes.

Ouço uma voz que parece falar comigo, olho para o lado e vejo alguém que há muito não via, e me dou conta de que dia é esse. Sim, já vivi esse dia, e acho que involuntariamente sorri.

-Agora sim. Você parecia aéreo, parece que nem ouviu eu falando.

E realmente não ouvira mesmo. Pelo menos não "nessa nova realidade". Peço desculpas e que falasse de novo, enquanto em minha mente o único pensamento que passava era em que momento daquele dia eu havia parado. Por mais que tudo aquilo tivesse ocorrido de verdade, não me sentiria bem de repetir certas coisas.

- Então, você não me respondeu. O que prefere?

A pergunta. Lembro bem dessa pergunta, dessa escolha. Não fazia ideia porque aquela porta me trouxera exatamente ali, nunca duvidei que fizera a escolha certa, se vivesse aquele momento mil vezes as mil vezes a escolha seria a mesma.

- Você me conhece o suficiente para saber que não trocaria sua amizade por nenhum momento. - respondi

Com um sorriso, me disse que sabia que essa seria minha resposta, que eu poderia ter até ambos.

Mas eu sabia que não, assim como sabia que aquela seria a última vez que nos víamos. Era o justo, era o certo e assim devia continuar a ser. O que ocorreu depois dali devia seguir seu fluxo, eu não poderia mais correr o risco de estragar. Era hora da cápsula da caixa de tic tac.

Coloquei na boca e dei um último e saudoso abraço naquela pessoa que tanto me ensinou em tão pouco tempo, e que até hoje guardo na lembrança com tanto carinho

Novamente uma sala escura, uma cadeira, uma porta.

Fiquei um longo tempo ali sentado, vivenciando essa lembrança, agora de algo que realmente aconteceu, algo que não precisa ser mudado. Me questionava porque aquela porta me levara até ali: um ciclo que teve um início, um meio e um fim, bem definidos e felizes.

Era hora de seguir adiante. A porta à minha frente me esperava. Me levaria a algo que já vivi ou algo que nunca aconteceu? Não sabia, mas queria seguir adiante, ver o que me esperava.


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