A série de textos que vou escrever hoje, como diria uma bela artista por quem tenho apreço, é uma releitura de um texto que escrevi anos atrás, que por sua vez é inspirado no livro "A Casa" de André Vianco. Recomendo a leitura do livro a quem desejar.
Introdução
Caminhava deixando o pensamento ir longe. Em meus pensamentos imaginava diferentes caminhos para diversas situações. A inebriante teoria do "se" me rondava naquele dia: e "se" tal coisa tivesse acontecido, e "se" outra não tivesse, e "se".... etc.
Perdido nos pensamento, observo alguém fazendo panfletagem e acho curioso o fato da entrega aleatória dos papéis. Normalmente vemos esticando os papéis e os passantes pegam ou não. Esse parecia entregar a algumas pessoas, a outras não. Costumo sempre que posso pegar os panfletos oferecidos, mesmo que não chegue sequer a ler, pois acredito que isso valoriza o trabalho das pessoas, além de que eu no lugar delas ia querer que todos pegassem e eu acabasse com a pilha que tinha em mãos.
Mas naquele dia, minha curiosidade foi extremamente aguçada pela aparente escolha que a pessoa fazia. Passei ao lado dele e me foi oferecido um papel um bocado intrigante, apenas uma frase:
Dê uma nova chance aos pensamentos. Descubra outras decisões. Tente.
Abaixo disso um endereço próximo. Não custava passar pela porta e ver do que se tratava. Se fosse alguma loja, com certeza a propaganda tinha surtido efeito comigo aguçando minha curiosidade.
Cheguei até o local, uma casa simples, estilo antigo, bem cuidada, com algumas flores ao lado da pequena escada que dava acesso à porta. Cerca de meia dúzia de pessoas estavam na porta e olhavam com mesmo olhar curioso para o lugar, quando uma senhora já com mais de uns 60 anos veio à porta insistindo que todos entrassem. Diante de tamanha amabilidade, entrei, assim como os demais que circundavam a casa.
A senhora fez um breve discurso dizendo que todos deviam se dar uma nova chance, descobrir novos rumos, saber o que ganharam, o que poderiam ter ganho. Mais que isso cada um sabia exatamente o que fazia ali, mesmo que conscientemente não tivesse certeza. Distribuiu a cada um uma xícara de chá e uma caixinha que parecia tic tac, e disse que todos eram livres para largar aquilo ali mesmo e irem embora, ou tomarem o chá e atravessarem a porta que ficava a frente de onde estava sentado. Caso quisesse voltar à sala bastava colocar uma bala daquelas na boca.
A história parecia meio louca, mas achei que poderia ser interessante tentar. O chá cheirava a erva doce, a casa era pequena, e na minha opinião todas aquelas portas dariam para o mesmo lugar, provavelmente o quintal da casa. Tomei o chá em um só gole e atravessei a porta. Seja o que Deus quiser.
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