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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

2022...

 Já escrevi um pouco sobre as perspectivas para o novo ano na mensagem de Natal. Entretanto, cri ser bom escrever um pouco mais hoje, dia que o ano se encerra.

Poucas vezes em minha vida senti o que estou prestes a escrever: "apaguem 2021" e vamos começar de novo. Em geral, mesmo nos anos mais difíceis, costumo afirmar que tirei grandes ensinamentos do ano, das dificuldades, etc. Não, caro leitor, não quero afirmar que dessa vez não aprendi absolutamente nada, pelo contrário, aprendi muito entre erros e acertos, mas pela primeira vez acredito que poderia aprender em qualquer ano, qualquer situação diversa da que se passa.

Contudo, prefiro encarar esse ano como o segundo filme de uma trilogia: normalmente não é um bom filme, mas uma conexão entre o primeiro, que trouxe todo o enredo da história e o terceiro que virá com o desfecho e, na grande maioria dos filmes, o "final feliz". Será que conseguimos?

Dois mil e vinte trouxe grandes desafios, limitações, medos e dúvidas, que se prolongaram por todo esse ano, porém, tivemos uma ponta de esperança nos últimos meses. Uma esperança que realmente podemos fazer de dois mil e vinte dois, um ano de grande conclusão dessa fase de incertezas. Um grande desfecho desse enorme, e em muitos casos doloroso, aprendizado.

Nessa linha, me perguntaram sobre metas para o novo ano. Minha única meta é chegar ao fim do ano vivo e bem de saúde. Não é pessimismo ou algo do tipo. Resolvi não fazer metas, não ter metas e viver dia a dia. Tenho planos que vou concluindo conforme é possível, e espero continuar dessa forma.

Acredito que esse ano será de surpresas. Não importa se boas ou ruins, será de surpresas. E dependerá de nós transformarmos o que for uma "surpresa ruim" em oportunidade de fazermos melhor, de mudarmos para algo melhor.

Que assim seja! Feliz 2022 e uma vida feliz a todos

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Então é Natal...

 Então é Natal... Não, não caro leitor. Não recitarei nem colocarei aqui a velha e recorrente música da época de Natal gravada pela cantora Simone. Tampouco colocarei uma mensagem de Natal, como de costume. Essa é mais uma mensagem de esperança.

Pelo segundo ano seguido, temos um Natal em meio a dúvidas, medos e receios por causa dessa pandemia global. Caso você esteja lendo esse texto bem depois, saiba que os anos de 2020 e 2021 foram bem complicados em todo o mundo. Pandemia de um vírus que dizimou uma boa parte das pessoas e afetou tantas outras. Só no Brasil passamos do meio milhão de óbitos pela COVID19. E mais uma vez, chegamos ao Natal em meio a tudo isso. Dessa vez temos vacina, e o ritmo de mortes e contaminações diárias parecem ter desacelerado um pouco, mas ainda está alto o bastante para não relaxar nos cuidados.

E esta é a grande esperança. Celebramos o nascimento de Jesus, para os que creem filho de Deus feito homem que nasceu e viveu dentre nós, e morreu por nossa ignorância e pecado. Morreu pela soberba humana, pelo medo de perderem o poder e a influência do povo. Para os que não creem é apenas uma festa pagã, onde muitos trocam presentes e confraternizam. Para ambos casos, insisto em dizer ser um tempo de esperança.

Em sete dias o ano se encerra, e vem a grande pergunta, presente até na música cita anteriormente: o que você fez? O ano termina e nasce outra vez... O que queremos do ano que está chegando? O que aprendemos com esse ano que passou? O que levamos de tudo que passamos e o que deixamos para trás?

Talvez eu já tenha respondido grande parte dessas questões ao longo dos poucos textos que escrevi este ano, mas mesmo assim posso resumir, respondendo a cada pergunta. Algo como uma confissão de fim de ano.

Fiz pouco, ou bem pouco do que pretendia esse ano, assim como todos os que iniciam o ano planejando. Cada vez tenho planejado menos e mesmo assim não cumprindo tudo. Estou vivo, e diante das intempéries que andam tendo no mundo isso é um lucro grande. Quero um ano de paz, de renovação e ajustes. É complicado, porém, a verdade é que no fim 2021 foi mentalmente muito mais exaustivo que o ano anterior. Aprendi que por mais que tente, muitas coisas não mudam, muitas pessoas têm uma dificuldade grande de aceitar que não estão sempre certas, que discordar nem sempre é um ato anárquico e sim de sabedoria e paz de espírito. Levo comigo esse aprendizado que as pessoas se perdem e por mais que tentemos ajudar, muitas vezes não querem ajuda ou não conseguem aceitar a ajuda. E como o resgate de um afogado, arriscamos nos afogar tentando ajudar, a diferença é que nem sempre é possível desacordar alguém para puxar para margem. Em muitos casos a pessoa tem que perceber ser o caminho certo, e não vir sem sentido., pois se assim o fizer, voltará para as "águas profundas" para afogar-se. Deixo para trás muito mais do que gostaria, e muito menos que precisava. Deixo grande parte da culpa que nunca tive, da mágoa que nunca foi provocada e de outros sentimentos similares que nunca foram sentidos. No entanto, deixo também a memória de pessoas especiais que se foram, vítimas da pandemia e da imprudência, principalmente governamental, agora estão junto ao Pai. A saudade fica, mas as lembranças também. E a esperança de um recomeço no novo ano. 

Não será um ano fácil. Recomeços nunca são, mas é preciso enfrentar as mudanças, superar o desanimo, vencer o ócio e passar pelos dias difíceis. Os dias bons retornarão. Eu tenho fé.

Feliz e abençoado Natal. E um novo ano de mudanças e paz. 


quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Mensagens obsoletas III

 Das indas e vindas até as palavras perdidas de tempos sem referência. Tudo ocorreu como um grande turbilhão, um verdadeiro maremoto, meu caro. Um turbilhão que movimentou todos os alicerces e crenças que eu tinha, até não haver sentimentos ou palavras que bastassem em meu entendimento. No fim eu não entendia absolutamente nada, pois antes não sabia e continuei sem saber, me deixando levar pela onda que fora levantada por tamanho fenômeno.

Contudo, os pensamentos, os sonhos, os planos, todos dependem intrinsecamente da entrega e da verdade. Quando um desses falha, o ‘tsunami’ apenas passa e deixa o rastro de destruição no caminho. Os cacos, os escombros precisam ser recolhidos, edificações e ruas reparadas, mesmo que nunca voltem a ser como antes. E não voltam. Não devem voltar. Há de se aproveitar que à terra foi revolvida e prepará-la para melhores plantios e melhores colheitas. 

Entre indas e vindas, reconstruções constantes, entre erros que recebia e ofertava também, aprendi a ser melhor, não para alguém, como um dia almejei ser, mas para mim mesmo. Sendo melhor para mim, seria invariavelmente melhor para quem esteja por perto, quem queira estar.

Entre buscas em vazio, aprendi a valorizar o que existe, agradecer o que me é ofertado, e mais tarde a recusar gentilmente o que não cabe a mim. Mesmo após um longo tempo, busquei uma verdade que cri existir, em meio a certezas e incertezas. Entreguei verdades, questionei verdades e recebi palavras duvidosas. Não pude remar mais. 

Edificações e ruas reconstruídas após a intempérie. Porém, o rio mudou seu curso, e meu barco já não poderia navegar em um lugar que sinto ser só de pedras, mesmo que me digam ter um vasto calado.

Meu velho e obsoleto barco. Mas ele é que me leva adiante.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Abrace a saudade

 



Abrace a saudade

Quando ela chegar

Quando ela fizer,

Você se lembrar...


Do abraço gostoso

Da mão mais macia

Da voz, da firmeza

Da palavra amiga...


Do pai, do irmão,

Do primo e da tia

Do bairro de antes

Da casa antiga...


Abrace a saudade

Quando ela chegar

Porque ela não chega

Prá te incomodar...


Ela vem na mente

E no coração

Só prá te dizer

Não acabou não...


Que a parte ainda vive

No seu pensamento

E ainda mais vive

Lá no firmamento...


No céu que o Senhor

Preparou para alguém

Que deixou saudades

E sorrisos também...


Abrace a saudade

Pois ela é amiga

Te faz recordar

De gente querida...


Abrace a saudade

Agradeça a ela

Foi Deus quem te deu...


Quer um conselho meu?

Dê um abraço nela...


Ítalo Poeta

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Mensagens obsoletas II

 É estranho escrever agora, sem saber para onde endereçar, nem mesmo ao certo a quem endereçar. Sim, a quem.

Já não conheço o destinatário, não como cri um dia conhecer, contudo, ainda não tenho certeza de conhecer profundamente o remetente. Mas esse precisa escrever, por isso o estou fazendo.

Cri conhecer temporalmente, da mesma forma que custei a perceber (e crer) que não entendia. Talvez essa seja a expressão mais adequada para uma situação tão escatológica: eu não entendo. Não entendo hoje, assim como não entendi no passado, dentre tantos momentos diversos e palavras soltas que fizeram o mundo ir a picos tão altos e tão baixos, situações tão inexplicavelmente estranhas que me deixaram absorto. Levei décadas a entender sendo preciso outra situação tão inexplicavelmente estranha acontecer para enxergar, ou simplesmente concluir, o que estava acontecendo, o que acontecera outrora  também. Dois momentos distintos, porém duas situações similares: na primeira palavras soltas, caligrafias ocultas descobertas e de outra parte palavras duras e conhecidas. Fiz promessas, que depois concluí serem desnecessárias, pois a necessidade traria o mundo ao eixo que aparentava ser normal. Novos tempos, novo normal, novas situações e da mesma forma novas palavras, agora não mais veladas, mais diretas de vozes nem mesmo conhecidas, contudo assumidas. Alguns dias e descobri o motivo, o uso, o de "agora", o de "outrora". Sem assunção, apenas dedução. Pode ser um erro, ou não.

Porém, não há arrependimento, nem foi tempo perdido. Fica a lembrança dos bons-dias, das trocas e momentos. Se ocorre o uso, há quem apropria e quem permita. Se há troca, nem ambos os lados estão equilibrados, nem precisam estar. Mesmo havendo motivos totalmente alheios e diversos da situação apresentada, os dias bons ficam, como lembrança e remédio. Dias bons e ruins, altos e baixos. E tudo que passou ficou obsoleto, ficou na lembrança. Como esta mensagem sem destinatário.

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Das visões do sol

 Por tantas vezes esteve ali, mas nem sempre o enxerguei, e por motivos diversos.

Era criança, ele me iluminava, tornava os dias mais quentes, iluminados e alegres, mas mesmo assim eu não percebia ao certo sua presença, mesmo sendo cheio dele. Éramos como um só ser, mesmo quando o dia parecia ser chuvoso, ele emanava dentro de mim.

Ainda quando criança, tive pela primeira vez a fuga de um raio de sol. “Está impossível viver nesse mundo!”. Ouvi a frase, e uma parte de todo aquele sol se esvaiu. Era como se toda a blindagem que eu tinha para as trevas ao redor tivesse sofrido uma rachadura, e agora toda a luz guardada em mim, pudesse escapar.

Conforme crescia, olhava o sol do lado de fora e percebia que meu sol interno ia enfraquecendo. Enquanto aprendia que no céu, o sol tinha em seu núcleo uma quantidade estupenda de combustível para brilhar e aquecer mais alguns bilhões de anos, sabia que meu sol interno não tinha mais tanto combustível assim. Por vezes eu sentia que algum combustível era injetado, e seu brilho aumentava, tantas outras sentia gastar mais e mais combustível para manter-se diante das densas nuvens. Houve pessoas que pareciam que queriam compartilhar o brilho, mas no fim apenas queriam se apropriar do que eu tinha.

Durante um tempo blindei-me, e enquanto o fazia percebia que apenas aparentava um brilho que já não tinha tanta força. Parecia ser a coisa certa a fazer, afinal na teoria não perderia aquele brilho que ainda iluminava o fundo do emu ser, e ainda aquecia, mesmo que bem menos que outrora. Apenas parecia a coisa certa, pois meu sol interno não se alimentava e estava cada vez mais fraco.

A blindagem não funcionava. Tentava olhar para o sol externo, esquecer tudo e me aquecer e nos curtos momentos que me permiti isso, me senti um pouco aquecido. Descobri pessoas que perderam um pouco de seu brilho também, mas mesmo assim ofereciam o que tinha para alegrar-me. Hoje sou grato a essas poucas pessoas que compartilham seu brilho e com que compartilho o meu. Surpreendentemente isso alimenta nosso “sol interior”.

E da janela observo o por-do-sol, certo de que renascerá a cada dia. Assim como cada um de nós.

Gratidão

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Sempre é tempo

É chegado o tempo de crescer. É tempo de superar os medos e receios e acreditar mais em si.

Estamos em um tempo de um novo normal. A pandemia nos trouxe a percepção que somos frágeis, capazes de sermos dizimados por um simples vírus. Já sabíamos disso, mas tentávamos ignorar o máximo que podíamos até o momento em que não pudemos mais ignorar. Somos fracos, frágeis e dependentes uns dos outros, mesmo que essa dependência seja mantermos distancia quando preciso e nos cuidarmos. A pandemia trouxe essa ideia: enquanto o outro não se cuidar, não se vacinar, não se proteger, todos estamos em perigo. O vírus quando sobrevive sofre mutações, e nós é que acabamos por não sobreviver a isso.

É chegado o tempo de aprendermos a pensar coletivamente, a pensarmos no próximo, na segurança dele pela nossa própria. Algo que parece tão antigo e tão antiquado para alguns se mostra tão verdadeiro: o dito bíblico: amar o próximo como a nós mesmos. Amar, cuidar, proteger. Da saúde dele, depende a nossa, depende o fim de toda essa pandemia, ou mais próximo que poderemos chegar desse fim.

Se cuide. Viva, mas se cuide. Por você, por mim, pelo mundo. Cuide do mundo, cuide do ambiente a seu redor, para que novas pandemias não venham a acontecer.

Que Deus proteja a todos nós.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Releituras, inspirações e afins

 Há algum tempo recebi em uma postagem um comentário que me acusava de plágio. Não respondi, o deixei arquivado e pensando se realmente há anos atrás eu havia plagiado alguma coisa. 

Sinceramente não sei responder. Talvez eu possa ter lido algo e me inspirado a escrever, talvez lido algo e gostado a ponto de começar a escrever em cima da ideia. Mas então a vida seria um tremendo plágio, e consequentemente praticamente tudo que eu escrevi aqui o seja. Sempre estamos nos inspirando em algo, aprendendo algo, vivendo em cima dos aprendizados e experiências.

Pensei em excluir tal publicação e reescrevê-la, pois, com certeza, anos depois qualquer coisa que eu escrever será diferente daquilo que eu escrevi ali. Talvez a edite ali mesmo e republique, ainda estou decidindo.

O que quero hoje é apenas fazer um pedido ao leitor: se identificar algo que pareça que já leu em outro lugar, algo com data anterior a minha publicação, e eu não coloquei a referência, me avise. Posso olhar, reescrever se for o caso, ou simplesmente dar os créditos a quem publicou antes e eu indevidamente não citei. Apesar de não ser do meu feitio, textos de cinco, seis ou mais anos atrás podem ser "releituras do que li", e se não o fiz, devo dar o crédito a quem o merece.

Agradeço os alertas recebidos e que receberei.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Mensagens obsoletas

 Quantas foram as mensagens que se tornaram obsoletas? Quantas vezes imaginamos escrever, falar, contar determinada coisa e nunca sai do pensamento? Quantas vezes passamos longos minutos escrevendo mentalmente algo, que no fim não é transmitido a ninguém, nem mesmo a nós mesmos e acabamos por esquecer.

Este é um texto dedicado a estas mensagens, cartas, bilhetes e afins que nunca saíram da vontade de serem produzidos. Pode ser que tenham inúmeras partes ou morra neste aqui. Tudo vai depender de quantas ideias decidirão aparecer, quanto pseudos destinatários se apresentarão, quanto do que não disse a mim mesmo precisar "extrapolar" os limites da mente. Que comece a obsolescência. 


terça-feira, 14 de setembro de 2021

Não há segredo nenhum

 Uma música para pensar um pouco, refletir e sentir... Nos faz tanta falta isso... Acho que com tanta coisa que acontece em nosso dia a dia, esquecemos do principal: sentir. Já não sentimos nada, não temos "tempo" para sentir e quando demos conta, há tanto "sentir" dentro de nós que não suportamos... Acabamos por "explodir", e tudo vai se refletindo em nosso corpo, nossa saúde física e mental.

Escondemos o "sentir", pois o "sentir" ainda é questionável e condenável. "Sentir" ainda é visto como fraqueza, em um mundo que quer ser tão insensível. Mas a mudança desse errôneo pensamento começa com cada um de nós, cada um fazendo sua parte, e mostrando que não há problema, não há franqueza em assumir o que é de sua natureza: somos seres humanos, pensamos, sentimos, vivemos. Aproveite a música.


Apaga a dor, já passou

Abre a janela feliz

Olha que o vento soprou

Bem mais cor do que você quis

Canta o que nunca cantou

Foi teu irmão que pediu

Tudo o que sempre sonhou

Tava perto e você não viu

A vida é bola de gás

Segura a corda com a mão

Tudo o que o vento não traz

Ta guardado em seu coração

A estrada sempre tem luz

O amor tem sempre razão

Quando a alegria conduz

Não importa qual direção

Lembra da flauta que ouviu

Vai te ensinar a dançar

Pensa que quem já partiu

Tá voando e vai te encontrar

Todo o milagre é comum

Todo poder é fugaz

Não há segredo nenhum

E o teu sonho, a mão do amor traz


Composição Oswaldo Montenegro


sábado, 10 de julho de 2021

Ouse tudo!! - Antônio Abujamra (Autora: Lou Andreas-Salomé)

 



Ouse, ouse... ouse tudo!!

Não tenha necessidade de nada!

Não tente adequar sua vida a modelos,

nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.

Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.

Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!

Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.

Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso:

algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!


Lou Andreas-Salomé

terça-feira, 29 de junho de 2021

Intervalos

 Tenho tornado o intervalo entre os textos bem inconstante. 

Infelizmente nao tenho o tempo que um dia eu tive para escrever... Tampouco tenho tido a inspiração necessária para isso... O mundo, os acontecimentos em geral, tem prejudicado muito minha inspiração. O cansaço também.

Estou cansado de notícias. Estou cansado de ver notícias, de ler notícias, de ler opiniões, de ver opiniões. O grande mal da internet, redes sociais e afins é isso: todo mundo virou conhecedor de tudo. Então você é bombardeado de informações e desinformações, chegando ao ponto de não sabermos mais o que é verdade, o que é mentira, o que é fato ou simples opinião de alguém. Porque hoje, todos tem opinião sobre tudo.

Um dia desses quis fazer um bolo de coco e procurei uma receita para não errar as quantidades. Passando rapidamente os comentários para verificar se alguém aprovou me deparo com um comentário assim: 'Argh! Horrível! Odeio coco!'. Perguntei-me o que fazia alguém que odeia coco em uma receita de bolo de coco. Foi apenas um exemplo de algo que tenho visto muito: pessoas que entram apenas para dizer que não gostam, ou que sempre estão em determinado canal de youtube e afins apenas para "pôr o polegar para baixo". Ninguém obriga a ver, porque entrar para marcar que não gostou? Creio ser pela simples necessidade de se fazer notar.

Talvez esse seja o real motivo disso tudo: se fazer notar. Pessoas opinam sem ter profundo conhecimento do assunto, outras constantemente colocam fotos de lugares onde estão ou fotos suas, sempre "sorridentes e felizes". É preciso se mostrar bem, é preciso tentar parecer bem, talvez para convencer a si mesmo que tudo está bem. É preciso opinar, é preciso se manifestar para convencer a si mesmo e a quem se interessar de que não é um alienado... Ou acabar dando provas que é mais alienado que todos pensavam.

Enfim, hoje escrevi apenas para romper esse período sem nada. Procurarei alguns minutos por semana para escrever. 

Gratidão.



sábado, 29 de maio de 2021

Estatísticas

Entrei para escrever algo, mas me perdi um pouco olhando as estatísticas de algumas publicações. Percebi que algumas têm muito pouco acesso e outras um número até considerável.

Nunca escrevi atrás de números. Tampouco tive por objetivo ter muitos leitores, assim como em qualquer rede social, não almejo muitos seguidores. Não critico (mais) quem gosta disso, apenas não me identifico com essa necessidade.

Escrevo o que me vem, o que penso e às vezes acontece de agradar alguém. E não nego, me sinto bem quando o que escrevo chega até alguém e agrada, ajuda, faz pensar. Isso dá um novo ar para meus textos, uma nova utilidade para eles, mesmo que não imaginado inicialmente.


Não sei o que faz ou não você entrar aqui, mesmo que esporadicamente, e ler algo. Contudo, gostaria muito de saber, afinal o que escrevo é para mim, mas também para você que lê. Deixe seu comentário, seu pedido, sua opinião. Vamos fazer desse um espaço de ideias compartilhadas, não apenas minhas, mas de todos os talvez 4 a 6 leitores habituais.

Gratidão por passar por aqui.

sábado, 22 de maio de 2021

Como é por dentro outra pessoa – Fernando Pessoa


O que somos, quem somos? Tantas vezes julgamos os atos de outrem, sem fazer ideia do que se passa com ela. Julgamos pela nossa perspectiva, nosso entendimento, e tantas vezes mencionamos: "Ah! Se fosse eu faria diferente." Mas, diferimos e por mais que suponhamos nunca saberemos como é estar no lugar do outro. Convivemos, como diz o poeta, em um desentendimento fluido, com igualdades e diferenças. Mas nunca saberemos como é ser o outro. E isso é bom... Enlouquecedor seria saber, quando, na verdade, passamos toda uma vida para saber como ser nós mesmos.

Trago um texto de Fernando Pessoa, na belíssima declamação do saudoso Antônio Abujamra.

sábado, 8 de maio de 2021

Fresta na casca

 Quereria contar tudo. Há tanto que ainda não mencionei. 

Mas tenho medo. Tive medo. Assim como você também o tem. O receio de se mostrar ao mundo, de demostrar alguma fraqueza. Somos criados para parecer fortes diante do mundo e com isso vamos criando uma carapaça dura e intransponível. E de tanto tentar segurar essa carapaça externa, vamos ficando fracos por dentro, sem forças para prosseguir. Nesse ponto, os caminhos são diversos: alguns buscam ajuda profissional, terapia, remédios e afins. Outros começam a derrubar a carapaça e mostrar ao mundo o que são, abandonando (ou não) o medo de represálias e julgamentos. Outros ainda se "encolhem" tanto que assumem a "personalidade externa" ignorando quem são de fato. Por último, há quem não aguente e adoeça irreversivelmente.

O mundo nos empurra a ficarmos dentro desta casca que criamos, nos incentiva a mantê-la, por mais sufocante que seja. Por vezes, e por uma benção divina, conseguimos uma "válvula de escape", alguém que encontra gradualmente uma fresta em nossa casca, e descobre quem realmente somos, como realmente somos. 

Isso é bom, muito bom mesmo. Alivia a pressão, alivia a tensão, nos faz relaxar nos deixa bem. Porém, a princípio, também dá um certo medo. Medo do exagero, medo de até onde permitir-se conhecer, o quanto e quando permitir que entrem em nosso "infinito particular", como sabiamente diz Marisa Monte em uma música. Por isso, ainda tenho muito a contar, assim como creio que também tenhas. Tanto que pouquíssimos sabem, ou mesmo ninguém sabe, talvez nem nós mesmos. 

É preciso coragem para seguir, para viver e não apenas estar vivo. É preciso coragem para sermos nós mesmos. Coragem não é a ausência total de medo, isso é imprudência. Coragem é não se deixar deter pelo medo, e mesmo com ele seguir, tentar, acertar, errar e continuar.

Sou grato por estar aqui, sou grato por você que lê e agora me conhece um pouco mais, através dessa "fresta em minha casca" que se chama escrever.

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Carta 07

 "Cartas" é quase uma série atemporal e multi temática. Se me lembro as primeiras tinham um tema de despedida, seja de pessoas, de tempos ou situações. Mantenho o número apenas para referência do título mesmo.

Hoje é uma carta desse tipo mesmo: atemporal e multi temática. O destinatário? Qualquer um que se identifique, até eu mesmo, sem foco ou objetivo. Ou com todo foco e objetivo, depende de quem leia.

sábado, 24 de abril de 2021

Saudade

 Hoje abri essa página e olhei tantos textos inacabados e não publicados. Abri alguns e percebi que tiveram seu tempo, e hoje já não quero ou devo continuá-los por não ter sentido ou simplesmente por me sentir incapaz de fazê-lo.

Hoje acordei com saudade. Mas não aquela saudade nostálgica de outros tempos, de situações vividas ou pessoas que há muito não vejo. Apenas uma "saudade do não".

Saudade de momentos que não vivi, de situações que não passei, saudade daquilo que não conheço nem mesmo para sentir falta, desejo ou saudade. 

Saudade dos apertos de mão e abraços que não dei, sorrisos que não vi, dos olhares que não troquei, das palavras que não ouvi ou não falei, dos cheiros que não senti, do calor (ou frio) que não senti, dos risos que não dei e também dos que não ouvi, das lágrimas que não derramei e também das que não enxuguei, das sensações que não senti ou fiz sentir, da chuva que não me molhou e das vezes que o sol não me aqueceu, das palavras que não disse e tantas outras que não ouvi... Dos textos que não escrevi e tantos que não li. Das músicas que não ouvi...

O que fazer com tanta saudade do desconhecido? O que fazer quando parece que se sente falta de tudo o que é desconhecido e tão pontualmente daquilo que se conhece?

Certa vez uma amiga me disse que eu era uma "alma velha". Talvez ela tenha razão e eu tenha saudade de tempos que não vivi... Ou, segundo ela, vivi e estão em meu subconsciente. Será? 

Seja como for, dessa vez esse texto se completou, mesmo que com ideias em aberto...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Como nascem as doenças

 O texto que trago hoje me foi repassado e desconheço seu autor real. Mas creio ser uma ótima forma de reflexão, sobre o que passamos e transmitimos. Pequenos "traumas" que nos foram passados e que acabamos passando a frente, por ignorar o que é certo ou por puro "pré-conceito" que temos, dogmático e não raciocinado.